domingo, 30 de novembro de 2014

milher, sinto-me uma gaja!

Eu comecei a sentir que estava a mudar drasticamente no momento em que meti na cabeça que queria comprar um vestido - e quero, mas ainda não encontrei nenhum que me fizesse sentir a rainha da noite. Depois disso, as coisas continuaram a piorar e começo a ter a sensação de que vendi a alma ao diabo a preço de saldos; como se não me bastasse a história do vestido, apaixonei-me por umas botas daquelas que parece que uma gaja já leva um degrau de casa e ainda me convenci de que quero fazer unhas de gel.

Das duas uma: quando o cenário estiver todo montado, ou me sinto a maió gata ou a belle dominique. Não sei porquê, mas aposto na última.

carta a quem nada digo

Vivia na ilusão de que o mais difícil era passar semanas sem notícias tuas, mas esta é só a prova mais pura da minha inocência - o mais difícil é, de longe, saber de ti todos os dias. Especialmente agora, num desses momentos em que a vida te pregou uma partida e estás a sofrer, talvez mais do que nunca. E eu lamento tanto, mas tanto, não poder estar ao pé de ti, que tenho feito os possíveis para manter a minha presença certa, ainda que silenciosa e anónima, na tua vida, de forma a ir ajudando sem que nunca chegues a saber que era eu que estava por trás do que te tem chegado a casa, como um pequeno mimo que se dá aos que mais gostamos. Mas isto está a dar cabo de mim.

Se me pudesses ouvir agora, dir-te-ia que não ligasses a quem te diz que tens de seguir em frente. Tens, mas também tens todo o direito de fazer o teu luto como bem te apetecer, até estares preparado para voltar ao mundo dos vivos. Precisas de te dar a esse luxo até aprenderes a viver com essa dor miudínha que nunca mais te vai abandonar e vai aproveitar para se instalar sempre que estiveres distraído - é por isso que precisas desta pausa e não deixes que te proíbam de a fazer. Mas tu não podes nem queres ouvir-me, e estás no teu direito.

Não sou um número no teu telemóvel a juntar-se às chamadas que não atendeste nem às mensagens que não leste - como disse, mantive-me quieta, silenciosa, distante, apesar de me estar a magoar saber de ti a toda a hora, saber o que te aconteceu, saber como aconteceu. Saber do teu estado. Fui sofrendo contigo,e por ti, como se esta dor também me pertencesse. Como se as nossas vidas ainda se cruzassem em vez de eu estar a assistir ao desenrolar da tua vida num lugar privilegiado da plateia mas, ainda assim, num lugar que tu nunca vês.

E com isto acrescem-se as saudades e a dúvida - se eu tivesse dito que sim poderia, neste momento, estar sentada ao teu lado? Provavelmente sim, provavelmente não. Talvez isto não seja mais do que aquela velha mania, intrínseca às mulheres, de tentarem convencer-se de que tinham o poder de mudar tudo. Mas talvez eu nunca tenha podido nada, sei lá.

Sei que isto está a matar-me aos bocadinhos, meu amor, e eu sou demasiado nova para morrer por quem nem se lembra de mim. Também sei que despedidas comigo nunca funcionam porque eu acabo sempre por encontrar um qualquer motivo para voltar atrás - mas hoje estou particularmente cansada de me manter nesta posição ingrata enquanto, provavelmente, outras estarão na ribalta ao teu lado, mais indiferentes, menos apaixonadas. Menos entregues a ti e ao teu mundo mas, mesmo assim, mais perto. E eu que demorei meses para entender a dimensão do que sentia, fico aqui, condenada a não te ser mais nada do que a memória distante de algo que podia ter resultado mas eu fiz com que se perdesse. Mas já é tarde para o lamentar e mais tarde ainda para esperar ainda te fazer falta - por mais que me custe admiti-lo, estás melhor sem mim. E hoje não me apetece ser triste. Amanhã talvez eu volte a investir em mais uma tentativa falhada como um barco que, levado pela maré, continua a embater nas rochas até se destruir de vez, mas hoje eu quero parar e quero aprender a ser feliz longe de ti. Hoje não.

orgasmos cerebrais múltiplos

Na semana passada, deparei-me com uma feira no centro de coimbra que, entre outras coisas, estava cheia de livros - uns novos, outros quase novos, outros a apodrecer de tão velhos. Por mania, estes últimos são, de longe, os meus preferidos, e então saí de lá com a queda de um anjo, do camilo castelo branco, e o l'etranger, do camus, feliz da minha vida.

Aquilo de que eu só me dei conta ontem foi que o l'etranger, em francês, está cheio de frases sublinhadas e notas escritas na margem... em inglês. E isto pode parecer só mais um dos meus vícios estranhos mas eu juro que há poucas coisas de que eu goste mais do que encontrar frases sublinhadas em livros que compro ou requisito; pois então que isto é amor do mais puro. Depois de tudo o que aconteceu nos últimos dias, este é o expoente máximo da minha felicidade.

sábado, 29 de novembro de 2014

deu para rir

Com o tempo que demoras a responder, às vezes nem sei se mandei mensagem ou uma carta.

Parece que ando mesmo a leste de tudo, shame on me.

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

e fodem tudo

Sempre disse que os ciúmes sabem mais do que a verdade.

Gabriel García Márquez,
memória das minhas putas tristes

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

muito isto

Descobri que a minha obsessão de que cada coisa estivesse no seu lugar, cada assunto no seu tempo, cada palavra no seu estilo, não era o prémio merecido de uma mente ordenada mas, pelo contrário, um sistema completo de simulação inventado por mim para ocultar a desordem da minha natureza.

Gabriel García Márquez,
memória das minhas putas tristes 

começar melhor o dia

Estava no café, de manhã, quando ouvi aquela notícia do homem que matou a mulher e a levou de carro até à roménia. Nisto, um homenzito que estava ao balcão comenta:

- se calhar nunca tinha ido de férias com ela em vida...

Ri-me mais do que me orgulharia de admitir - é assim mesmo! É de humores destes que eu gosto.

terça-feira, 25 de novembro de 2014

do que vocês não sabem

A querida da R*, inocente que só ela, quis poluir o blog com as minhas palavras e entrevistou-me. Pronto, achei que deviam saber.

(e obrigada, mais uma vez!)

outras teorias

meio nonsense

Esta pode parecer uma observação absurda, digna de quem não tem mais nada que fazer da vida, mas sempre me surpreendeu a quantidade de pombas que se passeiam pela estação de coimbra com defeitos nas patas, umas com "dedos" (é correto dizer-se que elas têm dedos?) a menos, outras com uma pata que deve ter ficado algures na segunda guerra mundial. Quer dizer, como é que, podendo voar, elas se deixavam magoar àquele ponto?

Entretanto apercebi-me de que nós, humanos mais ou menos humanos de vez em quando, sofremos exatamente do mesmo mal - mesmo quando temos um milhão de maneiras diferentes de fugir, deixamos que nos firam de morte, que nos deixem marcas para toda a vida, só por orgulho. Só por teimosia. Só para um dia podermos dizer - eu estive lá e fui até ao fim. Tentei até um filho da puta me ter rebentado os colhões

E estamos todos felizes porque fomos estúpidos mas agora temos marcas de guerra, porque fomos ao tapete e acreditámos que aquela merda era como nos filmes e se ia meter a voar, mas nunca desanimámos e voltamos a atirar-nos ao chão quantas vezes forem precisas. Tipo pombas. Mas elas  acho que só se metem nestas pela adrenalina - façam-se pernas de pau e deixemos a vida correr.

gajos

Estava uma lontra a passear o fat ass pelo melhor sítio do mundo quando recebe uma mensagem de uma das novas chagas - a típica conversa da treta, do blá blá blá tudo bem? o que fazes?, e eu com pouca paciência para falar fosse com quem fosse quando ele se sai com um a minha vida está uma merda. Perguntei-lhe porquê. Começa a dizer que não me quer chatear - insisto, mas ele continua com as mesmas merdas.
Amigo, se não me querias incomodar, pura e simplesmente não mandavas mensagem. Agora que já chateaste, podes sempre ir até ao fim. E foi assim que ele se passou comigo e eu com ele mas, gráçádeu, ao menos chateado ele fica calado. 

(isto é da mesma edição do o que tu queres sei eu mas daqui vais mal servido.)

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

cutest hoodie ever

Comprei uma camisola fofinha e quentinha com o brasão de hogwarts e estou mais apaixonada por ela do que por qualquer outra das compras que fiz. É tão linda e tão eu, geez.

outras dúvidas pertinentes

Então o ébola cura-se a cantar?

no me gusta

Não gosto do natal. Gosto do espírito que o antecede, das montras enfeitadas, dos putos a tirar fotos com o pai natal, das tardes frias em que desço a rua com o bando atrás e já há luzinhas em todo o lado, das músicas dos centros comerciais apinhados de gente à procura da melhor prenda para os que lhe são queridos, da expectativa do amigo secreto e dos presentes que lá mais para a frente hão de ser trocados às cegas, numa altura em que todos estamos mais unidos do que nunca porque, por mais que não gostemos uns dos outros no resto do ano, é natal. E eu não gosto do natal porque, na noite propriamente dita, lembro-me de que já não sou uma miúda ansiosa pela meia noite, de que já não espero o melhor brinquedo, de que já não vamos estar todos à volta da mesa para o celebrar - uns por obra do acaso, outros pelas artimanhas da vida, mas já nos despedaçámos um bocadinho, já não somos completos, e por mais que ame de morte os que me sobram já não me basta para ainda me conseguir sentir de coração aconchegado. E é por isto que não gosto do natal.

questões de uma vida

Porque é que adormecemos sempre de boca aberta nos comboios? E, sobretudo, porque é que é sempre nessas sestas curtas que temos de sonhar com criaturas que não interessam nem ao menino jesus?

domingo, 23 de novembro de 2014

i'mma burn in hell

Houve uma altura, em tempos remotos, em que eu usava muito o whatsapp, mas depois deixei de lá ir e até me esqueci de que lá tinha uma foto minha - até hoje. Saído não sei muito bem de que filme de terror, um dos meus contactos reparou que eu usava a aplicação e decidiu iniciar conversa, ignorando o facto de eu só receber as notificações por acidente quando ligo a net por qualquer motivo.

E então ele disse que gostava da minha foto onde, só por acaso, eu tenho um dos olhos direito e o outro está assim a modes que virado para dentro - apenas um dos meus muitos talentos. Depois ele decidiu enviar-me uma foto dele onde, durante uns escassos minutos, eu pensei que ele estivesse a imitar a minha proeza. Entretanto lembrei-me de que não está a gozar; ele é mesmo estrábico.

tão fofinhos, tão lindinhos

Sempre que vejo imagens destas, sinto uma vontade louca de me tornar vegetariana. Depois lembro-me do quanto gosto de carne e não, não é para mim.

sábado, 22 de novembro de 2014

notícias da cinderela

Tenho um milhão de histórias para contar e um texto bonitinho alinhado na cabeça, mas não me restam forças para escrever - tem sido assim quase todos os dias, entendem o drama? Mas eu estou a tentar não matar o cinderela. Juro que estou.

sobre mim

ela passa a vida a espancar-me. já sabia que o amor doía mas não pensei que fosse tanto! ela ainda não percebeu que aquilo do «quanto mais me bates, mais eu gosto de ti» é a sério.

Não dá para não me rir.

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

bons motivos para não vos escrever

É este o meu estado neste momento:


E ainda tenho um milhão de coisas para fazer. 

ser eu

No tempo em que o tempo era coisa que não me faltava, entrava na biblioteca e passava meia hora a passear-me entre as estantes sem conseguir encontrar nada que me deixasse a ter orgasmos cerebrais múltiplos - mas hoje tinha prometido a mim mesma que me ia comportar e que me ia limitar a renovar a requisição das intermitências da morte porque não tenho vida para devorar não sei quantos livros em quinze dias. Pois sim. 

Para onde quer que eu olhasse, tinha aquela sensação de oh-meu-deus-eu-preciso-de-ler-isto, e acabei por voltar para casa com, não um, mas quatro livros. Para variar.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

na corrida pela melhor pneumonia

Fiquei chateada - nem a legionela quis nada comigo. Quanto às pessoas eu já me habituei, mas não contava com esta reação - tratam-me como se eu fosse um vírus qualquer e ainda não foi desta que me levaram para a cama. Claro que uma pessoa se chateia!

Por pura inveja, quis tratar de arranjar uma pneumonia por conta própria - vai de apanhar uma molha até aos ossos, vai de entrar num comboio quentinho quentinho, vai de sair para este gelo outra vez. E então entra-se no carro e mete-se a sofagem no máximo, quentinha quentinha, para depois voltar para a rua.

Ah pá, estou ou não estou no bom caminho?

se calhar é disto

There's still a little bit of your taste in my mouth

There's still a little bit of you laced with my doubt

It's still a little hard to say what's going on


There's still a little bit of your ghost your witness

There's still a little bit of your face I haven't kissed

You step a little closer each day

Still I can't see what's going on

terça-feira, 18 de novembro de 2014

só por ser chato

Volto a dizer - não sei como é que algum dia a vida de solteira me pode ter parecido má. Há sempre quem esteja disposto a pagar cafés, almoços, lanches - e que, na pura da loucura, cometa o erro de se meter a dar-me comida na boca.

Eu sou uma lontra, gente. Ficou sem metade do folhado que foi um instante.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

crónicas do mau feitio

Não liguem a quem vos diz que se vos derem uma lambada vocês devem oferecer a o outro lado da face para darem também - isso é teoria de gente conas. Se vos derem uma lambada, não olhem a meios: dêem com uma cadeira na cabeça do filho da puta.

No final do dia, talvez tenham menos amigos mas de certeza que estarão mais felizes.

sábado, 15 de novembro de 2014

a cinderela fora daqui

O bando no café quando começa a passar um videoclip da beyoncé e começamos a comentar que ela tem um vozeirão que mete raiva, daquela raiva causada pela inveja desmedida, e eu lembro-me de dizer:

- é engraçado porque dizem que ela pessoalmente é super tímida e fofinha e tudo e tudo. depois chega ao palco e solta-se.

Instala-se o silêncio até que alguém interrompe.

- se tu já és assim aqui, tenho medo de te imaginar a soltares-te em cima de um palco como ela.

Não compreendo tais afirmações. Logo eu que sou tão calminha.

let the game begin

Estão a passar por um período de insanidade temporária e querem deixar duas velhas traumatizadas? Eu descobri uma boa maneira de o fazer. O primeiro fator a ter em consideração é o vosso sexo - convém que sejam gajas porque, se assim não for, elas vão só achar estranho. Depois, só precisam de ir com o vosso bando todo atrás e, quando estiverem perto delas, comentar no tom mais sério e sentido que conseguirem nunca vos contei isto mas... eu tenho lepra. já me caiu a pila e tudo. e observar os resultados.

Isto não faz sentido nenhum mas as caras delas vão ficar para sempre na minha memória. Acho que agradeço a deus todos os dias por ser completamente louca.

depois ando aqui eu

Eu gosto muito de gajos, que gosto, mas tenho uma lesbian crush por esta gaja que valha-me nossa senhora. Ela é tão bonitinha e tão cheia de talento, credo.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

not a big deal

Sempre gostava de entender qual é o problema de olhar para o lado. Tenho a certeza de que também olharia, se fosse um gajo - afinal, nós também olhamos para as mamas umas das outras. Não me fodam pá.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

diz que cresci mais numa semana do que em 9 anos

Todos temos uma história para contar - e, de vez em quando, a nossa parece pequenina De vez em quando, a nossa é apenas uma gota no meio de um oceano de mágoas que não nos pertencem; pode parecer deprimente tentar juntá-las, mas não é. Na realidade, faz-nos crescer. O truque é saber que elas estão lá mas não jogar ao típico jogo português do eu sou mais infeliz do que tu.

Já todos passámos um mau bocado, já todos temos uma história para contar - mas não a contamos. Não estamos a competir pelo pódio da infelicidade. O que nós queremos agora é ser felizes.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

é isso

Enervam-me as pessoas que fazem de conta que gostam de toda a gente - depois aparece alguém do contra, tipo eu, que não tem medo de dizer o que acha e fica tudo a olhar com ar de quem contempla um monumento e ai jesus que esta miúda não tem papas na língua. Pois não, meus amigos, pois não. Não vim ao mundo para ficar escondida na sombra a sorrir e a acenar.

Depois vem o outro dizer-me que sou louca - também é verdade, mas antes louca do que chata como ele. Quando dei por mim, já o tinha dito em voz alta e é por isto que eu não tenho amigos.

sinto-me realizada

Não sei ao certo porquê mas, contrariamente a outras alturas frias em que eu como este mundo e o outro para garantir que mantenho a minha espessa camada de gordura de forma a poder andar de bikini na antártida, perdi a fome. Mais do que perder a fome, perdi a vontade de comer - e isto é tão estranho que já me sinto menos grávida e tudo. Agora pareço estar só no oitavo mês de gestação de trigémeos. 

ups

Há uma tendência geral para criticar as gajas que empinam o cu e as mamas para as fotos, mas nunca vi ninguém a queixar-se dos gajos que deixam a real pila a implorar por um bocado de ar em evidência. 

Vi uma foto de um gajo com um amontoado na zona da genitália capaz de cegar alguém e fiquei a rezar baixinho para que aquilo fosse apenas um molho de chaves de, sei lá, umas trinta e duas casas diferentes. Em caso contrário, é caso para dizer... rip vagina.

domingo, 9 de novembro de 2014

assim num bais lá

Sou de extremos - não há cá quases para ninguém, o típico nem fode nem sai de cima não me serve. Portanto, isto funciona assim: ou tendo para cabrões que acabam por voar porque uma pessoa não tem vontade de ser só a presidente do fan club, ou para conas que acabam por voar porque nunca saber qual de nós vai ter o período me põe louca.

Mas agora descobri outros extremos - vou daquele ponto em que ninguém me liga nenhuma àquele em que me chego a sentir a sufocar com tantas mensagens e coisinhas e elogios e o diabo a quatro, em apenas um par de horas. Começo a sentir-me um pronto socorro para desesperados.

crises de identidade

A minha mãe passa a vida a dizer que quando deus faz uma panela, faz sempre um testo para ela.
Foi assim que eu percebi que sou uma frigideira. Daquelas com o fundo roto e já sem salvação.

sábado, 8 de novembro de 2014

as coisas que eu não vos conto

Não é que eu me esteja a queixar da minha vida ou assim porque, posso jurar, lá chata é que ela não é - mas eu sou o tipo de criatura a quem acontece tudo e mais alguma coisa. Acontece o que pode acontecer e o que não pode também; com isto tudo só agora é que me dei conta de que tinha escrito aqui a minha teoria sobre nunca se saber realmente qual e quando é a nossa última oportunidade a menos de 24h de ter motivos de sobra para pensar assim. 

Se não me desenrascar com uma carreira de stripper, transformo-me na próxima mambo-fêmea.

sintonias

As religiões, todas elas, por mais voltas que lhes dermos, não têm outra justificação para existir que não seja a morte, precisam dela como do pão para a boca. (...) Tem razão, senhor filósofo, é para isso mesmo que nós existimos, para que as pessoas levem toda a vida com o medo pendurado ao pescoço e, chegada a sua hora, acolham a morte como uma libertação, O paraíso, Paraíso ou inferno, ou coisa nenhuma, o que se passe depois da morte importa-nos muito menos que o que geralmente se crê, a religião, senhor filósofo, é um assunto da terra e não tem nada a ver com o céu, Não foi o que nos habituaram a ouvir, Algo teríamos de dizer para tornar atrativa a mercadoria (...)

José Saramago,
as intermitências da morte 

(isto é só para dizer que, tal como ali o amigo saramago, eu também acho que as religiões servem para pouco mais do que impedir as pessoas de viver como querem. ou, citando-o, para as fazer viver com o medo pendurado ao pescoço. é só.)

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

não me morras, cinderela!

Vontade de escrever não me falta, mas falta-me assunto. E paciência? E tempo? Estou cansada pra caralho. Ah pá. Gosto muito de vocês na mesma, mesmo durante mais uma das minhas crises. Enfim.

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

relaxa que tudo se encaixa

Ouçam o que eu vos digo, ou leiam o que eu vos escrevo: não vale a pena stressar. As coisas acabam por ser sempre o oposto do que se espera e nem sempre isso é mau - ah, mas está tudo a ir para direita? Então o mundo guina e vocês caem para a esquerda. Em queda livre.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

primeira lei de ernesto-murphy, com as devidas alterações

Tudo o que puder acontecer, acontece. E se não puder acontecer, acontece na mesma só por causa das tosses; pelo menos comigo. Juro-vos, o mundo é um sítio estranho e a minha vida é um lugar assustador; eu até vos contava, mas vocês não têm nada a ver com isso e não me apetece contar a minha história a partir dos primórdios da minha existência.

Só é importante salientar que hoje vivi um desses momentos em que nos sugam o ar todo dos pulmões em três nanossegundos e depois, quando damos por nós, estamos a viver uma espécie de realidade alternativa que não faz sentido nenhum. Por outras palavras, aconteceu a última coisa que eu algum dia poderia prever - mas está tudo bem, é na boa. 

Agitou as águas e é o que se quer. 

é noite de arraial lá em cima

O são pedro ligou as psicadélicas e está a fazer os testes de som. Ahhh, vidinha boa.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

cinderela aconselha

No seguimento do post anterior, tenho a dizer aos gajos que por aqui andam que nunca é seguro revelarem por completo a uma gaja o que é que vos deixa loucos por ela - eventualmente, ela vai mesmo enlouquecer-vos. Just for fun.

podia fazer uma lista de acasos que mudaram tudo

Cheguei à brilhante conclusão de que não vale a pena chatear-me muito com a ideia de que perdi a minha última oportunidade; nunca se sabe. A vida troca-nos as voltas e o acaso é um gajo mal fodido que, de vez em quando, gosta de nos tramar - eu que o diga.

Vocês acham que perderam alguém para sempre e, de repente, ela está à vossa frente na fila da caixa do supermercado (Guia para gajos: ficam a olhar-lhe para o cu e a perguntar-se como que raio não perseguiram até ao quinto dos infernos a dona daquela peida divina, mas entretanto ela vira-se e vocês sorriem-lhe, começam a patinar e falam demasiado, elogiam-lhe os lindos olhos, ah, as saudades que sentiram delas, perdão, deles, enquanto passam por envergonhados ao baixar um bocadinho, só um bocadinho, o olhar; perfeito. Continuam a parecer rijinhas e boas, mas se calhar é um bocado mau apalparem em público assim à papo seco, tantos anos depois, só para confirmar se o material continua em condições; voltem a falar dos olhos ou do sorriso, e muita calma nessa hora. Tudo se arranja, também chegará o tempo das mamas.). 

Voltando à parte séria da questão, é certo que ter-se dado a coincidência de irem comprar pão e papel higiénico ao mesmo sítio e à mesma hora não é, de todo, sinónimo de que vão casar e ter oito filhos ou coisa que o valha. Não significa sequer que conseguirão ir além da conversa da treta do então, como tens andado? Tenho andado com as pernas, paspalho, mas isso já é a gosto. O que estou a tentar dizer-vos é que só podem concluir quais foram as vossas últimas oportunidades quanto a este ou aquele assunto uns trinta segundos antes de darem o peido mestre; até lá, o tempo está a contar e, repito, nunca se sabe o que pode acontecer.

ri-me demasiado

Voltando aos pandas. A única razão por que são raros deve-se à relutância em reproduzir-se. Não gostam de fornicar. São finos. Para mais, com aqueles olhos e aquele pêlo fofinho, deve ser muito bom fazer amor com um panda. Mas fazem-se esquisitos. Se calhar são vaidosos. Ou então sentem-se gordos. Se calhar, reproduziam-se mais se as pessoas lhes fornecessem t-shirts para esconder a barriga. Como é que engordam tanto se só comem raminhos de bambu? De qualquer maneira, é gorduchos que ficam bem.

Miguel Esteves Cardoso,
a vida inteira

é

Isto sim é uma mulher - que não sabe o que faz, mas não deixa de fazê-lo só por causa disso.
É preciso desprezar muito a vida para desperdiçá-la sem ser por prazer. Mas é assim que merece ser tratada.
Miguel Esteves Cardoso,
a vida inteira

dá vontade de transcrever tudo

As mulheres não podem sentir-se culpadas. Não aguentam. Acabam sempre por culpar-nos da culpa delas. Sabe-se lá porquê. A culpa é um grande conforto, sobretudo quando se envelhece. Dá uma sensação de autoria. Cria a ilusão de algum poder sobre a vida: «ai, se eu não tivesse... tudo seria hoje diferente...».

Miguel Esteves Cardoso,
a vida inteira 

(de alguma forma, eu tenho o dom de escolher para ler um livro que descreva a minha situação no momento. deve ser uma maneira de suicídio lento.)

domingo, 2 de novembro de 2014

só isto

Sobre o fator x tenho duas declarações a fazer:

em primeiro lugar, não entendo quem é que mete um puto de 12 anos a ocupar o lugar de alguém que já não vá mudar de voz daqui a um ou dois anos, além de que o puto, por muito fofo que seja, desafina por todos os lados;

em segundo lugar, tenho uma lesbian crush por aquela isabela, jesus credo, salvem-me a moça que eu quero pedi-la em casamento em direto.

gajos

Demora mais de uma hora para responder à mensagem e é na paz - depois eu estou ocupada, nem olho para o telemóvel e quando dou por ela já tenho três mensagens da criatura, carregadas de impaciência, a perguntar porque é que não respondo. 

essa última oportunidade

O passado é um particípio. Um recurso. Uma espécie de cobardia. Mesmo que só se tenha um dia para viver. Um dia para uma alma, é uma vida. A última oportunidade é sempre a melhor - até do nosso ponto de vista.

Miguel Esteves Cardoso,
a vida inteira

desalmada

Que erro é lembrar. Então os bons tempos, que só fazem mal. Sabiam que a memória é apenas um recurso? Quando falha a corrente contínua da alma, arranca o gerador antigo. Mas as pessoas menos dadas à alma, mais desconfiadas do presente, estão sempre a dar à manivela.

Miguel Esteves Cardoso,
a vida inteira

cinderela aconselha

Gosto quando os bêbados dizem disparates e, logo a seguir, pedem desculpa e acrescentam «é o álcool a falar». O amor está sempre a falar por mim.

Miguel Esteves Cardoso, 
a vida inteira

Se quiserem manter alguma dignidade, nunca deixem que os dois se juntem; álcool e amor a falarem por vocês em uníssono não tem muito por onde correr bem. Olhem que quem vos avisa, vosso amigo é.

sábado, 1 de novembro de 2014

o toque divino

Escusam de estar já a comemorar esta minha curta ausência e a associá-la a todos os possíveis desastres de uma saída à noite porque está tudo benzinho graças a deus - não quinei. Mas vi a luz.

Estava a dançar ou, pelo menos, a sacudir o corpo ao ritmo frenético da música, já naquela altura em que uma pessoa nem sabe se é tarde ou cedo porque, bem, assim como assim já é manhã mas ainda ninguém se deitou, e o chão parece estar a gozar connosco à força toda e cenas que tais; fechei os olhos e continuei a dançar como se amasse dubstep da raiz do coração desde o útero, quando me apercebi de algo brilhante. Muito brilhante. Fiquei chateada; tinha pago tanto para entrar e quinei antes da festa acabar. 

Depois lembrei-me de que podia ser boa ideia abrir os olhos; afinal era só o gajo que estava a filmar (ou a tirar fotos?) e a máquina tinha um círculo brilhante enorme e estava a menos de um metro da minha tromba. Pois. Perfeito.