terça-feira, 20 de novembro de 2018

not so happy days

[quantas vezes já quiseste parar de viver? não necessariamente morrer, mas parar de viver por um bocadinho - só um bocadinho - para recuperar o fôlego?

tenho pensado nisso todos os dias. no jeito que me dava se o mundo pudesse fazer uma pausa, parar de girar e deixar-me ir ali acertar com as ideias. ou então ficar só a olhar para ele, como quem estuda o mapa de uma cidade, e tentar encontrar os pontos chave para me descobrir. para perceber, finalmente, o que raio há de tão errado comigo.

eu já fui diferente: já chorei menos do que agora, já tive uma personalidade mais vincada, já soube, na ponta da língua, o que queria ser quando fosse grande. só que agora sou grande e não faço a mais pequena ideia do que caralho estou a fazer no mundo - tenho uma vida morna que me entedia e me enche de raiva. é tudo mais ou menos: não sou alta nem baixa, não sou gorda nem magra, não sou bonita nem feia, não sou inteligente nem burra, não tenho o cabelo liso nem ondulado. está tudo ali no meio, numa posição chata que me faz sentir um figurino, como se nunca tivesse realmente direito a um lugar no mundo.

gostava que fosse diferente. de fazer a diferença - e não gostávamos todos?
só que às vezes, não.

nunca te apetece mesmo parar de viver?
a mim apetece. hoje.

sinto a vida do avesso, toda a alegria feita em água que se me escapa por entre os dedos: começam a faltar-me as forças, começo as esgotar as reservas. é sempre mais ou menos assim: ou está tudo razoavelmente bem, ou está tudo muito mal. nunca há meios termos quando chega a hora de desmoronar o castelo de cartas que é a minha felicidade.

apetece-me chorar. 
chorar compulsivamente como a menina perdida que me sinto, e não como a mulher desorientada que, de facto, sou: o que queria mais, era saber porquê. entender onde erro, em que capítulo cometo o pecado final que me destrói sempre a vontade de viver. queria perceber o porquê de acabar sempre abandonada, de uma forma ou de outra. de a minha vida ser, toda ela partidas e chegadas, e nunca um porto seguro. um hotel. melhor: um prédio de habitação, onde os inquilinos se instalassem e vivessem por anos a fio. olhem - quem sabe? - até que a morte nos separasse.

era bom, e eu era mais feliz.
só que hoje não - hoje só quero chorar até amanhã.]

sábado, 17 de novembro de 2018

pequenos humanos a sair de grandes humanos

Ora bem, eu não sei quanto a vocês mas, neste momento, começo a perceber que o número de grávidas à minha volta é um tanto ou quanto suspeito, o que me leva a pensar que, das duas uma:

a) estão a ser pagas para dar um boost na taxa de natalidade;
b) é andaço, como diz a minha avó.

O caso é de tal maneira grave que quando, num dia desta semana, acordei cheia de vontade de vomitar (e, notem, sou um ser esquisito que não vomita há, pelo menos, 12 anos), não sabia se haveria de rezar um terço ou ir fazer um orçamento para ver quanto custa ter um bebé nos dias de hoje, para incluir na minha nota de suicídio.

Portanto, num universo de cinco grávidas, resolvi escolher a grávida-mor, aquela que já está mesmo prestes a explodir, para partilhar os meus anseios acerca do parto. Não, eu não sou muito popular, como poderão imaginar.

Está bem, ó cinderela, e para que queremos nós saber disso?

Não querem, mas eu preciso de desabafar porque estou em choque: a moça está prestes a expelir um ser humano pelas partes baixas, e não está nem aí para o facto de ir ficar com a punani laça e feita em frangalhos. Não: a única coisa que a preocupa é ficar internada, porque servem coelho naquela maternidade - ok, talvez isto também seja um bocadinho preocupante mas, caraças, o que é isso ao lado de ficar com as entranhas rasgadas?

Acho que tenho medo do parto desde muito antes de algum dia me ter apercebido de que, sendo fêmea e até tendo alguma vontade de ter um monstrinho de berço a chamar-me mãe, provavelmente vou passar por isso. E que passe, que é bom sinal, mas só daqui a uns anos. Assim tipo... quando me esquecer de tudo o que sei sobre o parto.

Às grávidas: boa sorte para isso! May your cria vir rápido ao mundo.
(e prometo não dizer se a tiver achado feia!)

sexta-feira, 2 de novembro de 2018

estou a ficar menina

Há umas semanas, partilhei a minha frustração por ter constatado que o óleo de coco, aquela oitava maravilha do mundo, não tinha funcionado no meu cabelo. Eu bem tentei, mas senti que tinha ficado com uma esfregona velha e escorrida em cima da cabeça.

Foi então que duas meninas me vieram falar do cronograma capilar - eu sei, eu sei: às vezes também sinto que vivo numa gruta. Apesar de já ter ouvido falar, nunca tinha realmente ido ver o que era. What a shame.

Resumidamente, e porque eu quero mesmo acreditar que não fui a última a descobrir isto, nas palavras de uma leiga em cabelos: existem quatro tipos de cronograma capilar (saudáveis, descolorados, danificados ou muito danificados), e o que muda entre eles é a ordem e frequência em que se usa cada uma das três máscaras que o constituem - hidratação, nutrição e reconstrução.

E qual dos cronogramas é que estás a fazer, Cinderela?
Ora, eu faço o CC falidos, que é um CC não-oficial criado por mim porque, de momento, não dá para estar a gastar metade do meu ordenado em produtos para o cabelo e, apesar de não ser o mais aconselhável (que não me batam as meninas que sabem de cabelos), eu continuo a comprar as coisas no supermercado. E pior: ainda espero pelas promoções para comprar as máscaras que quero.

Isto tudo para dizer que a coisa funciona mesmo: ou o cabelo está mesmo fofo ou o efeito placebo é incrível.

Posto isto, se alguém andar aí desesperado para domar a crina, sem saber o que mais lhe fazer, e no caso de eu não ter sido mesmo a última leiga a descobrir isto, olhem, tentem. Pior não fica! (digo eu, que nem percebo nada disto)