sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

como vai a vida, cinderela?

Na semana passada, fui despedida.
Antes de ter tido tempo para pensar, lembrei-me de que tinha sido contactada no dia anterior e tinha uma entrevista daí a coisa de duas horas. Saí a correr do trabalho, fui trocar de roupa, disfarçar o ar de morta-viva, e meti-me a caminho.

A entrevista nem foi má de todo, mas eu percebi que a coisa nunca poderia funcionar quando me explicaram que implicava conduzir de norte a sul - longa vida a quem faz anúncios de emprego claros e honestos, you rock! Assim como assim, tive aquela oportunidade única na vida de responder a um mas está a trabalhar? com um na verdade, fui despedida há cerca de duas horas, sempre naquela onda play it cool, super compreensiva porque sabia que despedirem-me tinha sido a decisão mais sensata, tendo em conta a situação atual da empresa. 

Só chorei quando cheguei ao carro.
Há meses que ia enviando o currículo amiúde, por estar mais ou menos ciente de que isto poderia acontecer - há meses que vou adiando a minha vida, que vou deixando para depois algo que já queria ter feito ontem, e, agora que sinto a sua concretização ainda mais distante, estou particularmente desmotivada. 

Depois disto, os dias têm sido lentos. 
Continuar a trabalhar quando se foi despedido, deve ser o mais semelhante que há, na vida adulta, a ter de continuar a ir às aulas quando já se sabe que não há nada a fazer e estamos mais do que chumbados. É uma merda, portanto.

Arrasada, desmotivada e com pouca vontade de sair da cama, esta semana também incluiu duas idas ao centro de saúde com um espaço de quatro dias entre elas: tenho este condão de ter sempre manifestações físicas quando a parte psicológica está nas ruas da amargura, e aqui estou eu com mil e um sintomas inespecíficos, embaraçosos e que me fazem sentir meio ridícula, mas que não passam por nada deste mundo porque, para isso, é preciso que eu seja capaz de me acalmar e acreditar que vai ficar tudo bem.

Hoje, ainda não é o dia.
Era suposto que esta fosse uma fase carregada de ansiedade boa, não de incertezas e de esperas intermináveis por um sim que me permita, finalmente, viver a minha vida como era suposto.

5 comentários:

A Extraterrestre disse...

Claro que vai ficar tudo bem!!!

disse...

Pode ser só impressão minha, mas acho que tu davas um bom camionista. Estou a imaginar-te ao volante de um TIR, com a mão de fora a mostrar o dedo do meio ao gajo/a que te buzinou por fazeres a rotunda toda pela faixa da direita.
Não desanimes, pá. Uma gaja desanimada, é pior que dois gajos bêbedos.
Quanto aos problemas de saúde, se calhar é melhor assim, com a parte física a enfraquecer ao mesmo tempo da parte psicológica. Ao menos escusas de perder dois dias na consulta. É o 2 em 1, como o shampoo e amaciador.
Estou a brincar. Desejo-te sempre tudo de bom, como desejo para mim. Vai chorar um bocadinho que alivia. :(

A TItica disse...

Nunca devemos desmotivar e ceder senão vamos numa espiral negativa sem conseguir parar.

Trabalhar quando já se foi despedida? Pode ser antes como se fosse o último mês de aulas antes das férias?
Chegar atrasado? Que mal faz? Já se está despedido mesmo? Tirar o positivo do negativo sempre!!!

ernesto disse...

ET - tem de ficar :\

seminovo - daria um péssimo camionista, mas já levantei o dedo do meio a um que quase veio para cima de mim porque não lhe apeteceu parar num stop. Não tenho lá muito bom feitio :)

Titica, eu tenho a síndrome da menina certinha. Despedida, sim, mas tudo feito em condições até ao fim. Nem para chegar atrasada tenho jeito ahah

Mar disse...

infelizmente o que mais se vê são anúncios que tentam camuflar determinadas condições de trabalho com bla bla blas de "oportunidade única" e "salário acima da média"... enfim, é uma perda de tempo para as empresas e para quem concorre, só eles é que não percebem isso.