A desorientada. A que nunca sabe muito bem onde está. A perdida. Aquela que vive na mesma casa há mais de 23 anos e continua a experimentar todos os botõezinhos dos interruptores até acertar na merda da luz que quer ligar/desligar. E também sou a que procura o estacionamento mais fácil nem que tenha de percorrer 20km a pé, só para chegar à conclusão de que tinha um parque à porta. Prazer.
Eis que esta adorável criatura teve uma entrevista de emprego, numa zona com um ar tão abandonado que chegou a temer ser confundida com um traficante de orgãos ou algo do género. Estou a exagerar, claro - se não encontro o meu carro num estacionamento, como que raio poderia encontrar o orgão encomendado?
Fiz o óbvio: morada no gps, e vamu lá.
Não conhecia a zona, nunca por lá tinha passado e o fazer, pela primeira vez, ao volante, não ajudou - tenho a carta há mais de 5 anos e, mesmo assim, sempre que estou fora da minha zona de conforto, continuo a sentir-me aquela tia que tirou a carta aos 63 anos para correr os bailes das velhas todos da região centro. Estão a ver o cenário.
Vejo um estacionamento: fácil, grátis e o gps indicava que estava apenas a 500m do meu destino. O que é que uma atoleimada pobre pode querer mais?
Estacionei.
Chapéu de chuva numa mão, currículo na outra - gente, se eu enviei, por que caralho tenho de o levar impresso também? Para a próxima mando por correio registado, para vos poupar ao trabalho de o imprimir - e o telemóvel a mandar-me seguir em frente. Confiei nele, porque deus nosso senhor sabe que na minha capacidade de orientação é que não se pode confiar.
Andei. Andei muito - talvez tenha sido mesmo só meio quilómetro mas estava a chover torrencialmente, os minutos continuavam a passar e eu queria chegar a horas. Até que aquele filho da puta diz "chegou ao seu destino". Say what? Cheguei onde?
Estava no meio do nada e não parava de chover. Na verdade, parecia que chovia cada vez mais e a única coisa de que me lembrei foi de ligar para a moça - que vim a perceber ser a rececionista - que me tinha ligado no dia anterior a marcar a entrevista. Disse que estava perdida, que o gps me tinha levado para outro lugar qualquer - prestável e simpática, a senhora ajudou-me.
Para ser franca, ao início não estava a perceber, talvez por não querer acreditar na minha estupidez - depois, comecei a andar.
E onde era, Cinderela?
Ahhhhhh... precisamente no sítio onde tinha deixado o carro.
1 comentário:
O GPS às vezes falha. A minha rua tem cerca de 50 metros e não tem saída. Aparecem aqui montes de camiões à procura da zona industrial que fica a cerca de 600 metros, mas pela rua/estrada principal. Para complicar mais a vida aos infelizes motoristas, as ruas são tão estreitas que não há outra forma de fazer inversão de marcha que não seja ir uma pessoa mandar parar o trânsito para eles fazerem 100 metros em marcha-atrás, até à rotunda onde deveriam ter tomado a saída antes da que dá acesso à minha rua.
Por isso, de início pensei que tivesses vindo parar à minha porta, induzida em erro pelo GPS. eheheh
Enviar um comentário