quinta-feira, 19 de julho de 2018

insólitos

Portanto, esta pessoa, esta amável criatura, saiu do trabalho danada da vida, quase uma hora mais tarde, porque há gentes neste mundo a quem deus nosso senhor se esqueceu de atribuir um cérebro e, infelizmente, a pessoa parece atrair tais seres.

Chego ao carro, a conversar com o monsieur, ao telemóvel, numa tentativa de salvar o meu humor de cão, e apercebo-me de que um ancião se tinha levantado do banquinho onde estava a conversar com outras duas velhotas, e se aproximava do meu carro.

E então, Cinderela? Veio dizer olá? Veio elogiar o outfit? Veio dizer-te que és uma retardada simpática e que acha bonito que digas boa tarde a toda a gente?

Não.

Veio resmungar.
Ao fim de mais de dois meses a estacionar o carro no mesmo sítio todos os dias, descubro que ando a causar raivinha dos dentes nos moradores porque estavam habituados a estacionar o carro no mesmo sítio há mais de 40 anos (presumo que o carro de mão, o carro de bois, o carro de linhas...). Dizia-me o senhor que as pessoas queriam ali estacionar o carro e não podiam. Expliquei-lhe amavelmente que eu também sou uma pessoa, mas não estou certa de que tenha compreendido. 

Pediu-me que o deixasse noutro sítio. Olhei melhor: não, continua a não ser estacionamento proibido. Continua a não ser estacionamento reservado e, até onde sei, o usucapião ainda não funciona com as ruas, portanto continuo a ter tanto direito de ali estacionar o carro quanto as pobres almas que ali deixam as viaturas há mais de 40 anos.

Amanhã certifico-me de que faço um estacionamento à patrão e ninguém mais lá consegue deixar o carro, só por causa das tosses.

4 comentários:

Cláudia S. Reis disse...

Todo um gang organizado!! Muito os velhotes gritam que os jovens não respeitam neles mas, na maioria dos casos, eles são bem piores! Vê lá se não começam a aparecer riscos no teu carro...

ernesto disse...

O problema é que já me apareceram riscos. E um pneu furado.

Os riscos achei que tinha sido no somnii (vá, e pelo menos alguns foram), e o pneu também associei às nossas maravilhosas estradas. Mas confesso que fiquei a pensar nisso... já não sei, sinceramente.

disse...

O mais certo é riscarem-te o carro, mas contra os riscadores de carros, existem umas coisas que se chamam pedras, muito boas para lhes partirmos os vidros. lol

ernesto disse...

É o mais provável... e sim, se me apercebo de (mais) riscos no meu carro, é a sorte que lhes espera. Que raio de gente!