quarta-feira, 12 de setembro de 2018

vamos lá atear fogueiras mais uma vez

No domingo, perguntei(-me) se não há quem faça filhos com o único propósito de ter prioridade nas caixas dos supermercados. Isto, tal como quase tudo o que publico, foi escrito graças a alguma coisa que tinha acabado de me acontecer, porque a pessoa até pode ter imaginação mas aqui trabalhamos com a realidade.

O drama, o horror, a tragédia.
Se há coisa que eu adoro é a forma como as pessoas se preocupam com os direitos, mas nunca com os deveres. E muito menos em usar a cabeça e os olhitos para avaliar as situações e tentar perceber se, sei lá, se justifica ou não passar à frente.

Falo mais das grávidas/pessoas com crianças, por ser o que mais tenho visto. E o que mais me tira do sério também. Nunca estive grávida, mas não tenho a menor dúvida de que é um tanto ou quanto violento para o corpo da mulher. Porque é. E também não tenho quaisquer dúvidas de que, a dada altura, se torne realmente penoso estar em pé, à espera da vez para pagar um balde de gelado. Se for de doce de leite, ainda tem mais desculpa! Mas não... não somos todos Carolinas Patrocínios e não vamos todas estar a fazer agachamentos já em trabalho de parto mas... gravidez não é doença. Desculpem, mas não é - e se conseguiram encher um carrinho de compras sozinhas, certamente também conseguem aguentar cinco minutos até chegar a vossa vez.

Esta lei da prioridade devia ter vindo com alíneas, assim numa de explicar que, não, não faz assim tanto sentido armares-te em parva e passares à frente de toda a gente só porque acabaste de fazer um teste de gravidez e deu positivo. A prioridade é para ser usada, sim... quando precisas de facto dela. Fora isso, tudo o que consegues é contribuir para o aumento daqueles seres que fingem que não te estão a ver, mesmo que até estejas num estado em que se justifica deixarem-te passar. 

Entendo quando se trata de uma fila longa; caramba, até eu, que infelizmente desconfio que nasci com uma coluna em segunda mão e não consigo estar muito tempo parada, em pé, sem começar a ficar desesperada com dor de costas, tenho vontade de meter a mão na pança e ver se me perguntam se quero passar, mas não o faço. Agora, passarem à frente só porque sim, só porque podem, quando têm duas pessoas à frente com pouquíssimas coisas para pagar, desculpem, mas roça a estupidez.

Uma boa parte do problema começa no facto de a prioridade ser dada em todas as caixas, e as pessoas nunca se darem sequer ao trabalho de perguntar se podem passar. Às vezes, vou ao supermercado na minha hora de almoço, tenho os minutos contados para voltar a horas para o trabalho e, geralmente, isso significa que lá fui buscar algo muito específico e, portanto, tenho poucas coisas para pagar. Por que raio sou obrigada a deixar passar alguém com um carrinho de compras para o mês inteiro quando... eu tenho um ou dois artigos para passar e estou com pressa? Porquê, mesmo?

Isto já me aconteceu. Tudo isto, aliás.
Não há muito tempo, um casal lésbico tentou usar o facto de terem uma miúda, com uns três ou quatro anitos, num carrinho de bebé para me passarem à frente. Eu tinha, literalmente, duas coisas para pagar, no more, no less. A miúda estava calmíssima, uma delas já tinha pago e poderia simplesmente sair dali, mas nada impediu a outra de se dirigir a mim, quando eu era a próxima pessoa a pagar, e dizer "olhe, se não se importa...".

Se se estão a perguntar, a resposta é não, não deixei passar. Mas colocou as compras imediatamente atrás das minhas, e ainda se deu ao luxo de ir buscar mais umas quantas coisas, apesar de ter uma fila inteira a olhá-la de lado. Porque... porque podia. Não precisava, mas podia, e neste país é o vale tudo. Não é precisa noção, não é preciso respeito nem educação, e pouco importa se até havia ou não gente na fila com mais idade, que possivelmente precisava mais de passar. As leis são para ser interpretadas como convém, e raramente é quem mais precisa que usufrui delas.

Também já vi uma senhora começar a abanar um carrinho, onde a bebé dormia tranquilamente, enquanto dizia "não chores, não chores, já vais comer", para tentar passar(-me) à frente, ainda antes de isto ter virado coisa séria e lesgislada.

Como estas, tenho um sem número de histórias semelhantes, que têm em comum a estupidez alheia, e a falta de civismo e educação de que fui acusada, por ter escrito um post carregado de sarcasmo para evitar um texto mais longo, como este. Assim, levaram com os dois, e a culpa é da indignação da Luisínha.

Sinceramente, eu só gostava que as pessoas se preocupassem tanto com a prioridade na estrada quanto se preocupam nas filas dos supermercados. Haveria menos acidentes, com toda a certeza.
Brigada da prioridade: pensem nisso. Quando conseguirem um cérebro, vá.

5 comentários:

Vítor Guimarães disse...

Já te contei a história do anão que me queria bater porque o deixei passar à frente, não já?

disse...

É exatamente como dizes. As pessoas não têm vergonha de deixarem os putos à solta, a correrem e a mexerem em tudo, enquanto fazem as compras. Mas na hora de pagar, metem o estropício no carrinho só para passarem à frente.
Eu raramente faço compras por atacado. Vou a pé, porque faz bem à saúde, vou comprando uma coisa aqui e outra ali e só levo o carro quando quero comprar coisas pesadas (leite, batatas, etc) e pago nas caixas expresso, onde somos nós que passamos os artigos no "secanier", como diz a gravação do Jumbo eheheh. Mas já andei a mirar umas canadianas na loja do chinês e um dia compro uma só para trazer no carro e levar às compras. Depois vamos ver se alguma barriguda me passa à frente. eheheheh
O que mais me fode são as velhas. Vão de bengala para passarem à frente, porque não podem estar de pé. No fim de pagarem, ficam meia hora à saída da caixa a conversar e a estorvar.
Conheço uma gaja que pede o sobrinho emprestado à irmã, quando vai à loja do cidadão. Que puta! eheheh

Emma disse...

E quem fala das pessoas com a desculpa dos putos, fala também das velhas que andam ali todas enxutas às compras, mas depois quando chegam à fila dão sempre a desculpa que têm que ir apanhar o autocarro xD

Sophia Fernandes disse...

Realmente quando a lei foi elaborada, esqueceram-se da chico-espertice de algumas (muitas) pessoas.
Já assisti a uma grávida como uma barriga considerável, andar às compras com sua mãe, suponho.
Quando chegou a altura de pagar, passaram à frente da fila, começaram a empurrar os artigos das outras pessoas, que estavam no tapete, para terem espaço para colocarem as coisas delas. Assim sem pedir licença, nem nada.
Quando a senhora caixa as chama à atenção, de que se eram 2 contas separadas, só iria registar os artigos da grávida. A outra senhora, que não estava grávida, teria de voltar para a fila!! Impagável a cara delas!!! Desatinaram com a senhora da caixa, de que a lei o permitia, blá blá blá, whiskas saquetas. A senhora da caixa, manteve-se impávida e serena e respondeu-lhes que a lei protegia a grávida e não os acompanhantes desta. As pessoas que estavam na fila começaram a reclamar, e elas fizeram só uma conta.

Outra situação, que reparo algumas vezes, o casalinho anda às compras com o rebento, e na altura de pagar, um dos pais fica na caixa com o rebento ao colo e o outro desaparece do mapa. Leva o carrinho do rebento e tudo.

E a última que vi, andava um casalinho nas compras, ela gravidérrima. Chega a altura de pagar, ela vai para a fila, passa à frente porque a lei o permite e ele desaparece.

Ainda não estive grávida, mas espero não ser atacada por este vírus da chico-espertice.

ernesto disse...

Vitor, já fizeste um comentário com essa história, sim! ahah

José Jesus, na página houve um comentário semelhante (acho que ali do Vitor também), sobre uma situação em que, no talho, houve partilha de "filhos" ahahah é isso que me chateia, mesmo. E descredibiliza quem de facto precisava dessa prioridade, porque já ficamos todos de pé atrás...

Emma, mea culpa, já passei à frente porque tinha de ir apanhar o comboio! :) mas, obviamente, teria uma ou duas coisas para pagar. Normalmente, se me apercebo de que há alguém atrás de mim que tem menos coisas do que eu, pergunto se quer passar. Gosto que façam o mesmo comigo, fair enough :) (isto, claro, quando tens um saco de pão para pagar e à tua frente está alguém com um carrinho cheio)

Sophia, adorava ter presenciado a situação da mãe e da grávida! Que disparate. Como assim?! Por essa ordem de ideias, começamos a pedir às grávidas que por lá andem que nos façam o favor de fingir que estão connosco!
O mesmo aqui. Ainda não estive, nem conto estar grávida tão cedo, mas espero não perder os meus valores nessa altura! :\