terça-feira, 14 de abril de 2020

o poder das palavras, ou um desabafo tardio para não me esquecer.

Sempre brinquei com a minha sanidade mental, ou com a falta dela, e sempre fiz de conta - mais para mim mesma do que para qualquer outra pessoa - de que tinha tudo sob controlo e conseguiria resolver-me sozinha. Mas estava enganada. Estava enganada e hoje vou escrever sobre isso, porque é importante fazê-lo. Para mim, e para servir de nota para alguém que ainda não tenha chegado lá.

Hoje quero falar-vos da força das palavras, e da forma como temos o poder de mudar a vida de alguém com pouco. Muito pouco. Umas vezes, para melhor. Outras, para um inferno.

Sofri de bullying quando ainda não era fixe sofrer de bullying, ou quando ainda não se tinha arranjado uma etiqueta pomposa para explicar o que acontecia na escola que me fazia chegar a casa e isolar de toda a gente, porque assim era mais fácil fingir que estava tudo bem e era uma miúda feliz, tal como a inocência da idade o pedia. Adormeci a chorar muitas vezes. E, no dia a seguir, repetia o processo.

Para quem for novo por aqui, e ainda não souber, a maior ousadia da minha vida foi ter-me lembrado de vir ao mundo com uma malformação: lábio leporino, um nome tão feio quanto me tenho sentido a minha vida toda. E foi mais ou menos aqui, com este bold move, que os meus problemas começaram. Aparentemente, foi uma má ideia não nascer normal.

Não me bastasse, ainda me lembrei de ser gorda - demorei, mas consegui atingir o patamar da obesidade, para completar o quadro - e os dentes nasceram-me tão tortos, cortesia da malformação, que os centrais faziam um ângulo de 90º. Sem exageros. Em suma, não havia um milímetro do meu corpo que não fosse passível de ser gozado. E, portanto, foi.

Ouvi tudo o que se possa imaginar.
O feia e o gorda eu já tinha como dado adquirido, mas a isso foram-se juntando outras mais, como o nunca ninguém vai gostar de ti!, achas mesmo que alguém vai querer ser visto ao teu lado?, ganhaste o prémio da mais feia da escola, and so on. Primeiro, ouvia isto mas tinha amigos. Depois, esses amigos também passaram a pertencer ao grupo dos que me gozavam. E eu fiquei sozinha.

O secundário foi um inferno.
Ainda hoje me pergunto como saí de lá viva, de tantas vezes ter pensado que raio estaria eu a fazer no mundo: a dada altura, sem nenhum outro motivo aparente além de me ter lembrado de nascer anormal, já não podia andar pelos corredores sem ser gozada. Não podia. Onde quer que fosse,havia sempre alguém a  cochichar, a olhar para mim e a rir-se, ou então a gritar insultos para garantir que eu não iria ficar na dúvida sobre se seria ou não para mim.

A dada altura, comecei a não ir almoçar na cantina e a esconder-me na biblioteca, a refugiar-me nos livros e no blog recém criado, a evitar ao máximo existir além da ficção onde me era permitido sentir normal, e ser apreciada por quem vivia dentro de mim e não pelo corpo feio que o albergava. Até que, mesmo no blog, me comecei a sentir uma fraude - de alguma forma, por algum motivo, comecei a achar que poderia fazer alguma diferença, para quem me lia, o facto de eu não ser normal.

Vivia um inferno, repito.
Nunca quis morrer, mas questionava demasiadas vezes a pertinência da minha existência - tinha uma única pessoa ao meu lado, uma única amiga a quem confiaria a vida, e tudo o resto, a pequena parte que não me gozava, eram pessoas que eu evitava também porque desconfiava de toda a gente e era incapaz de me dar a conhecer, tal era o medo de que se viessem a juntar também à lista de pessoas que me iam torturando lentamente. Não era (só) um feitio de merda, era dor, mas uma dor que eu não queria assumir por julgar ser sinónimo de fraqueza.

Não vos conto isto para que sintam pena, mas para que me entendam: sofri bastante durante aqueles anos. Creio que sofri até mais do que tive a noção na altura, porque eu achava que merecia. Achava que, por algum motivo, tinha alguma culpa por ser diferente, que tinham razão no que diziam sobre mim e que eu teria de me conformar com uma vida de dor e sofrimento, que nunca saberia o que era o amor, que nunca seria mais do que a miúda gorda e feia de quem nunca ninguém iria gostar.

Os anos passaram. 
A única amiga que tinha deixou de o ser também, por motivos que ainda não fui capaz de apurar. E talvez nunca  seja.

Já me cruzei com várias das pessoas que me magoaram, e até fui capaz de sentir que as perdoei, embora não me tenha esquecido. Um por um, não me falha uma cara, não me falha uma memória. E logo eu, que me lembro sempre de tudo. Achei que perdoar era o suficiente. Mas não foi.

Tenho 24 anos. 25, dentro de pouco mais de dois meses.
Já não sou obesa, já não tenho os dentes (tão) tortos. Até já me fiz à vida e conquistei a minha independência (relativa, vá, que não conseguiria se não tivesse com quem partilhar as despesas). Tenho um namorado incrível há três anos. E não superei nada do que me aconteceu lá atrás.

Sou desconfiada, insegura, ciumenta.
Na minha cabeça ainda está enraizada a ideia de que nunca vou ser boa o suficiente, porque sou diferente. Três anos depois, com todas as tormentas que passámos para conseguir ficar juntos, eu continuo a sentir que vou ser trocada a qualquer instante por outra que seja normal. Porque, afinal, nunca ninguém vai gostar de ti. Três anos depois, eu ainda passo a vida a perguntar o que é que os amigos dizem de mim, se alguém comentou, porque ninguém vai querer ser visto ao teu lado.

Estou certa de que nenhuma daquelas pessoas faz a menor ideia dos danos que as palavras me foram causando e da forma como, ainda hoje, ecoam na minha vida. Tornei-me numa pessoa doentia, permanentemente assustada com o medo de perder, e nas últimas semanas comecei a trepar paredes porque a quarentena me deixou com muito, com demasiado, tempo livre para criar os meus próprios cenários dantescos.

Sou assim desde sempre, mas agora consegui tornar a convivência comigo mesma absolutamente insuportável - e, então, tive de assumir. Tive de ser capaz, finalmente, de aceitar que precisava de ajuda. Que, por mais infantil que me faça sentir não conseguir ultrapassar anos e anos de bullying, porque isso parece coisa de miúda mimada, não consegui. 

Isto condicionou todas as minhas relações interpessoais, tornou-me numa pessoa que não quero continuar a ser. Estou cansada de sê-lo, porque é desgastante não conseguir gostar de mim e não ser capaz de ver a pessoa que ele vê, há três anos, e de quem conseguiu gostar apesar de vir com uma bagagem tão grande.

Decidi, finalmente, pedir ajuda profissional - e estou a escrever sobre isto porque importa. Porque precisei de muitos anos para aceitar que preciso dela, que não fui capaz de lidar sozinha com tudo aquilo por que passei, e que não há problema com isso. Que investir na saúde mental não é um desperdício de dinheiro e que não posso continuar a envergonhar-me por os meus traumas incluírem os corredores da escola e eu achar que não faz sentido que ainda me causem mossa quando já atingi o patamar da vida adulta.

Quero ser melhor do que tenho sido até hoje: melhor pessoa, melhor amiga, melhor namorada. Quero despedir-me da ideia de que não valho nada, antes de que tenha de me despedir das pessoas porque tornei a convivência insustentável. Quero ser outra e, acima de tudo, curar-me.

E está tudo bem se não o consegui sozinha. Vai ficar tudo bem.

11 comentários:

Teresa Geraldes disse...

Parabens Cinderela. (Poucas vezes foram tao sentidos) Por teres tido a enorme coragem de te expores , e a enorme lucidez de assumires que ha pesos demasiado grandes para carregarmos sozinhos, Correste um enorme risco do "Papao" que existe na tua cabeca e te impede de ver o linda e digna de ser amada que es, te estragar mesmo a vida (imagino a paciencia do teu namorado) . Agora nao e passado para o lixo e para esquecer mas sim para assumir a importancia que tem na vida de toda a gente porque somos "Nos e as nossas circunstancias" , E ai de ti que nao procures mesmo ajuda profissional , podes crer que me tens a perna . Sabes que mais e das razoes porque adoro animais, nao ha ponta de maldade neles nem nunca causaram sofrimento a ninguem . E Uma pena mas ha no "ser humano" qualquer deficiencia de fabrico desde a origem , e ha tantos a conhecer "o pao que o diabo amassou" devido a isso . Tiveste azar nas "crcunstancias" ja nada ha fazer que altere isso, mas o futuro esta ai todo para ser feito por ti.

Anónimo disse...

Percebo o que dizes. Quando andava na escola também me sentia mal porque as minhas colegas eram magras e eu era a mais gorda e soube por uma amiga que numa aula de educação física quando chegou a minha vez de fazer alguns exercícios ( tínhamos de fazer cambalhotas) que me gozaram. Fiquei triste claro. Para além disso a minha professora de educação física quis prejudicar.me porque numa reunião que a minha mãe foi com o meu director de turma, ele disse à minha mãe e a toda a gente na reunião que enquanto fosse meu director de turma ela não me ia dar negativa, que nem toda a gente pode ser modelo. E eu fiquei feliz por ter alguém que me defendesse. Mas andava triste por ser gorda e ser gozada e comecei a perder o apetite. O lanche da escola dava aos meus colegas às vezes e não comia. Comecei a fazer caminhadas e emagreci muito. Um tempo depois comecei a sentir.me melhor e acabei por ganhar peso muito rapido e apareceram.me estrias na barriga e pêlos no rosto. O meu pesadelo continuou. Ainda hoje sofro com aumento e perda de peso. Os pêlos ando a tirar numa clínica de estética mas à dias que só me apetece chorar. É difícil ter de viver assim com medo que as pessoas notem. Em relação à tua amiga que te deixou de falar do nada eu passei por algo parecido. Tinha um colega de trabalho que me apoiou muito quando uma colega de trabalho me andava a humilhar à frente dos outros colegas e ficamos amigos. Falavamos bem um com o outro. Entretanto ele despediu.se e disse que ia passando para me visitar. Ao início falamos por mensagem algumas vezes ate que ele deixou de me falar do nada. As minhas mensagens nao as abria para ler.Uma msg a perguntar tudo bem e durante meses nao a abrir para ler. Ate que eu decidi tira.lo das redes sociais pk ele nao via as minhas msgs mas via todas as minhas historias do insta. E isso incomodava.me.Eu nao consigo ate hoje perceber o porque dele ter deixado de me falar. Eu sou uma amiga que se preocupa, que apoia, que esta disponivel para ouvir e dar conselhos. Antes eu pensava será que fiz algo errado? Mas hoje ja nao penso assim. Sempre fui querida com ele. Preocupava.me. Se ele deixou de me falar do nada eu nao tenho culpa. E digo.te a tua amiga afastou.se de ti do nada tambem e nao te culpes. Pelo que ja vi, ha pessoas que conseguem afastar.se das outras do nada e nao tem consideracao nenhuma. Eu gostava que ele me dissesse na minha cara o porque de me ter deixado de falar e que me pedisse desculpa. Porque ninguem e obrigado a manter uma amizade que nao quer mas ele nao devia ter ignorado as minhas mensagens. Tem de haver consideração pelas pessoas.
Fizeste bem em procurar ajuda para ultrapassares os teus traumas. Desejo do fundo do coração que consigas. Acredita que tens muitas coisas boas dentro de ti. O teu namorado gosta de ti por alguma razão. Muita força.

ernesto disse...

Teresa, a paciência do moço foi levada a um limite extremo mesmo. E ele não o merecia, de todo:)
Muito obrigada pela força. Demorei demasiado tempo a assumir isto para mim mesma, a perceber que não conseguia mesmo arrumar o passado e seguir em frente. Mas agora quero escrever uma história diferente, mesmo que tenha sempre de começar como este texto :)

Anónimo, começando pelo fim: em relação às pessoas, há pouco ou nada a fazer. Já não é uma ausência que me pese. Tenho alguma pena, de facto, porque achava que era uma boa amizade e perdeu-se no meio do nada. Não sei os motivos. Talvez eu fosse demasiado insuportável por ser tão sozinha, talvez precisasse demasiado dela e se tenha acabado por cansar. Talvez não tenha tido culpa, talvez sim. Mas estou bem resolvida quanto a isso :)
Quanto ao peso... já escrevi sobre essa parte da minha história algumas vezes, e a verdade é que eu fui obesa durante anos e anos e não fazia absolutamente nada para mudar porque quando pensava que precisava de perder perto de 30kg, achava que nunca seria capaz e então nem tentava. Só consegui emagrecer quando me assustei a sério com a minha saúde, e a partir daí consegui manter. Aliás, na verdade tenho vindo sempre a descer um bocadinho.
Não sei, acho que se nunca me tivesse assustado, provavelmente ainda estaria lá em cima, perto dos 3 dígitos... não que deseje a alguém um susto :) mas acho que só somos capazes de mudar quando estamos mesmo preparados...
Muita força, e que te consigas sentir bem!

helena disse...

Muitos parabéns pela coragem. Força nessa caminhada, que chegue ao fim e se sinta como merece, ou seja, feliz e em paz.

Grande abraço.

Buxexinhas disse...

Sou obeso desde que me lembro. Curiosamente, nunca tive uma auto-estima muito baixa e talvez devido ao meu (mau) feitio vincado, nunca fui "muito" bullingada. Também descolava sapatos a dar porrada a quem me chateava :P Mas percebo inteiramente o teu sentimento. Tive muitos anos amores platónicos... impossíveis. Depois de perceber dentro de mim que talvez era por achar que não era merecedora de "amor" real... Que nunca iam gostar de mim. Tenho uma relação de 3 anos, tal como tu... Penso que começamos quassse ao mesmo tempo ;) Foi ele que me fez descansar e senti-Lo como Casa. Ele é a minha Casa. Isso vem da confiança... É isso que tens de trabalhar e deixar e acreditar Nele. :) Pensa em tudo o que ele faz e Vive contigo... tenho a certeza que percebes que é Amor. Um beijinho grande

Joana Banana disse...

💪💪💪😘😘

Anónimo disse...

Não te conheço Patrícia (sinto que se conhecessem seriamos amigas), mas digo-te, pareces ter uma alma lindíssima, a mistura perfeita entre doçura e aquele ligeiro "requinte de malvadez" que torna tudo mais divertido.
Acredito que os anos que passamos na escola são fundamentais para a construção da nossa personalidade, e os traumas que desta época resultam, ecoam para sempre na memória. Pouca coisa me faz chorar (sabe-se-lá porque deus, ou o que raio existe, esqueceu-se de ligar as glândulas lacrimais ao exterior), mas pensar em certas coisas que me foram ditas nessa altura, quase cumpre a função. Tenho agora 22 anos. Espero honestamente que a ajuda te procuraste te guie no processo de cura.
Um abraço gigantesco nestes tempos tão incertos.
Obrigado por seres tu

ernesto disse...

helena, muito obrigada! um beijinho :)

Buxexinhas, acho que sim, que devem ter começado mais ou menos ao mesmo tempo!
Não sei se estamos na mesma faixa etária - porque eu acho que isso faz diferença. Tenho a sensação de que a perceção dos corpos mudou bastante, a pressão aumentou e, quando chegou à minha altura, já era crime não corresponder :) acredito que hoje em dia seja ainda pior, nas escolas... Mas não era só o meu peso. Não sei se teria sofrido 1/3 se fosse só gorda. Foi toda a minha ousadia de nascer anormal :)

Joana banana, obrigada :)

Anónimo, eu adoro sentir que houve realmente quem me tivesse acompanhado desde o início e que, de certa forma, foi crescendo comigo nestes quase 10 anos que já ando por aqui ahah
Não tenho dúvidas, pela forma como escreves, de que seríamos amigas, sim :) e sim... molda muito. Acho que sempre tive essa consciência, mas achei que era algo com que conseguia lidar. Sentia-me quase infantil. E depois há ainda outro problema: na verdade, eu tinha aceite todas aquelas coisas como verdades absolutas, e achava absurdo procurar ajuda porque não queria ser convencida do contrário. Disse muitas vezes que não queria uma psicóloga a dizer-me que sou bonita quando eu sei que é mentira, e então achava que a ajuda me poderia tornar em alguém convencido ao fazer-me crer em coisas que eram mentira. Então esta foi uma grande barreira. De facto, não sou uma beleza, que não sou, e é inegável que tenho uma malformação, mas também não sou o monstro que aprendi a ver ao espelho. E isto ainda condiciona demasiado a minha vida.
Eu é que agradeço pelo comentário! Grande beijinho :)

Anónimo disse...

Os adolescentes/crianças podem ser criaturas mesmo odiosas. Uns ganham noção quando crescem, outros não. Mas enfim. Também fui alvo de gozo na escola, mas era por não ter peito na altura e por ter demasiados pelos faciais. Passado uns anos, fui para a faculdade, aumentei de peso e era constantemente relembrada disso por familiares e que precisava de fazer dieta ou exercício (tenho 1.60 e o máximo que pesei foram 65kg), eram várias vezes ao dia, não me podiam ver comer que era logo a boa dica. Enfim, emagreci praticamente 10kg e ainda não me sinto satisfeita, estou sempre a encontrar defeitos, mesmo que o meu namorado diga que estou bem. Estes problemas de imagem perseguem-me desde que andei na escola por via dos comentários que era alvo, e agora mais recentemente por causa do aumento de peso e de comentários associados. É exaustivo os outros terem sequer o poder para nos fazer sentir mal. Lembro-me que no secundário, num ano, numa disciplina, tinhamos uma pessoa que não era bem parte da turma, estava a repetir a cadeira e não conhecia imensa gente, só lá ia para aquela aula. Era obesa, ninguém lhe ligava nenhuma, como acontecia com as miúdas giras que entravam nas turmas só para ter uma aula. Um dia decidi falar-lhe e a partir daí cumprimentei-a sempre. Não sei se fiz alguma diferença na vida dela...Mas eu sabia bem o que era ser ignorada porque não era tão gira como as minhas amigas, sabia o que era estar na sombra e estar calada nas conversas com os rapazes, já que não era a mim que se dirigiam. É complicado ser gozado, posto de lado, por qualquer motivo que as pessoas possam achar válido. Sigo o teu blog há imensos anos, já tive um blog ativo, já comentaste lá e eu aqui. :P Pareces-me ser uma pessoa fabulosa, sem papas na língua e que sabe bem o que pensa. É desse tipo de pessoas que o mundo precisa. <3

ernesto disse...

Em primeiro lugar, se eu te comentei, sente-te especial porque sempre fui uma seguidora horrível ahah passava imenso tempo sem ir aos blogs dos outros porque basicamente eu gostava era de escrever :)
65kg com 1,60m... definitivamente, nunca foste gorda :) mas é bastante difícil. Até porque agora há uma preocupação com a imagem que não existia há, sei lá, uns dez anos, e parece sempre que estamos a falhar se não temos um corpo digno do instagram. Possivelmente, nunca vamos estar satisfeitas mesmo :|
Quanto à falta de papas na língua, volta e meia mete-me em trabalhos na vida real, mas continuo a preferir isso a viver envolta em mentiras e falsidades. É isso que tento transmitir. Obrigada! Beijinho :)

Agridoce disse...

Tinha este post marcado como "unread" no feedly desde que o escreveste, sempre com a intenção de o vir comentar. Passaram 2 meses, e cá estou eu.

Entretanto, o mundo deu uma volta tremenda, mas eu espero mesmo que isso não te tenha impedido de ir em busca dessa ajuda. Espero que já a tenhas e que te esteja, de facto, a ajudar.

A terapia, seja ela qual for a que tu escolheste, não é vergonha nenhuma e pode mesmo ajudar-nos. Mais do que ajudar-nos, pode salvar-nos. Por isso, parabéns! O primeiro passo está dado. Agora é não desistir, é não criar resistências, é abrir o coração e a alma e deixar que nos ajudem.

Não fora esta pandemia (e a gravidez), e eu já teria voltado à terapia. Assustam-me os tempos que aí vêm e há uma elevada probabilidade de lá voltar. E está tudo bem. E não é vergonha nenhuma.

Se cuidamos da saúde física, por que motivo não havemos de cuidar da saúde mental?

Passaram 2 meses e eu espero que estejas melhor, Cinderela!

Um beijinho