segunda-feira, 30 de novembro de 2015

o dia em que a minha sanidade mental deu o peido mestre

Segunda feira. Teste de matemática. Frio terrível. Trabalho chato pra caralho. 

E tu, cinderela?
Eu tenho o spotify e tive a feliz - ou a infeliz - ideia de escolher a discover weekly; quando dei por mim, estava a ouvir a música mais estúpida de sempre com um sorriso de orelha a orelha: estamos quase no natal e essa é talvez a altura do ano que eu mais detesto mas, hey, lá vem a craudete, prepara o confete!

domingo, 29 de novembro de 2015

cinderela, a benanosa!, take6

Publica uma foto com o cu no norte e as mamas no sul, toda espichada e com aquele arzinho de sou-uma-pega-feia-como-a-merda-mas-tenho-cu-e-mamas-olhem-para-mim-yay-yay.
Hastag #sundaymorning.

Pelo ar, de certeza que ia para a missa.

portuguesíssimo

Torna-se demasiado evidente que os portugueses têm uma certa dificuldade no inglês quando a black friday é a uma sexta e a um sábado. Ou o fim de semana todo.

(um minuto de silêncio em honra do black weekend da sportzone: vocês foram às aulas de inglês)

uma vez ernesto, para sempre ernesto

Consegui, finalmente, conciliar o tempo livre com aqueles cinco minutos de paciência que de vez em quando surgem e me motivam a pintar as unhas: eu queria, que queria, pintá-las, mas isto não é para mim.

Peguei num verniz amarelo, giro que só ele, que já comprei há uns meses e ainda nem tinha experimentado. Pintei-as, secaram rápido - podia ter-me apaixonado só por isto, mas não. Odeio a cor e só não as pinto já com outra qualquer porque para isso precisava de ter paciência.

Eu não nasci para ser gaja.

sábado, 28 de novembro de 2015

e acabei a jogar criminal case, se interessar

Estou de coração dividido - por um lado, há a cinderela responsável que gostava mesmo de fazer os resumos para o teste, preparar a apresentação do trabalho e, pelo menos, adiantar o outro que tem para fazer; há a cinderela fada do lar, que sabe que tem mais o que fazer do que estar aqui alapada a procrastinar; depois há a cinderela fútil, que quer ir pintar as unhas porque já vai para três semanas que não sabe o que isso é e, por fim, a mais forte é a cinderela couch-potato que está mortinha por aterrar no sofá a ler.

Ser eu não é fácil.

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

e o mais estranho é que ela não era, de todo, velha

Já fodidíssima da minha vida por ter uma manhã livre estragada com um exame e ainda mais fodida por estar à espera há séculos, em jejum, senta-se uma mulher ao meu lado e começa a contar-me a vida toda.

Sem quê nem para quê, saca um albúm de fotos da carteira e começa a mostrar-me o filho. Perguntou-me que idade eu daria ao miúdo em determinada foto; era um puto enorme. «Não sei, uns oito ou nove, talvez.» Tinha dois anos. Diz que, aos 15 meses, o cachopo pesava 15 quilos, que se chamava miguel como o pai e então era tratado por miguelito. 

Passado um bocado, tira o telemóvel do bolso, um nokia 5300, e fica a babar para a foto de fundo até me estender o tijolo «vês, era tão lindo! depois cresceu...».

Nunca me senti tão aliviada por ter ouvido chamarem por mim.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

cinderela, a benanosa!, take5

Faço parte daquele grupo de pessoas que aguardam ansiosamente por um upgrade que bloqueie automaticamente toda e qualquer criatura que tente publicar, seja o que for, no facebook se tiver erros ortográficos de fazer uma pessoa chorar.

Acabei de ver um estado onde escreveram «taça» em vez de «está-se a».
Estou a morrer por dentro.

ontem

Por mais triste que isto possa ser, o ponto alto do meu dia o momento em que comecei a pensar na forma mais meiguinha possível de responder a uma amiga minha porque a mocinha escreveu «fodi o meu psicológico todo» e eu li «fodi o meu psicólogo todo».

E é isto.

terça-feira, 24 de novembro de 2015

esta é a história de um blog que está tão deprimido que vai acabar por se suicidar

Há um ano atrás, a minha vida estava uma confusão porque, sempre que eu achava que estava tudo calmo e claro na minha cabeça, a puta engendrava um twist só para me desorientar outra vez. Às vezes estava tudo bem, outras vezes estava tudo errado.

Agora não: não há grandes twists. Vai de mal a pior e desorienta-me na mesma mas é porque já nem sei o que me dói mais; estagnei, não sei o que fazer, não sei como fazer e, na maior parte do tempo, sinto-me tão mal, tão esgotada dos dias que só não são iguais porque se vão superando a si próprios na arte de me deixar na merda, que me apetece desistir. 

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

nem sempre uma pessoa é para o que pensa que é

O impensável acontece exatamente quando achamos que as coisas vão correr bem.
Por exemplo, tudo indicava que pessoas do meu curso, na mesma fase de aprendizagem, seriam, pelo menos, capazes de medir a tensão arterial - meteram-me a braçadeira no antebraço e tão laça que rodava à volta do mesmo.

Tentei dizer-lhe que estava mal; olhou-me como se fosse louca.

cinderela, a benanosa!, take4

A generalidade das pessoas é demasiado limitada para compreender a lei do retorno - fazem merda e está tudo bem mas, no momento em que os lesados lhes fazem exatamente a mesma coisa, monta-se a terceira guerra mundial e ai-meu-deus-que-más-pessoas-que-vocês-são.

E dá vontade de mandar para o caralho, que dá.

domingo, 22 de novembro de 2015

crónicas da gata borralheira

O que me está a deixar mesmo danada hoje nem é o facto de amanhã ser segunda feira e eu, recentemente, me ter transformado numa dessas pessoas que ao domingo à noite se sentem mais preparadas para arrancar os quatro dentes do siso a sangue frio do que para encarar mais uma semana - hoje, o que me está chatear mesmo é ter descoberto que estou mesmo a ficar pró na modalidade de choro tipo sou-um-pato-mudo-com-asma, e não fazer ideia em que momento é que passou a parecer-me fixe deixar de conseguir respirar sempre que fico nervosa, enquanto os meus olhos transpiram. Abundantemente.

É nisto que se está a transformar a minha vida.

the main problem is

Quando alguém a quem confiariamos a nossa vida nos desilude, começa a servir-nos de bitola; não é fácil voltar a confiar em alguém, e torna-se igualmente difícil confiar mesmo nos que já nos eram próximos antes, e o seu nome começa a constar na frase «se até x me desiludiu, como é que é suposto eu acreditar em ti?».

«o que mudou no último ano?»

Antes de mais - não, este não é um desses posts de fim de ano que servem, essencialmente, para as pessoas fazerem um review e decidirem o que vão recolocar, pela vigésima vez, na lista de coisas que querem fazer no ano seguinte. Ainda é cedo para isso e, de qualquer forma, ainda não cheguei a esse ponto da minha vida.

A pergunta surgiu há umas semanas e foi feita a cada uma das pessoas do meu curso - dei uma resposta vaga, mas a verdade é que me fez pensar porque, à primeira vista, não consegui encontrar mudanças concretas neste último ano. Mas elas existiram.

Não foi o melhor ano da minha vida, mas também não foi o pior - foi instável na maior parte do tempo, deixou e continua a deixar-me à nora volta e meia e não sei muito bem como gerir tudo o que me tem acontecido, tudo o que sinto. Tenho sido posta à prova de cinco em cinco minutos, por todos os lados.

E mudei, sim - como poderia não ter mudado? A passagem dos meninos da escolinha para o mundo dos adultos foi um balde de água fria que não poderia ter tido outro efeito senão mudar-me quando vi que isto é mais um salve-se quem puder do que um somos todos amigos e vamos ajudar-nos uns aos outros. E, entenda-se, há muitos anos que deixei de esperar muito das pessoas, mas nem isso me impediu de me desapontar. Passei toda a minha vida escolar a queixar-me delas mas, agora que saí da redoma onde estive 13 anos, percebi que, salvo raras exceções, aqui fora as melhores pessoas são as piores que encontrávamos na escola e não dá para confiar em ninguém.

Num ano consegui passar de explosiva a retraída e voltar a explosiva outra vez - demorei a ambientar-me à nova realidade, demorei a perceber que, se vou fazer parte desta selva, os outros têm de me ouvir tanto quanto eu os ouço a eles. 

Num ano fiz coisas que julguei que nunca faria, e não me orgulho de algumas delas. Tornei-me mais solitária também - habituei-me a tardes inteiras sozinha à beira mar, e percebi que isso me fazia incrivelmente bem. Também olhei para o lado e percebi que me estava a afastar, cada vez mais, daquilo que fui um dia e, consequentemente, das pessoas com quem me identificava.

Ganhei pessoas e perdi pessoas como se, no fundo, eu não passasse de uma estação de comboios onde as pessoas só estão de passagem. Podia sentir-me como um monumento, mas não - isso só me fez sentir como uma estação velha e podre, com um ar tão duvidoso que as pessoas a evitam o mais que podem. Mas também perdi pessoas que não estavam só de passagem e essas são as que me pesam mais, mais pela desilusão do que pela perda. Mais pela sensação de que nunca mais seria capaz de perdoar do que pela falta que me fazem todos os dias. 

Num ano, deixei de ter medo de dizer o que sinto; depois de uma vida inteira a escondê-lo e a fazer os possíveis para que ninguém se apercebesse, aprendi a dizer gosto muito de ti e adoro-te tantas vezes quantas me apeteça - porque eu mereço poder dizê-lo, apesar de ter achado que não durante todo este tempo, e ele merece ouvi-lo. Ainda assim, um ano não me chegou para perder as inseguranças com vinte anos de raízes, nem estou perto disso - sou chata, desconfiada, dramática. Faço das coisas mais simples um bicho de sete cabeças e continuo realmente dificil de lidar.

Talvez precise de mais um ano para melhorar isto.
Ou de mais oitenta, talvez.

deve ser mesmo toc

Fico louca se encontro interruptores duplos que não estejam certinhos e alinhados (ou os dois para cima, ou os dois para baixo: nunca, por nunca ser, um para cima e um para baixo).

ainda sobre o if i stay

Eu também já fui uma dessas velhas do restelo que juram a pés juntos que nunca nesta vida hão de trocar os livros físicos por livros digitais - hey, eu sou assumidamente apaixonada por livros velhos e tenho mais do que me orgulho de assumir, mas confesso que sofro de binge reading e sou demasiado pobre para alimentar esta minha compulsão num país onde os livros estão ao preço do ouro.

Por isso sim, apedrejem-me: neste momento, já tenho o if i stay e o where she went em ebook e apetece-me devorar o resto do maybe someday ainda hoje, só para poder ler estes dois.

esses dias em que se bate no fundo

Quando vocês acham que este blog não pode piorar, eis que eu decido contar-vos a forma mais deprimente de se passar uma noite de sábado: fazer colagens no picasa.
É triste, eu sei - mas, enquanto engolia os soluços e limpava as lágrimas o mais depressa que conseguia, visto estar numa sala com mais quatro pessoas e não gostar de me assumir tão lame - acabei por ouvir (ou ler, vá) uma frase no if i stay que me bateu assim com muita força no osso do fígado porque me lembrou de algo.

E dei-me ao trabalho de voltar a essa parte, já depois da choradeira e o filme terem ambos cessado, e fazer cinco print screens, só porque não tenho vida e isto é basicamente o que eu quero dizer. Entretanto apercebi-me de que escolher diferentes imagens para cada colagem acabava por mudar as coisas.

Fiz três. 
Ainda não decidi qual é que lhe quero mandar.





sábado, 21 de novembro de 2015

esta pessoa

Chorou, que chorou, a ver o if i stay, mas, só para evidenciar a crescente descrença nas pessoas, ficou até ao último minuto à espera de que a melhor amiga da gaja se enrolasse com o namorado dela (ex?, don't even know).

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

à procura da normalidade esquecida no útero

Todos os dias leio o shiuuuu e todos, rigorosamente todos, os dias eu faço scroll down na página até ao último segredo lido, do dia anterior, o mais depressa possível para garantir que assim vou lê-los pela ordem correta, de baixo para cima.

Só há pouco tempo é que me apercebi disto.

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

a minha avó é melhor do que as vossas

Ao telefone com uma prima, velha, aos berros:
- ó mulher, tu não assines mais nada, olha que estas a ser grelada! isso são pessoas a grelar.
Sobre burlas, entenda-se.

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

sobre os dias sem sabor

Hoje vesti o meu casaco grande, aquele que deve ser uns quatro tamanhos acima, e passeei por aí, de mãos enterradas nos bolsos e com o som das folhas a estalarem por baixo das minhas botas a cada passo - sorri. Pela primeira vez em muito tempo, senti-me em casa na cidade que sempre foi a minha.

Estou cansada dos dias mornos; sempre precisei do caos para me sentir viva, sempre precisei de sentir alguma coisa. Ultimamente, não estou feliz nem triste - sinto-me vazia e essa é a pior sensação de sempre. Queria que tudo fosse diferente. Queria que fôssemos diferentes.

Se há dias em que a distância me dói, hoje é um deles - estou cansada da incerteza, da dúvida, da sensação de que estou em contra-relógio e o meu tempo se pode esgotar a qualquer instante. Baralhas-me, confundes-me, entorpeces-me os sentidos; queria ouvir-te dizer que tens um plano para nós, que entendeste as indiretas, que descobriste que não somos inconcretizáveis como teimas em rotular-nos. Esperava que tivesse sido óbvio neste tempo que estou aqui de corpo e alma por ti, apesar de nem sempre estar certa de que o mereces. Queria que entendesses que as coisas difíceis sempre foram as que me sabem melhor e que tu não és exceção; queria que te decidisses, que me decidisses, que me escolhesses, pelo menos uma vez na vida. Que me mandasses embora ou que me prendesses para sempre.

Hoje vesti o meu casaco grande e perdi-me dentro dele - queria que me encontrasses, meu amor, que me devolvesses à realidade, a uma realidade onde os dias sem sabor não me estivessem a consumir por dentro e onde eu pudesse voltar a sorrir com vontade. Mas, mais uma vez, só restei eu. 

E as folhas secas, desfeitas em mil bocados.

domingo, 15 de novembro de 2015

for real

Quando eu digo que merecemos o que está a acontecer é a isto que me refiro. Entristece-me viver num mundo assim.

sábado, 14 de novembro de 2015

(i don't) pray for paris

Ridículo.
É ridículo o que aconteceu em paris, é ridículo o que tem acontecido no mundo, mas é ainda mais ridículo que as pessoas continuem convencidas de que faz toda a diferença mudarem as fotos de perfil para pintarem o facebook com as cores da bandeira francesa, publicarem imagens da torre eiffel em barda, imagens com «i see humans but no humanity» a trambolhão, utilizarem hastags como se isso salvasse vidas e instaurasse a paz.

Tenho novidades: à semelhança daquela altura em que toda a gente decidiu mudar a foto para aquela de fundo preto com a inscrição «je suis charlie», não vai acontecer nada: os que morreram não vão ressuscitar, os que estão feridos não vão ficar miraculosamente fora de perigo, as famílias não vão sentir menos a perda e os terroristas também não vão parar por medo porque, afinal, milhares - milhões? - de corajosos mudaram a foto de perfil. As coisas não mudam só porque nós, revolucionários de sofá, achamos que fizémos a nossa parte por mostrarmos aos outros que estamos sensíveis a esta tragédia e que vamos mudar o mundo com um clique.

Estamos todos muito ralados mas é só até mudarmos de canal, pousarmos o jornal, fecharmos o site - depois, paris continua longe, nós continuamos vivos e os nossos, os nossos de lá, também estão bem. O que nos move é o medo de que um dia seja aqui e a necessidade de mostrar ao mundo que somos boas pessoas. Mas não somos.

Já não é de hoje que não entendo nem concordo com as religiões que apregoam o amor e semeiam o ódio; não consigo conceber que se mate e que se morra em nome de um deus qualquer, que se pense que há um motivo válido para exterminar todas as religiões que não a nossa. Mas nós não somos melhores do que estes extremistas islâmicos que saem por aí a matar volta e meia, nem as religiões são o nosso único problema.

A história da humanidade está cheia de raças, de religiões, de pessoas, que se acham superiores, as únicas dignas de viver neste mundo, e que tudo o resto não presta – anos e anos, séculos, a matarmo-nos uns aos outros a troco de nada e ainda não aprendemos. Nascemos, crescemos, morremos – não há outra forma de viver, não há escapatória. Tenho para mim que, se entendêssemos que não há cor de pele, língua, religião ou qualquer outro rótulo que usemos para nos diferenciar, que nos faça melhores, que nos faça diferentes e que seríamos todos mais felizes se vivêssemos, se soubéssemos, viver em comunidade sem guerrinhas inúteis, seríamos mais felizes e a vida seria mais proveitosa. Mas não, claro que não! Porque todos achamos que somos melhor do que o resto.

E hoje a culpa disto é toda dos sírios, claro - os sírios são os nossos novos ciganos, os novos pretos, os novos chineses. Os sírios são a nossa nova escumalha predileta, os principais culpados por todo o mal do mundo, aqueles com quem queremos correr à força toda e que merecem a maldade gratuita por estarem a ocupar a terra que não é deles. E vamos continuar a culpá-los, a julga-los, a torturá-los. Somos mesmo melhores do que os outros terroristas?

A culpa é de todos nós.
A culpa é de uma humanidade inteira que insiste em apostar em rótulos, que insiste em criar divisórias, que insiste em inventar hierarquias onde elas não deviam existir. A culpa é de uma humanidade incrivelmente estúpida que continua sem entender que, enquanto formos todos tripulantes do mesmo barco a remar para todas as direções possíveis, não chegamos a lado nenhum.

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

badum tssss

Gostava de ter coisas giras e interessantes para contar mas a verdade é que só me resta dizer que estou doente outra vez.

Para não variar.

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

quando os dias começam mal

7h30, o despertador toca. Desligo-o; já vou em três noites seguidas quase sem dormir, parece que me passou um camião por cima. Fecho os olhos porque mereço mais cinco minutos de ronha.

Quando abro os olhos, são 8h05; foda-se, estou atrasada. Salto da cama, visto-me, vou a correr para a cozinha, como qualquer coisa e encho a garrafa térmica com a cafeína suficiente para mais uma manhã de sono. Mas a conspiração contra mim ainda não tinha acabado - a tampa saltou e metade do café ficou derramado.

Em todo o lado - lava louça, chão. Casaco.
Reponho o café em falta, limpo tudo, lavo os dentes, pego na mala do pc, na malinha paneleira, no saco da comida, na garrafa térmica, na mala do ginásio e saio, armada em marroquina errante, rumo ao carro.

São 8h25, estou despenteada, desmaquilhada e com um humorzinho de cão.
Esta vida não anda fácil.

terça-feira, 10 de novembro de 2015

de tempestade em tempestade

Tenho uma tia avó que é a minha terceira avó - diz a toda a gente que eu sou a neta mais velha e mima-me como tal; volta e meia faz-me miniaturas do meu bolo preferido, em jeito de miminho, e fica chateada quando me vê partilhá-lo com alguém. É complicada como, de resto, é a característica dominante do mulherio do clã, mas nem por isso me é menos difícil imaginar um mundo onde ela não esteja.

Hoje fui buscar um exame dela; abri-o, com cuidado, mal entrei no carro, e li o relatório.
Fechei-o e voltei para casa - quando lho entreguei, perguntou-me, esperançada, se afinal as notícias eram boas e tudo não tinha passado de um susto. Respondi-lhe que não sabia, que ninguém me tinha dito nada na clínica e saí, com um nó na garganta e as lágrimas nos olhos.

Vem lá tempestade.
Outra vez.

cinderela, a benanosa!, take3

Tal como os pais acham que as suas crias são sempre as mais lindas deste mundo e dos outros todos, nós também temos uma certa tendência para achar bonitas as pessoas de quem gostamos, mesmo que o mundo inteiro diga o contrário. E não só no exterior, entenda-se! Estão a ver quando gostamos tanto de alguém que, mesmo nos dias em que nos fazem revirar os olhos e perguntar o que é que as criaturas têm na cabeça, olhamos para elas como se cagassem raios de sol?

Um dia, chateamo-nos mesmo a sério e permitimo-nos a ver a pessoa de longe.
Oh hell.

cinderela, a benanosa! take2

Comemoram um ano de namoro - o que equivale a um ano e quatro dias desde que se conheceram - poucos dias antes da filha fazer 2 meses.
Se eu tivesse uma pontaria destas, jogava no euromilhões.

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

comemorações tardias do dia da preguiça

Dormi mal p'ra caralho, passei a noite às voltas e a acordar sobressaltada e convencida de que estava na hora de me levantar - levantei-me à hora do costume, já atrasada como sempre, depois daqueles minutinhos de ronha e de juro-que-hoje-me-deito-cedo. Enchi uma daquelas garrafas térmicas com café e saí, pronta a atestar o bucho com cafeína que chegasse para não adormecer.

E resultou, que resultou. Consegui não adormecer mas falhei redondamente a arranjar força; quando dei por mim, estava a morrer no ginásio, doíam-me as pernas, doíam-me os braços, e ainda dei um mau jeito qualquer às costas. Agora estou aqui, quieta, com ar de peido mole, cheia de vontade de me estender na cama mas, ao mesmo tempo, profundamente chateada com tudo e nem sei porquê. Em suma, não me apetece mexer. Apetece-me ficar sossegadinha e esperar que isto passe.

Não fosse dar-se o caso de ter de me mexer para ir daqui até à cama, já estaria deitada - mas, só de pensar nisso, fico ainda mais cansada.
E então achei que vocês deviam saber.

domingo, 8 de novembro de 2015

cinderela, a benanosa!, take1

Acha-se adulta e independente mas não dá dois passos seguidos sem ligar à mãe para perguntar se pode dar o terceiro.

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

uma mistura de #acinderelaémámastambémseapaixona e de #bringmycolhõesback

Não é bem como se eu me orgulhasse desta minha nova faceta extra-derretida, mas a verdade é que hoje, quando o irmão do mocinho se lembrou de me mandar fotos do mesmo, fiquei a babar-me mais tempo do que me orgulho e só conseguia questionar-me como é que o meu rapazinho consegue estar há internado há tantos dias, cheio de sedativos no bucho e ainda com uma anestesia geral para sobremesa e, mesmo assim, estar tão irresistivelmente fofo, apesar do ar de quem está a ver unicórnios a saltar de nuvem em nuvem - e entretanto comecei a dar-me conta de que esta pode ser uma patologia grave.

Quero o meu lado de macho latino de volta.

a continuação da saga #acinderelaémámastambémseapaixona

Eu queria ser forte e desapegada, que queria, mas a verdade é que já vou no sexto dia consecutivo sem o meu rapaz, o que equivale a cinco - cinco! - noites seguidas em que acordo a meio, sem sono, e fico às voltas na cama, agarro o telemóvel três mil e oitocentas vezes para confirmar que não tenho mensagens (como poderia se ele nem tem o telemóvel com ele?), até voltar a adormecer no auge da deprimência.

Entenda-se, é certo e sabido que ser viciada no beijinho e na mensagem de boa noite mesmo que isso implique ele acordar, ligar-me às seis da manhã e irmos dormir outra vez (don't even ask) não é, de todo, um hábito saudável. Mas, de todos os maus hábitos, é certamente o que me sabe melhor.
E o que me faz mais falta também.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

o dia em que a cinderela parece ter andado mesmo nas drogas

Torna-se percetível que a minha vida não está a atravessar a melhor fase quando o ponto alto do meu dia foi encontrar um gato na rua, fazer-lhe uma festinha e a criatura nunca mais me largar.

Quando dei por mim, estava sentada num banco há não sei quanto tempo, numa praça, com um gato ao lado a pedir festinhas enquanto eu falava com ele com uma voz ainda mais apitalhada do que a que já me é característica.

E sim, passaram pessoas entretanto.
Várias.
(a avaliar pelo sorriso de «coitadinha, é retardada», podia ter tirado uma bota e ficado à espera que a começassem a encher de moedas)

também pode ser #acinderelaémámastambémseapaixona

[há dias em que gostava de poder voltar atrás, de regredir, se quiserem, mas de voltar a esse tempo em que era mais feliz. há dias em que me apetece voltar a ser pequena, esquecer os saltos altos e o eyeliner preto e sentar-me outra vez na cadeira do médico a balançar as pernas, ainda demasiado curtas para chegar ao chão. há dias em que me apetece voltar a ser essa menina, encostar a cabeça ao ombro da minha mãe e esperar, sempre atenta, sempre curiosa, sempre a questionar o mundo ao meu redor - queria crescer nessa altura. queria ser grande e ir aos sítios sozinha, saber ser sozinha, poder ser sozinha. hoje posso pegar no carro e ir a qualquer lado mas, na maior parte do tempo, não me apetece ir a lado nenhum - apetece-me um abraço quente e um beijo na testa. talvez dois - talvez não na testa. apetece-me o amor puro, esse em que eu jurava a pés juntos não acreditar ainda há uns três ou quatro anos atrás, e hoje ainda não sei se acredito mas percebi que não há definição nem fé que o faça desabar sobre a minha cabeça. é esperar - ou não esperar, deixar estar, as coisas inesperadas também sabem bem. há dias em que me apetece esquecer-me de que cresci mas que mantive intacta a intensidade com que sinto tudo, sempre sem meios termos, sempre sem filtros. há dias em que gostava de voltar aos dias em que a gravidade me era sempre alheia e eu não ia para a cama a temer o dia seguinte por não saber muito bem o que esperar  - e acabar por me aperceber de que estou a sofrer pelos dois.]

domingo, 1 de novembro de 2015

sobre isso de gostar em tempos de dor

[passei o dia todo a vigiar o telemóvel, à espera que me ligasses - achava que só ia conseguir sossegar quando ouvisse a tua voz mas, quando ouvi, apeteceu-me chorar por perceber que é pior do que me dizias, que vai demorar, que não posso fazer nada. e que estou longe, sempre longe, sem poder sentar-me ao teu lado e esperar contigo que um dia destes a vida te sorria como mereces, meu amor. e desliguei quase sem falar, sem dizer que te adoro, sem dizer o quanto sinto a tua falta, sem te prometer que vai correr tudo bem e que eu vou estar aqui, à espera, porque é isso que se faz quando se gosta. não te soube dizer nada disto - resumi-me num fogo... quando o que eu queria dizer era foda-se!, foda-se para esta vida, foda-se para a nossa sorte, foda-se para o mundo que parece estar sempre a conspirar. e foda-se para o quanto eu gosto de ti porque há dias assim, em que isso é realmente fodido.]