Já fodidíssima da minha vida por ter uma manhã livre estragada com um exame e ainda mais fodida por estar à espera há séculos, em jejum, senta-se uma mulher ao meu lado e começa a contar-me a vida toda.
Sem quê nem para quê, saca um albúm de fotos da carteira e começa a mostrar-me o filho. Perguntou-me que idade eu daria ao miúdo em determinada foto; era um puto enorme. «Não sei, uns oito ou nove, talvez.» Tinha dois anos. Diz que, aos 15 meses, o cachopo pesava 15 quilos, que se chamava miguel como o pai e então era tratado por miguelito.
Passado um bocado, tira o telemóvel do bolso, um nokia 5300, e fica a babar para a foto de fundo até me estender o tijolo «vês, era tão lindo! depois cresceu...».
Nunca me senti tão aliviada por ter ouvido chamarem por mim.
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