terça-feira, 21 de agosto de 2018

a arte subtil de dizer não

É preciso falar-se mais da diferença entre impôr respeito e intimidar alguém - começar assim logo de pequeninos, nas criaturinhas da creche, a ver se a coisa lhes fica na cabeça e se um dia destes passamos a ter adultos capazes de conviver de forma mais... saudável, vá.

Escrevo-vos por estar zangada comigo mesma, e também é preciso assumir as falhas e torná-las num exemplo a não seguir. Estou furiosa por não ter sabido dizer não... por medo. 

Só isso: medo.
Medo de consequências que nunca poderiam (ou deveriam) existir, dado eu estar a recusar algo ao qual não sou obrigada e que me deixa extremamente desconfortável, e essa minha falha não me sai da cabeça. Se eu não quero fazer algo e, só por acaso, não faz qualquer tipo de sentido tentarem obrigar-me... porque é que o vou fazer?

Nunca fui esta pessoa. Nunca a quis ser.
Ganhei uma sensibilidade que repudio um bocadinho, e não sei se me tornei adulta ou só conas - qualquer uma destas realidades me deixa desapontada comigo mesma, e a perguntar-me por que raio atualizei para esta versão sem querer. Já terei dito vezes suficientes que me quero esbofetear?

Então, aqui estamos nós: not-so-wild cinderela, contrariada desta vida, a ter de fazer algo que não quer, porque teve medo de puxar aquele não lá do fundo. E olhem que era um não singelo, apesar de verdadeiro, sem trazer aquele "vai p'ró caralho" em anexo, por mais que a vontade fosse grande e os motivos não faltassem, mas a pessoa até é bem educada e tem umas noções de respeito pelo próximo.

Serve isto para que não me esqueça de todos os nãos que quero - e tenho de! - dizer nas próximas semanas, e para vos dar uma forcinha extra naquele não - ou no "cai p'ró caralho" - que têm entalado na goela.

Por aqui, planeio amanhã contrastar umas trombas cerradas com o meu vestido amarelo - a outra pessoa já ganhou, de qualquer forma: vai ter-me, contra a minha vontade, a fazer o que ela quer, mas pelo menos não vai levar o meu melhor sorriso, só naquela de não a deixar acreditar que não me importo.

Importo, sim.
E vou (re)aprender a dizer não a tudo quanto não me agrade.

2 comentários:

disse...

Devemos ter sempre "força" para dizer não quando não nos apetece dizer sim. Já quanto a dizer "vai p'ró caralho", é preciso ter cuidado e não deixar escapar um descabido "cai p'ró caralho". A não ser que o nosso desejo seja mesmo que a pessoa em causa caia de cu em cima uma grande "verga".
Ai essa falta de tempo para fazer a revisão dos textos... eheheh

Cláudia S. Reis disse...

Gostava de poder dizer que digo não com facilidade mas há momentos em que a coragem me falta. Já me vou conseguindo impôr mas há situações em que lá solto um sim apesar de contrariado. Sei bem que não deveria ser assim mas há coisas em mim que não consigo mudar. Ser totó é uma delas.