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quinta-feira, 8 de outubro de 2020

espécies de pessoas no ginásio

Apesar de adorar treinar, ontem estava num daqueles dias em que parece que fui para o ginásio com a bateria a 5% e a ameaçar desligar a qualquer instante. Vi-me obrigada a aceitar que, por algum motivo, estava demasiado cansada e a encurtar o treino.
 
Meio que danada comigo mesma, dei por mim a olhar à volta e a pensar nos vários tipos de gente com quem já por lá me cruzei, e na forma como nunca lhe dei o devido uso. Posto isto, segue-se uma compilação das espécies mais curiosas que frequentam o ginásio.

Espécie 1: O Parturiente 

O primeiro teria de ser sempre este - e quem não é capaz de identificar esta criatura mítica do ginásio, é porque nunca entrou num ginásio. Não há volta a dar. Isso... ou vocês são o parturiente do vosso.
Esta criatura, geralmente do sexo masculino, está sempre em trabalho de parto. Sempre. Possivelmente, julga ser sensual gritar enquanto levanta muito menos peso do que aquele que os meus bracitos suportam quando quero levar todas as compras, do carro para casa, numa só viagem, mas é só ridículo.
Adoram exibir-se e dizer que o treino é para doer, e muitas vezes acabam a mamar no biberon da whey. Ainda não consegui confirmar, mas desconfio que deixarão o ginásio também num seat ibiza rebaixado com a kizomba no volume máximo.

Espécie 2: As Comadres

Grupo de duas ou mais pessoas, podendo ser do sexo feminino, masculino, misto ou confuso, que se movem em bloco: se um quer ir para a passadeira, o outro vai para a passadeira também, se o primeiro quer mudar para a bicicleta, vão os dois para a bicicleta, and so on. Geralmente, estão a conversar sobre coisas que não interessam a mais ninguém, mas são particularmente irritantes numa fase em que o número de equipamentos está limitado.

Espécie 2.1: As Comadres Amantes

Exatamente o mesmo que as comadres, mas além de se moverem em bloco, fazem todo o treino juntinhos. Se um está a puxar ferro, o outro está atrás, à espera. Depois trocam de posição mas nunca, nunca, se largam.

Espécie 2.2: As Comadres Espiãs

Variante da anterior mas, no caso, as comadres formam mesmo um casal e uma delas parece só ter ido para se certificar de que o outro foi mesmo ao ginásio e não deu a desculpa do treino para se ir encontrar com a/o outra/o. 
A comadre espiã limita-se a seguir o tutxuzinho, praticamente sem treinar, antes que ele vá comer a porca da dona Amélia, que só anda no ginásio para fazer passadeira, enquanto ela não estiver a olhar.

Espécie 3: Os Esperançosos

Pessoa, podendo também ser do sexo feminino, masculino, misto ou confuso, que se pesa a meio do treino, completamente vestida e calçada. Aceito outras teorias, mas a minha é a de que estão a ver se já chegaram ao peso pretendido e podem dar o treino por terminado.
Se eu seguisse o mesmo método, viveria eternamente no ginásio.

Espécie 4: O Sonhador Artístico

Espécie, felizmente, rara que se senta no parapeito da janela e fica a olhar para a rua com o ar sonhador com que em 2009 se tirava aquela foto "desprebenidah", que toda a gente fazia de conta que não percebia ser uma selfie no tempo em que ainda nem se falava em selfies. Estão a ver a cena, não é?
O tipo que se acha sensualão e quer ser observado a sensualizar desprevenidamente. Só que de sensualão tem muito pouco. Ou nada.

Espécie 5: Os Trombudos

Odeiam treinar, odeiam pessoas e odeiam a vida no geral. Já chegam com ar de mal fodidos, olham para os outros com ar de mal fodidos, e tentam que os outros ouçam, por meio dos olhares assassinos, os "com licença" que lhes deveria sair pela boca, se não estivessem só com aquele ar... de mal fodidos.

Espécie 6: Os Caseiros

Estão em casa, é tudo deles! Estacionam numa máquina e pouco se importam se existem outras 59 pessoas à espera para a usar. Aproveitam para se sentar a descansar, a enviar mensagens, a olhar para o nada e tenho para mim que, não tarda, até as unhas dos pés cortam. 

Espécie 7: Os Carentes

Desconhecem o significado de distância social e de respeito pelo espaço vital do outro no geral. Deixam os pertences no parapeito da janela, para onde se dirigem a cada 30 segundos, mesmo que isso implique andarem a roçar o cu na máquina que outra pessoa está a usar. 
Pessoas: não é assim que se fazem amigos.

Espécie 8: Os Sovinas

Se pagam ginásio e o ginásio tem balneários, eles querem aproveitar a experiência na sua totalidade! Fazem-se acompanhar de todos os produtos de beleza e higiene pessoal possíveis, incluindo a máscara para o cabelo e... a gilete.

Espécie 9: As Estilosas

Sempre maquilhadas a preceito, nem quer seja para irem transpirar que nem porcas - ou então sou só eu quem transpira que nem uma porca e as outras moças vão ao ginásio só como quem vai desfilar. Deve ser por isso que, há uns dias, me cruzei com uma moça com um iluminador tão potente naquelas bochechas (ou maçãs do rosto, meninas de bem!) que me ia ferindo as vistinhas.

Espécie 10: Os Índios

De todas, esta é possivelmente a espécie que mais confusão me faz. Mais até do que os próprios parturientes!
Geralmente, esta espécie vai para as aulas de grupo gritar coisas como Uh-Uh, por motivos que creio que nunca saberei explicar, mas que me fazem sentir vergonha alheia do mais profunda possível.
Gente, não façam isto.

É por isto que esta que vos escreve nunca, por nunca ser, vai para este antro de espécies raras sem estar devidamente munida de fones para se esquecer de onde está. Na verdade... ainda gostava de ver em que categoria me colocariam aqueles que comigo se cruzam diariamente. Ou talvez não.

terça-feira, 2 de outubro de 2018

terça feira

Acordei, como de costume como sempre que consigo dominar a lontra obesa que há em mim, uma hora mais cedo, para ir correr.

Dormi mal, passei a noite a acordar mas, ainda assim, a culpa não me permitiu a fazer orelhas moucas ao despertador e falhar ao treino longo da semana - notem que só escrevi isto para fazer bonito, porque o que é para mim um treino longo hoje, é 1/3 do que eu era capaz de correr há um ano atrás. [Note to self: sim, sua lontra, vais mesmo lamentar não ter tirado o cu da cama; tu gostas de correr, pá!]

Portanto, a pessoa está na rua, a arrastar-se, às sete e pouco da manhã, e dá de caras com um nascer do dia espetacular. De verdade. Só não tirei fotos porque isso é para gente que finge que corre e se dá ao luxo de parar para fotografar o percurso. Ou os pézitos. Mas estava bonito, que fique o registo, e a pessoa achou que só podia ser um bom augúrio.

Só que não. 
De regresso a casa, com a crina a pingar suor, pronta para ir de férias para as maldivas, durante duas semanas, para descansar do treino, o que é que esta amável criatura descobriu? Que não havia água quente por motivos misteriosos que ainda estão sob investigação. 

Ora, como infelizmente os meus pais me deram aquela educação chata que implica tomar banho e não chegar aos sítios - principalmente ao trabalho - a meter nojo, só me restava tomar banho de água fria gelada ou ligar para o trabalho a dizer que estou pior da unha encravada e não podia vir trabalhar. Optei por correr o risco de entrar em hipotermia, porque é sempre uma maneira mais animada de começar o dia.

Findo o banho, que me deixou gelada durante as duas horas seguintes e a desejar ter vindo de gola alta, acabo de me arranjar eeeet, voilá: chego ao carro em cima da hora. Não me bastasse isso, recebo uma chamada, relacionada com o trabalho, que me atrasa ainda mais.

Portanto, temos uma lontra enregelada, de mau humor, e em stress porque odeia chegar atrasada. Ou em cima da hora, que seja. Mas o que é que poderia piorar?

Exato. 
Só mesmo um papa reformas, que é a pior invenção que algum dia poderiam ter feito - se as pessoas não estão habilitadas para conduzir, não deveriam andar na estrada e ponto final. Qualquer dia, estes velhos também se lembram de fazer concorrência aos taxistas e criam a reformify: o seu meio de transporte com a máxima segurança a 20km/h.

Alguém precisa de explicar a estas pessoas que não precisam de andar no meio da estrada; já que vão devagar podiam, sei lá... deixar os carros a sério passar, não sei. Assim na loucura.

Não me bastasse todo este stress e ter esgotado o plafond mensal de pragas rogadas no segundo dia do mês, ainda apanhei novamente um susto, daqueles de verter um pinguinho de xixi, com um camião. Numa curva. 

Também acharia agradável alguém se lembrar de lhes explicar que, lá porque não se iriam magoar por aí além se engolissem um carro ligeiro, não significa que seja bonito andarem na estrada com a atitude de quem não se importa de levar tudo à frente. A sério. 

Eu gosto de viver. 
Obrigada.

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

quantas calorias tem um kiwi?

Este é o post mais a sério sobre uma das coisas que eu vos vou dizendo a brincar - não é uma inspiração, nem sequer um pedido de ajuda. É o que é, porque a realidade nem sempre é o que gostaríamos que fosse.

Sempre estive acima do peso. Sempre.
Lembro-me de que, durante todos, absolutamente todos, os anos em que estive na escola, ia a tremer para aquelas primeiras aulas de educação física em que sabia que nos iam pesar, um a um, quase sempre à frente de todos; se, por ventura, essa pesagem era adiada, saía da aula mais aliviada do que se me tivesse livrado da forca. Tinha vergonha do meu peso e, agora, analisando a situação a frio, não sei dizer se o que me assustava mais era ter toda a gente a gozar comigo ou se era eu própria ser confrontada com a realidade.

Rasguei todos os relatórios dessa avaliação que me foram entregues. Nunca me ocorreu fazer o que quer que fosse para mudar a minha situação; estava infeliz mas tinha aceitado como verdade absoluta a premissa mais irrefutável de todas: era gorda, ponto final. E a vida corria.

Fugi sempre de balanças. 
Nunca tive muita noção do meu peso porque não me pesava, até ter entrado num ginásio e ter percebido que era, oficialmente, considerada obesa. Ah, e foi por isso que emagreceste? Não; as avaliações eram feitas, mais coisa menos coisa, uma vez por mês. O meu peso variava em dois ou três quilos, mas continuava um iô-iô. Um iô-iô obeso, já agora - a dada altura, cheguei a descer de categoria e passar a estar só com excesso de peso, mas consegui recuperar o meu posto. Para consultas futuras, fica o apontamento: não é mito. Ir ao ginásio três ou quatro vezes por semana não vai fazer grande diferença se continuarem a comer que nem porcos.

Foi preciso um susto, claro. 
Aos 20 anos foi-me comunicado que uma das minhas peças de origem já não estava em condições de continuar e, na impossibilidade de encomendar outra para troca, ia ter mesmo de funcionar com uma peça a menos - quero aproveitar para mandar um beijinho grande à minha vesícula e dizer-lhe que me estou a aguentar muito bem com a nossa separação; bem podes ficar por aí, pelas terras do além das vesículas, mais 80 anitos sem mim.

Percebi que algo tinha de estar muito errado: não é propriamente incomum que as vesículas se avariem antes do tempo e tenham de ser retiradas, mas é assustador que isso aconteça em alguém tão jovem. Ainda por cima tendo em conta que a minha estava particularmente mal estimada - dizia-me a médica, já depois da cirurgia, que eu nem sabia o quão doente estava. Livrei-me de uma bomba relógio e percebi, finalmente, que era melhor não criar outra.

Começou por obrigação: no primeiro mês, é estritamente necessário que se siga à risca uma dieta rigorosa, para habituar o organismo a viver com um orgão a menos. Depois, foi porque gostei do resultado.

A brincar e sem grandes dramas, perdi 20kg. Comprei uma balança e comecei a pesar-me sem medo, sem vergonha, sem sentimentos de culpa. Não fiquei magra, entenda-se, pelo menos segundo os padrões da sociedade - mas cheguei a um ponto em que estava confortável, em que gostava da imagem que via ao espelho, em que gostava de me ver na roupa, em que sentia, enfim, orgulho na mudança. 

O que é que poderia correr mal, não é? Vindo de mim, qualquer coisa.
O peso torna-se numa obsessão. Eu gostava de conseguir ser mais descontraída, de assumir que é normal, por exemplo, que tenha engordado na época das festas, dado que só fechei a boca às gordíces para as mastigar, especialmente agora que o meu trabalho é bastante parado. Mas não sou; fiquei maluca quando vi que o peso tinha aumentado, piorou quando me disseram que eu estava mais gorda, e agora juntei isso à minha resolução de perder mais uns quilos.

Não acho que esteja propriamente errado ter reduzido a quantidade de comida, numa tentativa de ajustar o que como à energia que gasto, nem é assim tão mal pensado ter trocado o iogurte a meio da manhã por fruta - mas pesar-me todos os dias, frequentemente mais do que uma vez ao dia, é um absurdo. Ficar com a consciência pesada de cada vez que ponho alguma coisa à boca, é doentio. Pesquisar quantas calorias tem um kiwi só porque, por algum motivo, ando viciada em kiwis, é igualmente estúpido.

Escusado será dizer que em poucos dias estava de volta ao peso inicial, o tal de antes das festas, mas agora já não consigo estar satisfeita com o meu corpo outra vez. O estás mais gorda ainda não me saiu da cabeça.

E a obsessão saga continua.

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

sobre a febre das corridas

Se, há 3 meses, me tivessem dito que em algum momento da minha vida eu iria publicar fotos minhas numa poça de suor e com o ar feliz de quem sente dores em músculos cuja existência desconhecia, ter-vos-ia chamado, no mínimo, parvos. Mas já o fiz, mea culpa.

Diz-se por aí que correr é moda - vivo melhor com isso do que com aquela dos ténis com pompons. Pouco importa o que leva alguém a calçar as sapatilhas naquele primeiro dia em que está mais ou menos certo de que vai correr 200 metros e cuspir um pulmão. O importante é que, ainda assim, as calcem e vão para a rua; quanto ao pulmão cuspido, relaxem e rezem para que o que sobra não salte fora nos 200 metros seguintes. Era chato.

Eu comecei quase por acaso. Durante muito tempo, preferi queixar-me da incompatibilidade dos meus horários loucos com os do único ginásio cuja mensalidade não me custava um rim e metade da família. Talvez por preguiça, talvez por ter ainda demasiado presentes as memórias daquela pequena lontrinha que não era capaz de dar duas voltas seguidas a correr ao campo da escola, descartei sempre a melhor e mais maravilhosa de todas as hipóteses: treinar às horas que bem me apetecesse e totalmente grátis. 

Provavelmente por estar cansado de me ouvir, um dia perguntou-me por que raio eu não começava a correr - nesse momento, foi como se tivesse visto a luz e descoberto a cura para todas as doenças e o caminho para a paz no mundo. Não que nunca me tivesse passado pela cabeça, mas faltava-me a coragem para começar - se não tivesse sido ele, ainda hoje andava por aí a choramingar pela falta de exercício físico. Eu não acreditava em mim, mas ele acreditou por isso safoda. Vim dar ao mesmo lugar.

Lembro-me do meu primeiro dia: saí do turno da noite, depois de 17 horas de trabalho, e fui correr. Ao fim de 15 minutos, tinha desistido da vida e estava pronta para tomar banho e enfiar-me na cama. Depois, nunca mais parei - minto. Esta era a frase perfeita, mas não é a verdadeira. Engonhei durante algum tempo. Senti-me estupidamente orgulhosa quando corri 20 minutos sem parar. E depois quando consegui fazer os meus primeiros 4km - deixei-me estar por aí. Já era um marco histórico na minha vida de lontra, e duvidava sinceramente que fosse capaz de mais.

E não é que era?
Frustrada por me sentir estagnada e demasiado lenta, procurei uma aplicação com um plano de treino diferente que me pudesse ajudar. Encontrei - faz hoje, precisamente um mês, e fez toda a diferença.
Se calhar eu nem precisava realmente de um senhor brasileiro a viver dentro do meu telemóvel e a dar palpites sobre como devo viver a minha vida mas, estranhamente, deu-me um novo fôlego e fez-me não desistir.

Descobri o prazer da competição contra mim mesma: todos os dias me tento superar, e todos os dias me surpreendo com essa versão de mim que vivia escondida por baixo das três mil camadas de banha - mais uma mentirinha. Também tenho dias maus, dias em que fico zangada porque não consigo cumprir o objetivo - mais do que o da aplicação, o meu. Outro há em que me dou ao luxo de meter a meta onde bem me apetece e fazer-me ir mais longe do que da última vez - hoje foi um desses dias. Eu não sabia que conseguia correr 5km, quanto mais 10! Mas sou. Caramba, este corpo, que tanto desprezei, é capaz de coisas que eu nunca pensei.

Não sou a melhor. Não tenho grandes ambições no que a provas diz respeito - tenciono melhorar-me a mim mesma, só. E, quando acabo um treino exausta, com dores em todo o lado, a gotejar suor, sinto-me tão bem que fui capaz de me tornar numa dessas pessoas que publica fotos nesse estado. Podem não ser as mais bonitas, mas é onde estou mais genuinamente feliz - o orgulho assenta-me mesmo bem.

terça-feira, 12 de setembro de 2017

lontras will be lontras

Então, a pessoa lembra-se de experimentar uma receita de panquecas saudáveis, com iogurte grego, numa de ensaiar pequenos almoços menos monótonos do que uma barrita de cereais - e faz.
Orgulhosa das panquecas saudáveis, a lontra prova-as e pensa: 

iam mesmo bem com nutella

(E não é que vão mesmo?)
Não há salvação possível.

sábado, 2 de setembro de 2017

cheat day ao contrário

Dá para perceber que algo não está a correr bem nesta pobre cabeça quando, segundo o meu plano de treino, só deveria correr amanhã mas, por qualquer motivo, está-me a apetecer tanto ir correr hoje que faço questão de o alterar.

Ensandeci. É oficial.

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

tenham pena dos que me veem a correr de manhã

Para vocês, comuns mortais, chegar à parte estranha da internet é começarem a ouvir uma música dos queen e acabarem a assistir ao parto de uma ovelha preta, no youtube. Para mim, é estar a ver a receita de uns bolos de côco saudáveis e descobrir, da mesma youtuber, um vídeo da rotina matinal dela, onde a moça mostra a maquilhagem que faz para ter um ar mais saudável a treinar. Em casa.

(e uma pessoa verte duas ou três lágrimas de sofrimento ao constatar que a criatura faz uma maquilhagem mais elaborada para acabar ensopada em suor do que eu faço para sair)

sexta-feira, 9 de junho de 2017

pára tudo!

Não foi por acaso - há uns meses que andava a choramingar que queria voltar para o ginásio mas, na roda viva em que ando, não tenho tempo. E também há uns meses que me diziam ah, mas podes sempre fazer exercício em casa!, e podia, que podia, mas, respondia eu, não é bem a mesma coisa.

Talvez tenha ensandecido, talvez tenha esgotado o lote de desculpas: incentivada pelo moço, que por acaso é um moço das corridas, fiz-me à estrada e comecei a correr. Deixem-me que vos diga que foi meio louco inicialmente - eu, a eterna lontra obesa, a gorda que era sempre a última a ser escolhida, a primeira a ser apanhada no futebol humano, aquela que não dava duas voltas ao campo seguidas sem quase cuspir um pulmão e desistir da vida, estava a correr. Por gosto. Wow.

Entenda-se que, nos tempos de ginásio, a corrida só me servia de aquecimento e eu levava a coisa pouco a sério - em boa verdade, andava mais do que corria, porque simplesmente não me apetecia e eu dava-me ao luxo de me arrastar para passar o tempo. Agora é diferente: desafio-me todos os dias. E já (me) falhei algumas vezes, mas também já me senti estupidamente orgulhosa de mim mesma - para quem não conseguia correr dois minutos seguidos sem caminhar durante os dez minutos seguintes para se recompor, vinte minutos sem parar já é uma maratona. 

Há quem diga que agora todos querem correr porque é moda - tanto me faz. Desde que vi sapatilhas com pompons que tenho a certeza de que há modas bem piores; eu demorei, mas acabei por perceber porque correm eles. Acabei por descobrir que há um prazer especial na superação dos próprios limites, nas pequenas vitórias, nessa quase loucura que é correr-se para lado nenhum quando se passa os dias a correr para todo o lado. 

E - como ele diz - agora é sempre a melhorar. E não desistir, nunca.