domingo, 19 de novembro de 2017

ontem,

[uma das primeiras coisas que te ensinei sobre mim foi que deixei de gostar do natal há muitos anos atrás. e tenho-o repetido, amiúde, de cada vez que alguma coisa me relembra de que essa porra acontece todos os anos. cansa-me o espírito de amor e magia artificiais, as falsas simpatias, a obrigatoriedade solene de parecermos todos felizes. de mostrarmos que o somos.

pensei nisto ontem, enquanto caminhava ao teu lado, envolvidos pelo frio gélido de uma noite de novembro. o natal é já ali. daqui a menos de duas semanas, terei a árvore de natal feita, mais por ser tradição do que por gostar realmente de a fazer. não tarda, seremos brindados com músicas alusivas à época em todos os centros comerciais, decorados até à exaustão, como se isso tornasse tudo mais real, como se nos transportasse para uma realidade diferente da nossa.

depois, olhei para ti. 
agarraste-me, beijaste-me no meio da rua. de repente, tomei consciência de que não faz mal que estejamos quase em dezembro, que haja anúncios de chocolates e brinquedos por toda a parte. dei-me conta de que, pela primeira vez em muito tempo, não há felicidade fingida nem mágoas guardadas a uma época que me traz sempre uma profunda angústia. este ano, estou suficientemente feliz para lidar com a mariah carey e os wham! em looping, sem sorrisos forçados ou o coração aquecido à força - o meu já está aconchegado e tranquilo, cheio daquela matéria incompreensível que faz as pessoas felizes.

obrigada por me teres ensinado o amor da forma mais inocente, e por me fazeres um bocadinho mais feliz, todos os dias. que venha o natal, e o início de um novo ano ao teu lado - desta vez sim, tenho motivos para sorrir. e para comemorar.]

1 comentário:

disse...

Pummmbas, foste atingida pela seta do "cuspido". eheheheheh