sexta-feira, 29 de junho de 2018

qual é o teu nível de rancor, cinderela?

Há dias, sugeri a uma pessoa que se dirigisse à loja onde trabalhei, dado a criatura estar a precisar de um dos serviços que a loja oferece - apesar de ter saído de lá porque se esqueceram de avisar que não tinham dinheiro para me pagar.

É este o meu nível de rancor.

(de salientar que, apesar de ter demorado bastante, atualmente já não me devem um cêntimo que seja)

terça-feira, 19 de junho de 2018

agora já posso voltar a entrar no coche

Dizia eu, há uns tempos, que tenho uma certa dificuldade em lembrar-me de meter creme nos pés, e é mesmo esta a verdade - enquanto no resto do corpo é só preguiça, dos pés eu só me lembro quando olho para eles e percebo que não há sandália que ponha estes cascos a parecer apresentáveis.

Ora, eu não saí agora da gruta, a pessoa sabia da existência da dr scholls, mas tinha pouca fé de que fosse muito mais eficiente do que aquela lima e a cena que parece um ralador que eu utilizo sempre que me cai a ficha e eu tento ter um pézinho mais parecido com o da cinderela, e menos com o do cavalo. Portanto, gastar dinheiro nessas cenas, 'tá quieto!

E quem é que entra agora para salvar a princesa em apuros? Isso mesmo: o lidl. O lidl e aquele corredor do meio que é uma espécie de salva vidas da malta pobre, fã número um de cenas baratinhas e com qualidade. Tal como eu.

Imagino que os funcionários do lidl, mais do que habituados a ver-me desfilar o fat ass por aqueles corredores, tenham metido uma cunha - antes que eu lá fosse à procura de duas ferraduras - para que lá, no corredor central, aquele da perdição, se tenham lembrado de vender uma lima elétrica - suficientemente barata para que, depois de alguma pesquisa, a pessoa tenha decidido que valia o risco de gastar dez euros. É possível que já tenha estado em promoção antes e eu não tenha dado importância, ou tenha fingido que não vi porque, como já se sabe, gosto pouco de gastar dinheiro.

Isto tudo para dizer que a dita lima funciona muito bem, que fez aqui um pequeno milagre em poucos segundos e eu estou genuinamente satisfeita com o resultado. Não conheço os resultados da outra, da lima com pedigree, mas esta rafeirita vale muito a pena - e não, o lidl não me paga para dizer estas coisas mas, se quiser, aceito bem o pagamento em gelado de doce de leite.

sábado, 16 de junho de 2018

cinderela e o médico do trabalho

Pela primeira vez, tive de ir ao médico do trabalho - para ver se tenho os dentinhos todos, se o tico e o teco estão operacionais, se vejo bem ao longe e não tenho maleitas esquisitas, essas coisas. 

Cheguei antes da hora. Mal entrei, dei-me com três portas abertas: dois consultórios, um deles vazio, e uma casa de banho - confesso, que eu cá sou pessoa honesta e não tenho vergonha na cara, que comecei logo a fazer olhinhos à casa de banho, que a pessoa não vai para nova e bebe água até mais não. 

Fiquei ali, plantada no meio da sala de espera, sem um balcãozinho com uma moça de sorriso colgate para me receber, e sem saber se pareceria muito mal pura e simplesmente utilizar a casa de banho como se não me tivesse dado conta de que existia um ser humano ali, a quatro metros de mim.

Fui fazendo pequenos barulhinhos, enquanto remexia na minha mala sem fundo, até que o moço me notasse. E notou.

Apareceu na sala um doutorzinho - elucidem-me: são mesmo médicos ou é um qualquer outro curso? - com todo o ar de quem poderia ter sido da minha turma - e não, não estou a dizer que ele parecia do ensino especial, mas aparentava ainda arrotar ao bolo do próprio batizado, tal qual eu. Perguntou-me o nome, o nome da empresa, e acrescentou:

- aguarde um bocadinho que eu já chamo. tire um frasco e vá fazer a colheita de urina.

Não quero parecer rabugenta, mas não gostei. Isto não é assim que funciona! Chega ali e, sem qualquer introdução, manda-me fazer pontaria para um frasco. Fiquei danada. E feliz, que uma desculpa para usar a casa de banho, ainda que precedesse the walk of shame, de frasquinho em punho, era bem vinda.

Ainda que aliviada, entrei no consultório de dignidade ferida. 
Começou o interrogatório, a auscultação, a subida para a balança. Estava a piorar a cada minuto, e eu resolvi vingar-me, mostrar-lhe que era uma moça que sabia das coisas por mais que tivesse entrado por lá adentro com um frasquinho de xixi na mão. 

Perguntou-me se nunca tinha sido operada. Falei-lhe das quatro primeiras, e acrescentei que a quinta, há dois anos, tinha sido uma colecistectomia. Olhando para trás, ainda podia ter acrescentado que foi laparoscópica, por mais irrelevante que seja tal informação, só para lhe mostrar que sei o que é uma laparoscopia e ele não pensar que é assim às três pancadas que me dá ordens.

Ficou a olhar para o ecrã durante um bocado, antes de perguntar:

- colecistectomia... tirou a vesícula, certo?

Foi a minha saída triunfal.

sexta-feira, 15 de junho de 2018

moms know better

A minha mãe comprou-me uma blusa, gira que só ela, na h&m. Notem que a loja só é relevante para que se note que não se trata de um artigo da loja dos chineses ou da feira, onde um XXL facilmente se parece bastante com um XS, e vice-versa.

Experimentei; fica-me bem. Folgadita, até, mas exatamente como gosto.

Quando a despi, constatei que se tratava de um 34. Voltei a olhar; não estava com alucinações. Reparem que esta pequena lontra, por mais que até se ande a portar muito bem, nunca nesta vida há de caber num 34 - nem quero, honestamente!

Perguntei-lhe que raio de número era aquele.

- olha, não sei! este 34 era exatamente igual à 38, e eu trouxe esta.

E isto, pessoas, foi um breve tutorial para que todas pudessem saber como aumentar a autoestima das vossas crias - é assim, a tentar convencê-las de que desenfofinharam porque cabem num tamanho de roupa ridículo, onde nunca caberão a não ser que fiquem seis meses a pão e água.

(nada temam, que eu prefiro vestir o 38 e comer o que me apetece)

quinta-feira, 14 de junho de 2018

randomness.

Por mais estranho que pareça, quase todos os dias abro o editor de texto do blog; ensaio posts atrás de posts que nunca me satisfazem, e dou-me por vencida por falta de tempo. Deixo o cansaço levar a melhor, e chateia-me que me contente com isso. Que viva mais feliz por estar cansada, por me faltarem minutos nos dias, por nunca conseguir chegar a todo o lado. 

Não me lembro de algum dia ter estado tanto tempo sem escrever, e chateia-me a facilidade com que o fiz, e que as saudades que tenho de escrever palavras bonitas não sejam suficientemente fortes para vencer a inércia, para calar todos os escrevo amanhã que me têm passado pela mente. Todos os dias.

Mais de um mês, e já foi tanto: acalmou-se uma tempestade, seguiu-se um funeral. Logo depois uma entrevista de trabalho, e um sim. O universo é irónico.

Obriguei-me a uma rotina rígida desde o primeiro dia de trabalho. Acordo sempre uma hora mais cedo, vou sempre trabalhar com aquela felicidade genuína do pós-treino. Voltei a correr. Devagarinho, mas voltei - não sei porque ainda cometo a burrice de parar, mas desconfio que é pela alegria de voltar, por aquela sensação boa de redescobrir que tenho gostos mesmo esquisitos e, afinal, correr sabe mesmo bem.

Ainda que sejam sete da manhã e eu pudesse estar a dormir. Tranquilo.

Mais de um mês e uma mudança drástica em mim. Planos novos, planos melhorados, velhos sonhos a tomar forma - envolvidos numa certa nostalgia, naquela nostalgia que precede o fim do mundo como o conhecemos. O prenúncio de um recomeço. O medo, também, aquele medo bom de quem sabe que nem sabe onde se está a meter, mas que está estupidamente feliz com a partida à descoberta.

Está tudo igual e absolutamente nada é como antes. Conheci pessoas também - daquelas pessoas boas que já vêm com cheirinho a casa, e que nos fazem sentir que o que se segue só pode ser bom. Conheci outros lados do meu rapaz que me fizeram ter a certeza de que escolhi bem - sinto que vivo ansiosa pelos próximos capítulos da minha própria vida. Deve ser isto que as pessoas sentem com as séries - mas, acreditem, acho que é melhor quando se trata das nossas vidas.

Passou-se mais de um mês. Na minha vida, talvez tenham sido três anos inteirinhos - mas estou calma, estou tranquila, estou bem. E talvez um dia destes vos fale das coisas boas, e escreva coisas bonitas sobre os meus dias, mas hoje não. 

Amanhã. 
Amanhã eu escrevo.