Desde que a minha cabeleireira, a santa padroeira dos cabelos bonitos, o anjinho capilar, a mãe das cabeleireiras, fechou o salão, que eu e sô dona mommy experimentamos cabeleireiras que nem dois velhotes a correr de tasca em tasca à procura do melhor vinho - estou a exagerar. Ela foi a um salão e eu a outro - já conheço aquele onde ela foi e tenho motivos para não gostar. Tal como arranjei motivos para desgostar daquele onde sentei o cu hoje.
Mal me sentei, comecei a tremer por dentro. A mulher estava a terminar uma manicure e ia-me lançando um olhar de assassina volta e meia, sabe deus porquê - só me apetecia sair dali a correr agarrada à cabeleira, não fosse ela pegar na tesoura e cortar aleatoriamente.
Assumo que falhei: a ideia era pintar de castanho, a fim de deixar de pintar mas, quando a senhora me entrega o catálogo e diz "entretém-te" eu vi demasiadas cores a fazer luzir os meus olhinhos para conseguir pintar de castanho. Pedi-lhe que fizesse o que lhe apetecesse - verdade seja dita, escolheu bastante bem. Juntou dois tons, algures entre o laranja e o vermelho, e ficou bonito. Só foi pena ter-se esquecido de pintar a raiz numa madeixa de cabelo... na testa.
Portou-se bem: percebeu que as pontas são só as pontas, e não voltei para casa com o pescoço ao frio. Mas esse foi um dos poucos pontos positivos porque, durante as duas horas em que lá estive, ponderei espetar a tesoura na carótida: apareceu uma velha, não muito velha, que estacionou a peida lá e ficou a conversar. Aos gritos - soube que comeu uma maçã vermelha ontem e uma amarela hoje. Vou guardar essa informação com carinho.
Esteve lá durante mais de metade do tempo - e, quando achei que não podia piorar, a mulher foi embora e a cabeleireira decidiu virar-se para mim. Não sei o que me enervou mais: entre o facto de me ter tentado impinjir produtos e tratamentos capilares e o facto de me ter feito um trilião de perguntas às quais não me apetecia responder porque sou pouco dada a fofocas, ainda não fui capaz de decidir qual é que me fez ter a certeza de que não volto lá.
Tenho de procurar uma muda ou que faça os clientes esperar na rua. Uma que se limite a prestar o serviço que lhe vou pagar... e em condições, se não for incómodo.
1 comentário:
Percebo o teu drama. Quando a minha cabeleireira deixou de trabalhar devido a um problema de saúde fiquei sem saber o que fazer da vida. Foi só quando dei pelo cabelo a bater no rabo que percebi que não podia adiar mais.
Felizmente foi uma vez sem exemplo visto que ela já voltou ao serviço. Aleluia, irmãos!
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