[tive medo, ao início: criei-te à medida de todos aqueles que haviam cruzado a minha vida até então, encaixei-te em histórias, em medos, em anseios, onde não pertencias, onde nunca pertenceste. fiz de ti o que nunca foste porque cheguei a ti moldada por um passado que nunca foi feliz. tive medo, ao início, mas depois fizeste-me uma visita guiada ao teu ser, mostraste-me os recônditos da tua alma, rasgaste os meus medos ao meio e reinventaste-nos - e eu nunca mais tive medo. pela primeira vez na minha vida, aninho-me em ti e não penso no fim. não o temo. não te temo, não te fujo.
surpreendes-me todos os dias: quando achei que os meus horários loucos iriam ser o nosso fim, chegaste e alinhaste os ponteiros do meu relógio para me mostrar que o início é sempre que nós quisermos. criámos sextas feiras só para nós: sextas às segundas, sextas às terças, sextas aos sábados. agora é sempre sexta feira quando me perco nos teus braços e te sussurro, mais uma vez, o quanto gosto de ti - as pessoas são mais felizes à sexta feira, não é? eu sou mais feliz em todas as nossas sextas feiras, espalhadas pela semana, porque te tenho comigo.
somos bons nisto de sermos nós: fazemos uma boa dupla - fomos rápidos a descobrir as palavras que faltavam nas frases um do outro, fomos rápidos a decorar os gostos, a perder a vergonha. passou pouco tempo e parece que fazes parte da minha vida desde sempre.
nunca conheci ninguém que decorasse as datas melhor do que eu, até que tu apareceste e isso me faz gostar ainda mais de ti - todas as datas que marcam a nossa história estão rodeadas com um círculo vermelho na tua cabeça, melhor do que na minha. todos os dias que nos fizeram chegar aqui, todas as palavras chave, todos os acontecimentos, estão arquivados na tua memória, sempre prontos a serem falados, sempre prontos a mostrar que tivémos um início complicado e que lhe démos a volta. soubémos fazê-lo muito bem - e não gosto menos do que somos do que gostaria se tivéssemos batido certo desde o primeiro dia. ensinaste-me muito, tanto: ensinaste-me a confiar em ti como nunca fui capaz de confiar em mais ninguém, e isso sabe-me pela vida. mostraste-me que é possível não ter medo todos os dias, medo de perder, medo de ser trocada, medo de ser traída, medo de ser abandonada. mostraste-me que é possível ser só estupidamente feliz sem ses, sem mas, sem senãos: gosto de ti, caramba. gosto de ti desde o início, mas gosto ainda mais de ti desde que me desprendeste das amarras que me impediam de o ser plenamente. sou feliz porque te tenho comigo - e à tua pergunta até quando? eu só posso responder para sempre.
dure o nosso para sempre o que durar, seja o nosso para sempre até quando der: mas há de ser sempre para sempre - não porque não saiba viver sem ti... mas agora que sei o que é viver contigo, não me apetece.]
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