Um santinho simpático para um milagre laboral.
(desculpem lá a desilusão, mas é para verem o que sinto quando leio anúncios de emprego para teletrabalho e afinal é só para vender sabonetes da avon)
Esta foi a forma mais leve que encontrei para explicar ao mundo o verdadeiro estado de calamidade, atualmente em vigor dentro de mim, que não foi decretado pelo governo mas está a ter bastante mais impacto do que o outro, o verdadeiro, aquele que deveria abranger toda a gente e relembrar que ainda estamos mais ou menos fodidos, embora já não pareça.
Tenho duas semanas para encontrar um novo emprego.
Duas semanas para fazer o que não consegui fazer em meses, e que tenho ainda menos esperança de conseguir agora, numa fase em que está tudo virado do avesso e a fé de conseguir um milagre escasseia a cada hora que passa sem qualquer resposta. Dizer-vos que estou a entrar em desespero não chega sequer para levantar o véu do que têm sido os últimos dias - ou semanas. Sinto um friozinho na barriga permanente, num desassossego constante que me acelera o coração e não me deixa respirar.
No final do mês, o meu contrato acaba.
Sempre imaginei que já teria conseguido encontrar alguma alternativa por esta altura. Que poderia entregar a farda, agradecer pelo ano de aprendizagem e sair, pela porta da frente, sem olhar para trás: não lamento, nunca lamentei, nada do que levo na bagagem, mas também nunca fiz questão de prolongar a estadia num lugar onde, claramente, nunca fui muito feliz.
Achei que tinha tempo, que a vida se haveria de compor.
Talvez tivesse tido, se não fosse tudo isto, se o mercado de trabalho não estivesse nas ruas da amargura e a concorrência tivesse aumentado drasticamente. Talvez tivesse sido possível, mas não foi.
Continuo em casa: ninguém fez questão de me avisar que afinal a clínica ainda não estava pronta para ter todos os funcionários a trabalhar e o meu lay off iria ser prolongado por mais um mês. Não posso, definitivamente, queixar-me senão de mim mesma, ou da pouca sorte ou das fracas escolhas, e de ter falhado redondamente em encontrar uma saída a tempo - tempo esse que parece não faltar e, ao mesmo tempo, nunca ser suficiente. Sinto-me a viver em contra relógio, numa batalha ingrata contra o passar das horas sem que mais nada possa fazer.
Resta-me respirar fundo, e esperar.
Esperar que ainda haja um plot twist na minha vida, que ainda bata certo no final.
Esperar que corra tudo bem.
5 comentários:
Confiança, otimismo e sobretudo acredita em ti própria.
Tenta enviar o teu currículo para o Lidl. Estão a recrutar pessoas e pelo que sei pagam uns 900 euros por mês. Mesmo num part time pagam bem pelo que ouvi dizer.
Nesta altura não é fácil arranjar trabalho ainda mais um que gostemos mas se quiseres tenta mandar currículo.
Muita força. Sei que vais arranjar algo bom.
Espero que as coisas lhe corram bem, que a vida não lhe seja muito madrasta.
Muito obrigada aos três! :|
Boa sorte!
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