quinta-feira, 21 de maio de 2020

o dia em que atirei a toalha ao chão

Este período tem sido bom para toda a gente: não houve uma alma que não se tivesse redescoberto, que, por ser proibido encontrar outras pessoas, não se tenha reencontrado. Agora toda a gente encontrou a chave para a felicidade e o sentido para a vida. Até já sabem fazer pão! Ou então não, mas parece mal dizer que nos sentimos miseráveis.

Falhei.
Mais de dois meses depois, não sei mais do que sabia antes. Minto: intensificou alguns sabores amargos e envolveu-me num medo ridículo de ter de me voltar a entregar a eles. Porque vou. A vida alinhou-se para toda a gente, mas não me deixou escolha: foi hoje que atirei a toalha para o chão e me dei por vencida. Tenho todo o tempo do mundo e mesmo assim sinto-me exausta porque há uma ansiedade que me consome e não me deixa dormir, neste frenesim de uma existência em contra relógio e da pressa de ser mais feliz amanhã. Não consigo mais.

Hoje resolvi deixar de procurar, e deixar de viver com o telemóvel na mão à espera de que ele toque. Pela minha sanidade mental, desisto agora para me permitir a perdê-la dentro de pouco mais de uma semana.

Já não há nada a fazer.

1 comentário:

helena disse...

Um grande abraço.