Por um conjunto de motivos pouco relevantes e que não me interessa mencionar, na sexta feira à noite acabei, muito pouco sóbria, sentada no chão à porta de uma casa de banho e sentou-se um tipo ao meu lado.
Disse-me desde logo que estávamos na boa, que tinha uma namorada há cinco anos e que não queria nada de mim, e acabámos por ficar a conversar durante imenso tempo, sobre tudo e mais alguma coisa, sobre o porquê de eu estar a deprimir numa discoteca, sobre tudo no geral. E eu devia ter percebido antes que o facto de ele se chamar joão não era um bom presságio, que eu já tinha tido o suficiente disso para uma vida inteira, mas deixei-me ficar.
O rapaz era adorável - juro por tudo que, em momento algum, se fez a mim ou deu a entender que queria mais do que uma conversa. Depois de lhe ter confessado os meus dramas todos, que o álcool tem destas coisas, acabou por me abraçar e deu-me um beijo na testa, antes de me arrastar de novo para a pista.
Correu tudo bem e, se calhar, podíamos ter sido bons amigos - mas, já na rua, pouco antes de eu me vir embora, o rapazinho apanhou-me distraída, agarrou-me de repente e beijou-me mesmo ali, à luz das sete da manhã. Mas beijou-me é eufemismo - na realidade, o tipo enfiou-me a língua pela goela abaixo sem pedir licença e, de resto, não fez mais do que o trabalho de uma centrifugadora.
Afastei-o uns dois segundos depois e entrou a adele a cantar we could have had it aaaaaaall enquanto eu olhava para ele, de olhos esbugalhados, e lhe dizia tu tens namorada! como se ele não soubesse. Foi triste, enfim - qualquer pessoa sabe que uma saída à noite ou uma ida à selva não são muito diferentes, mas quero acreditar que aquilo não foi mesmo premeditado e o mocinho reagiu a um impulso e que se arrepende tremendamente de o ter feito, ainda por cima quando a namorada é gira que se farta.
Por outro lado, eu voltei para casa com a certeza de que os gajos sabem ser os melhores amigos do mundo mas que eu estou mesmo bem é solteira e o melhor é virar freira antes que seja tarde, porque as gajas são tão cabras que nem virar lésbica compensa.
Sem comentários:
Enviar um comentário