terça-feira, 8 de março de 2016

sobre o vazio

Sabem aqueles momentos em que vocês são exatamente o que nunca quiseram ser?
Estou a atravessar uma dessas fases da vida; tornei-me na deprimência com pernas, mas uma deprimência à séria, coisa para ser o resultado do cruzamento do nicholas sparks com a florbela espanca.

Dizer-vos que há quase um mês que não há uma noite em que eu não adormeça a chorar pode fazer de mim uma daquelas criaturas de quem vocês querem fugir mas, uma vez que eu sou uma dessas criaturas que parecem ter contraído todas as doenças infecciosas do mundo ainda antes do nascimento, não há problema em assumir estas coisas; já fugiriam na mesma.

Não quero parecer demasiado triste, mas estou. Não quero escrever sobre isto todos os dias mas, se não o fizer, afogo-me de vez - assim, da maneira que as coisas vão, acho que me vou afogar na mesma mas sempre levo mais tempo. Mas, verdade seja dita, a ideia de um afogamento já me pareceu pior e, assim como assim, poderiam dizer a toda a gente que morri de amor. Ninguém precisa de saber que foi por falta dele.

Pode parecer dramático, mas é verdade; a minha realidade sempre foi mais feia do que a realidade dos outros, tal como eu. E ultimamente resumi-me à minha insignificância: uma gorda patética e solitária, tão descartável, tão dispensável, tão inútil, com uma existência demasiado vazia para se considerar alguém - é mais ou menos quando nos damos conta de que não existiria ninguém a sentir a nossa falta, se morressemos, que entendemos que não estamos a fazer grande coisa vivos. Essa ideia mata.

Perdê-lo não foi só perdê-lo; foi, antes de mais, perder os trinta segundos de felicidade nas minhas vinte e quatro horas de inferno - sim, é isso que têm sido, há demasiado tempo. Perdê-lo foi perder a esperança em mim, foi relembrar-me de que não sou boa o suficiente para ninguém, que não valho nada. Perdê-lo foi lembrar-me de onde vim e voltar para lá, mais sozinha do que nunca. E mais vazia, sim. Completamente vazia.

4 comentários:

Daniella disse...

É um pouco assustador como eu me identifico com este post. De há algum tempo para cá que também me sinto assim, e não sei o que fazer para me sentir melhor. Quero sentir-me mais que suficiente, mas não consigo. Não deveria ser assim..

Joana Sousa disse...

Ih. Não. Não, não, não. Estar triste é normal, mas não é por termos ficado sozinhos que passamos a ser insignificantes. Dizia para saíres desse buraco, mas sei que não é assim tão fácil...mas pede ajuda (fora do blog!). Força aí!

Jiji

Marilda Blasse disse...

Ola, sempre que posso passo por aqui leio seus posts e virei fã, ainda não tinha achado um dia com tempo suficiente para deixar algum comentário infelizmente, ando tanto nessa blogosfera que se fosse muitas vezes comentar por todos que ando em vez de trabalhar teria de tirar o dia pra ficar assim nas visitas...enfim
Hoje deu, apeteceu-me entrar aqui e ver quais a news, não gostei do que li, pelo simples fato por não gostar de ver as pessoas tristes e sofrendo, ja acho a vida com parcelas de sofrimento demais a ponto de deixar que outras pessoas acrescentem as delas, mas no seu caso fiquei por demais sentida. Sei que não é fácil, mas o pior de ler foi a falta de amor próprio, uma pessoa com tamanha inteligencia e criatividade não deveria se encaixar nas palavras que vc escreveu, pense um pouco, reflita, sou da opinião que Deus não nos da maior frio do que temos coberta, portanto tenha paciência, apascente seu coração e no fim tudo a de se acertar porque com certeza algo melhor te espera, sei também que é difícil crer nisto, mas acredite é a mais pura verdade, fica em paz porque dias bons virão, mas espere com paciência ainda haverá dias melhores!!!! Bjucas SoOonhadoras e loucas e sãs pra vc!!!

ernesto disse...

Às três, a resposta é a mesma: obrigadada :)