segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

os filhos dos outros

Uma das (muitas) coisas que me fazem confusão é constatar que, hoje em dia, há miúdos da escola primária a ter explicação. Claro que não me refiro a crianças que tenham, de facto, problemas cognitivos, dificuldades de aprendizagem, you name it - há casos e casos. Mas não consigo entender isto.

Dir-me-ão que as coisas estão diferentes, mais complexas, do que no meu tempo, ainda que o meu tempo ainda me esteja fresco na memória, mas lembrem-se de que, quanto mais novos, mais predispostos a aprender estamos. Não conhecendo o programa atual, arriscar-me-ia a afirmar que nele não constará nada que uma criança, com idades compreendidas entre os 6 e os 9 anos, não possa aprender.

O problema é que vivemos a era dos facilitismos, da inteligência artificial, e dos paizinhos raivosos, os mesmos das festas de aniversário espampanantes, que são incapazes de compreender que o joão, que tem suficiente a tudo, é tão válido quanto a maria que enche o peito de orgulho dos progenitores porque leva uma pauta corrida a muito bom para casa. Para quê sobrecarregá-los ainda mais? Em nome de quê?

Não tenho algo contra explicações a isto ou àquilo - nos últimos anos de secundário, eu própria tive ajuda para tentar resgatar a matemática, mas não surtiu grande efeito.  Contudo, e correndo o risco de acharem este argumento inválido, eu acho que há diferenças entre ter-se essa ajuda extra no secundário ou na primária: tenho sérias dúvidas de que uma criança que, logo no segundo ano, deixa de tentar procurar respostas para as suas dúvidas por si próprio, que deixa de estudar sozinho, algum dia o chegue a fazer.

Talvez isto nem vos faça sentido, talvez eu não tenha razão - para mim, é mais do mesmo: pais a tentar comprar a educação, a atenção, a ajuda, que deveria existir de forma gratuita e, principalmente, por vaidade. É sempre melhor exibir um filho que é o melhor da turma, não importa a que preço, assim feitos à pressa como quem engorda o porco antes de o matar.

Isto digo eu, que nem sou mãe nem quero arrendar o útero nos próximos tempos.

1 comentário:

Emma disse...

Uma vez, uma mãe ligou-me para dar explicações de matemática ao filho porque andava muito preocupada com ele... essa preocupação era que ele tinha baixado a nota para 75% -.- apeteceu-me responder à mulher para deixar de gozar com a minha cara.