[Cada fim do mundo promete sempre parecer mais doloroso do que todos os outros - e é, por ser parte do presente, por ser o agora que nos dói mais. São sempre mais difíceis esses fins do mundo que são os fins de tudo o que foi tudo por tanto tempo; talvez não seja ainda um ponto final ou talvez já o devesse ter sido há muito. Lamento-nos este amor, feito de água, que me escapa por entre os dedos por mais que eu o tente agarrar. Lamento-nos pelo momento em que nos perdemos e por todos os outros em que não te apercebeste que, mesmo deixando-me livre, me prendias com uma corrente suficientemente laça para que eu nunca lhe tenha tentado fugir. E hoje é mais um desses eternos fins do mundo porque decidi matar um amor já moribundo - um copo de veneno diluído em lágrimas e mágoas, um adeus que me arde no peito, e tomo-o todo de um trago só. Foi só a mim que matei. Fui só eu que te morri.]
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