terça-feira, 29 de março de 2016

aos fãs de star wars


Roam-se de inveja: sou colega do chewacca.
Não, não é montagem, não sou eu e não é um gajo. Trata-se de uma colega que sempre sonhou ter um casal de pulgas nos presuntos; inspirou-se. Foi um trabalho árduo, mas conseguiu acumular pêlo suficiente para cobrir a cabeça a oito carecas. Continuava a achar os pêlos demasiado pequenos. Pelo menos, para fazer rastas. Ou tranças. Ou californianas.

Graças a deus, livrou-se disto. Mas há imagens que ficam na mente de uma 'çoa, há traumas difíceis de lidar. Tenho para mim que passou a vestir calças quatro tamanhos abaixo, agora que se livrou da penugem. Desejem-lhe boa sorte. A ela e a mim.

precisava de desabafar

Após o falecimento do meu computador, vitimado no acidente - não foi capaz de resistir a um atropelamento e um banho de lama, paz à sua alma - tornei-me numa daquelas pessoas esquisitas que ficam estranhamente loucas sempre que encontram um pc à disposição.

Esta é a minha estreia num híbrido, e tenho a dizer-vos que estou apaixonada. Se, por um lado, não lhes achava piada nenhuma, poder tocar no ecrã e ampliar fotos até me ser possível encontrar todos os pontos negros está a fazer-me ponderar tornar-me criminosa e enfiar este pequeno no bolso. Shhhh.

vim só cuspir veneno

Desenganem-se se pensam que a minha vida é fácil, alforrecas: já se sabe que eu vivo à base do foda-se, mas é ainda mais triste começar a semana - ah, sim, começar a semana à terça; privilégios - a ter de virar as costas a um funcionário da cp para evitar mandá-lo para o caralho. Pode não parecer, mas eu até sou uma gaja bem educada.

Entenda-se que eu tento ser sempre o mais simpática que me é possível para os funcionários, porque ninguém merece ser mal tratado no local de trabalho. Pronto, sou um bocado parva com os tipos dos call center, mas uma pessoa também não pode ser perfeita!

Hoje, tentei pedir informações sobre os novos passes magnéticos. Note-se que, até à data em que eu e o meu carro nos enrolámos na lama, eu passei meses e meses sem andar de comboio e, por isso mesmo, não carregava o passe e estava alheia ao facto de ter até ao fim deste mês para tratar de fazer um novo. Dirigi-me ao balcão, e aconteceu isto:

- bom dia. queria saber como é que posso pedir um passe magnético, porque não tenho andado de comboio.´
- para este mês já não dá! o mais que lhe posso fazer é carregar o passe.

Fiquei baralhada, mas achei que o senhor me estava a tentar dizer que já não teria o meu passe novo antes de dia 1.

- tudo bem, se ainda dá para usar este...
Entreguei-lhe o passe. Olha-me como se eu lhe tivesse acabado de dizer que o pai natal não existe:

- ah, mas a menina tem passe? 
- pois, só vinha saber como é que posso ter um dos novos...
- isto é magnético?

Saltou-me a tampa. Parecia que estava a desabafar com uma porta. Ou com uma pedra. Ou com uma criatura cujo QI andava à volta dos 20.

- não, senhor! mas não me está a ouvir? este é dos antigos, eu não tenho andado de comboio!
- então tem de trazer uma foto tipo passe e uma fotocópia do CC. isto já era para estar tratado, o papel estava afixado desde o início de janeiro.

Por esta altura eu já estava capaz de o convidar a usar a minha bota como se fosse uma máscara de oxigénio, a ver se acordava. Respirei fundo. Não resultou; não me acalmei.

- ó senhor, mas está-me a ouvir? eu não ando de comboio há meses!
- então mas o papel está ali acho que desde dezembro! 

Ótimo. Agora já o tinham afixado um mês mais cedo. Afastei-me. Ainda lhe tentei explicar, mais uma vez, que não andava de comboio desde agosto e que não sabia que parte é que ele ainda não tinha entendido. Não sei se me respondeu; virei-lhe as costas, ironicamente, por ser bem educada e não querer recomendar ao homem que se dirigisse ao caralho. 

Seria agradável se as pessoas acordassem antes de se dirigir aos seus postos de trabalho - e que entendessem que, não usando o comboio como meio de transporte, se torna um bocado óbvio que não ia à estação só para lhes dizer bom dia. Sei lá. 
Eu tenho mau feitio e para mim hoje é segunda: não me fodam a cabeça.

sexta-feira, 18 de março de 2016

inté já!

Não faleci - mas, neste momento, dava-me um jeito danado que começassem a dar-me, sei lá, 100€ de cada vez que eu começo um post com «não faleci», naquela de justificar uma ausência de forma dramática. 

Não vou explicar porque não me apetece e vocês não têm nada a ver com isso. Posso dizer-vos que me caíram os colhões nos últimos dias e que ando aqui à procura deles porque sabe deus a falta que me fazem. Estou vivinha, que estou, e hei de voltar quando tomar uma dose de paciência e três de inspiração. 

Até lá, não chorem, não se matem e, sobretudo, não tirem macacos do nariz em público. É feio e nojento.

segunda-feira, 14 de março de 2016

quando a tua vida é tão estranha que nem sabes se queres rir ou chorar

Num momento eu achava que nem sabia o nome do gajo e no momento a seguir descobri que até já somos miguxos no fb há meses; temos uma amiga comum e a criatura adicionou-me quando ela postou uma foto comigo - benditos registos do fb!


A minha vida é um circo.

há uns anos eu gostei de mim aí por umas duas semanas

E às vezes eu até acho que a coisa vai resultar, que vou andar por aí a sentir-me normal e que realmente tenho salvação - mas é sempre sol de pouca dura.

Achei piada ao moço do supermercado - não, não piada ao estilo vou-lhe-saltar-para-cima-comprar-um-apartamento-com-vista-para-o-mar-e-ter-três-filhos-com-ele, é mais piada ao estilo não-sei-explicar-ao-certo-o-que-é-que-cá-vim-fazer-mas-és-fofo-e-eu-gosto-de-olhar-para-ti, o que é triste mas serve-me para me distrair da deprimência dos últimos tempos com o meu mocito. 

Tanto quanto sei, o gajo pode ser realmente a coisa queridinha que parece ou pode ser um serial killer ou, pior, casado e com cinco filhos de mulheres diferentes e um negócio de prostitutas para gerir. Na verdade, nem o nome da criatura eu sei - mas sou stalker e passo muito mais tempo do que o necessário a vaguear pelos corredores, meio por não ter por onde ir, meio por gostar de esbarrar com a criatura abençoada pelos deuses da fofura. Estou a brincar - ele nem é assim tão fofo, mas tem aquele je ne sais quoi que faz a roupa de uma gaja popicar - and that's the point

Não é que eu ache que a nossa relação não tem futuro - ele até já me perguntou se eu queria meter contribuinte na fatura! - mas só correu tudo bem até o gajo começar a olhar para mim também; uma gaja normal ficaria contente, mas a cinderela sabe que é feia, gorda e anormal, que o gajo olha para ela e vê uma aberração stalker, e então a cinderela adota a bitch face habitual e acabaram-se cá os sorrisos ou a tentativa de ar fofo e inocente, porque a cinderela é feia e um moço fofo não olha para uma cinderela que há de ser sempre gata borralheira - algo me diz que vou demorar a voltar lá. 

Viver com a minha cabeça não é fácil.

cinderela dá conselhos

Depois de uma incursão aos recônditos da minha mente perturbada, cheguei à conclusão de que um supermercado é, possivelmente, o pior sítio para alguém se apaixonar.

Não há melhor forma de se conhecer alguém do que num supermercado: aquelas pessoas sabem se vocês comem fruta, sabem que levam um tubinho de vaselina para casa todas as semanas, sabem qual é a marca dos pensos higiénicos e que são tão sovinas que levam sempre o shampô da promoção, sabem que levam o frango para casa sempre cortadinho porque são preguiçosas e que tanto álcool não pode ser saudável, que gostam de iogurtes de marca branca, que comem tortitas de arroz como se aquilo fosse, realmente, delicioso e ficam a olhar-vos de lado quando vocês - gordas, obesas! - compram um chocolate.

Se se apaixonarem num supermercado correm o risco de, sei lá, a meio de uma qualquer discussão, o gajo soltar um: vou contar a toda a gente que só usas papel higiénico com quatro folhas. cagona!

Não se apaixonem num supermercado. Nunca.

ups!

Ontem fui uma pessoa mais feliz: constatei que há gente cujas paragens cerebrais conseguem ser ainda mais tristes do que as minhas.

Depois de mais uma ida ao supermercado, paguei em dinheiro - a senhora da caixa tinha a dar-me 3,36€. Faz as contas, recolhe as moedas e entrega-me o troco, enquanto pede desculpa por ter de ser em moedas.

Ainda não percebi como é que ela me queria dar uma nota, mas ok.

isso

Mudanças.
Sou louca por mudanças - a cor do cabelo, a forma das unhas, o toque do despertador. Uma mudança dá-me sempre um novo fôlego, um gostinho a vai-ser-desta - embora não seja porque, já se sabe, esta pessoa não é filha da sorte -, mas renova-me a energia. 

Passado muito tempo, houve qualquer coisa que mudou aqui. Ainda não sei se é bom, ainda não sei se é mau, mas é diferente - o suficiente para me aguentar mais uns tempos, até à próxima crise existencial.

domingo, 13 de março de 2016

toca e foge

Costumo dizer, em tom de brincadeira, que os meus pais se esqueceram de me dizer que eu tenho um atraso mental - mas há momentos em que eu não estou bem a brincar sobre isso.

Há um mocinho bonito num dos supermercados onde costumo ir - não, não é a última bolacha do pacote mas, por qualquer motivo, eu acho sempre piada aos gajos que parecem só estranhos para a maioria das gajas; nerdzinhos, tipos com um ar esquisito, a típica cara de larguei-o-biberon-há-cinco-minutos. Criaturas estranhas, com eu.

Não sei o nome dele; passo por lá porque uma pessoa precisa de alegrar as vistas de vez em quando. Ontem tive a sorte de o apanhar exatamente no corredor onde precisava de ir - e isto foi realmente um ato de bondade por parte daquele deus que não me curte, porque foi a terceira vez que passei num supermercado para comprar a mesma coisa e estava sempre a esquecer-me -, e fui, confiante.

Estava a brincar - tremeram-me as mãos porque fico sempre a achar que o moço vai reparar que lhe acho piada e, com ele a olhar para mim, estava difícil focar-me na prateleira para onde me dirigia; sabem aquela gente desastrada que fode sempre tudo? Encravei o cesto das compras, não sei bem como, e fiquei a amaldiçoar-me mentalmente por conseguir ser tão retardada enquanto tentava soltar o dito.

Fui-me embora o quanto antes. E depois lembrei-me de que tinha de lá voltar porque aquele também era o corredor da gelatina; eu não precisava de gelatina, mas precisava de enfrentar as minhas paranóias e, então, fui na mesma. Foi deus, mais uma vez: uma cliente armou-se em parva com o rapaz e ele olhou para mim, não sei se a pedir socorro ou se por pensar que eu podia concordar cm a velha; sorri-lhe, ao mesmo tempo que me lembrava das três oreos que tinha comido antes de entrar e que, provavelmente, estava a exibir-lhe uma fileira de dentes pretos. 

E é isto que passa pela cabeça de uma gaja durante uma sessão de semi-flirt.

quinta-feira, 10 de março de 2016

quarta-feira, 9 de março de 2016

uma pessoa à espera de conversas sobre o sentido da vida e é isto

De um lado ficam as criaturas que, para meter conversa com alguém, usam um «olá» ou algo equivalente - de outro lado fica o tipo de gente que se mete comigo.




Deus não me curte.

terça-feira, 8 de março de 2016

sobre o vazio

Sabem aqueles momentos em que vocês são exatamente o que nunca quiseram ser?
Estou a atravessar uma dessas fases da vida; tornei-me na deprimência com pernas, mas uma deprimência à séria, coisa para ser o resultado do cruzamento do nicholas sparks com a florbela espanca.

Dizer-vos que há quase um mês que não há uma noite em que eu não adormeça a chorar pode fazer de mim uma daquelas criaturas de quem vocês querem fugir mas, uma vez que eu sou uma dessas criaturas que parecem ter contraído todas as doenças infecciosas do mundo ainda antes do nascimento, não há problema em assumir estas coisas; já fugiriam na mesma.

Não quero parecer demasiado triste, mas estou. Não quero escrever sobre isto todos os dias mas, se não o fizer, afogo-me de vez - assim, da maneira que as coisas vão, acho que me vou afogar na mesma mas sempre levo mais tempo. Mas, verdade seja dita, a ideia de um afogamento já me pareceu pior e, assim como assim, poderiam dizer a toda a gente que morri de amor. Ninguém precisa de saber que foi por falta dele.

Pode parecer dramático, mas é verdade; a minha realidade sempre foi mais feia do que a realidade dos outros, tal como eu. E ultimamente resumi-me à minha insignificância: uma gorda patética e solitária, tão descartável, tão dispensável, tão inútil, com uma existência demasiado vazia para se considerar alguém - é mais ou menos quando nos damos conta de que não existiria ninguém a sentir a nossa falta, se morressemos, que entendemos que não estamos a fazer grande coisa vivos. Essa ideia mata.

Perdê-lo não foi só perdê-lo; foi, antes de mais, perder os trinta segundos de felicidade nas minhas vinte e quatro horas de inferno - sim, é isso que têm sido, há demasiado tempo. Perdê-lo foi perder a esperança em mim, foi relembrar-me de que não sou boa o suficiente para ninguém, que não valho nada. Perdê-lo foi lembrar-me de onde vim e voltar para lá, mais sozinha do que nunca. E mais vazia, sim. Completamente vazia.

domingo, 6 de março de 2016

apaixonei-me pela code black

E agora tenho aqui um mosquito no olho.

ainda não foi desta que faleci

Dizia-vos eu, há uma semana atrás, que estava tão habituada a dias maus que começava a ter medo de comemorar os dias bons - e estava certa, pois tá claro! A seguir a duas horas de alegria veio mais uma semana de tempestade. E continua.

O mal de se gostar tanto de alguém é que queremos sempre desculpar, mesmo o que não tem desculpa. Apegamo-nos a um qualquer momento bom, nem que se tenham passado meses, décadas, sei lá, e concentramo-nos em tentar recuperar isso; não têm havido muitos momentos bons na minha vida nos últimos meses. Na verdade, ele era mesmo a única coisa boa nos meus dias iguais, mas perdê-lo não significa só perder os 30 segundos de felicidade em 24h de enfado - significa perder a pouca capacidade de confiar e a réstia de autoestima que ainda me restava. Significa destruir esse bocadinho que ainda estava intacto.

O mal de se gostar tanto de alguém é perder o norte numa altura tão complicada, numa situação tão difícil de julgar quanto esta; não é fácil estabelecer limites, saber até que ponto é ou não perdoável, meter-me no lugar dele. É difícil determinar aquilo porque tenho estado a lutar; não sei se é pela reconciliação ou pelo sossego de entender onde é que errei, embora entenda que perdi a confiança e a vontade de ficar aqui à espera de que ele se lembre de que nunca me fui embora.

O que nos acontece na vida não nos define, mas o que fazemos em relação a isso diz tudo sobre nós - e eu lamento ter chegado a este ponto. Lamento sentir-me a desistir. Lamento, juro que lamento, não aguentar mais - foi por o tentar ajudar que acabei por ser eu a precisar de ajuda. Mas, ao contrário dele, não tenho ninguém lá para mim.

E é por isso que desisto.

quinta-feira, 3 de março de 2016

ir às aulas sem conseguir que os vossos coleguinhas vos detestem - guia para totós.

Quer estejam só agora a entrar na escolinha, quer tenham andado no 1º ano com um dinossauro, acho que há uma regra de ouro que, infelizmente, a maior parte dos comuns mortais não domina. E é aí que a cinderela entra - está na hora de perceberem isto.

E a aula de hoje é...

*ba dum tsssss*

É verdade que os professores vos vão dizer que valorizam muito a participação na aula e que, tão ou mais importante do que o teste, tem o seu peso na avaliação final - e não, não é mito. Tudo bem. Retenham esta informação. Está?

Ótimo. Mas espero que os mesmos dois neurónios que vos permitiram compreender a premissa anterior também vos façam entender esta: participar não é dizer a primeira merda que vos passa pela cabeça. Não é com uma resposta aleatória e descontextualizada que vão conseguir um 20 na participação. 

Lamento informar-vos mas vocês não vão parecer mais inteligentes por, a meio de uma aula de biologia sobre, sei lá, hereditariedade, espetarem a antena aka dedo no ar e gritarem "sapatos!", ou "arroz de feijão...". Também não resulta lembrarem-se de, numa aula de matemática, decidirem perguntar a massa do sol, só para parecer que têm alguma coisa a dizer e para mostrarem que sabem que há um sol e que o sol tem uma determinada massa e que vocês têm um atraso mental e não sabiam como dizê-lo sem uma demonstração prática. 

Desculpem: vocês são o terror das pessoas que gostam de aprender e fazem com que elas temam, diariamente, ficar estrábicas dada a quantidade de vezes que acabam a revirar os olhos por vossa causa.

quarta-feira, 2 de março de 2016