quarta-feira, 31 de agosto de 2016

fingers crossed

Em tempos de guerra, comemoram-se os dias zero. Dias de recomeço, dias de desafio, dias de medo, dias de friozinho na barriga, dias em que se é feliz a ser outra coisa qualquer.

Dias zero. 
Amanhã é um deles.

das saudades

Portuguesíssimos, o saudosismo exacerbado está-nos cravado a ferro e fogo na alma: crescemos a acreditar que se morre de saudades. E vivemos à espera de que as saudades nos matem; demorei, mas percebi que é verdade. Percebi que são as saudades nos consomem mesmo, por passarmos a vida a tentar voltar atrás.

Entendi isto recentemente: as saudades aprisionam-nos no passado. Levam-nos a achar que nunca poderemos ser tão felizes quanto já fomos e fazem-nos insistir na ideia absurda de arrastar o passado para o presente - e tentamos, tentamos, tentamos. Levamos uma vida inteira de lágrimas pelo que já passou e somos tão estúpidos que nunca percebemos que somos infelizes porque insistimos em impedir-nos de ser felizes hoje - alimentamo-nos de recordações, de sentimentos passados, tantas vezes mortos, e acreditamos que não há mais nada a fazer por nós.

Estúpidos. É isto que somos todos: estúpidos.
O passado pode ter sido bom, mas o presente pode ser ainda melhor - há que desligar, há que recomeçar, há que permitirmo-nos a ser felizes outra vez. Há que arrumar cada tempo no seu lugar... e ser feliz. Ser muito feliz.

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

agosto de 2016

A fase da vida de uma 'çoa em que a frase mais romântica que se pode ouvir é...

*rufam os tambores*

és um pokemon raro. raríssimo.

Da saga: socorro, estou interessada num nerdzinho!

este feitiozinho de merda

Podia escrever-vos sobre o quão bom foi o meu primeiro encontro oficial, que podia - mas, ao invés, também posso contar que o meu feitio danado fez das suas: uma gaja ligou-lhe. Atendeu, disse-lhe que lhe ligava em seguida e nunca mais aconteceu. Eu fiquei calma, aceitei a explicação de que já estava à espera da chamada da criatura, mas o nome ficou-me gravado na mente.

E então, como boa gaja que sou, expert em stalkarismo, apressei-me a iniciar uma pesquisa avançada sobre a vida da gaja. 
Encontrei uma foto deles, juntos. Há mais de um ano. E a foto é inocente mas o meu cérebro não e os comentários não são conclusivos - nham nham nham de certeza que têm um caso, nham nham nham de certeza que eles estão juntos agora e que é por isso que ele não responde, nham nham nham estou zangada da vida.

A miúda vive longe dele pra caralho mas nem isso ameniza a dose de ciúmes, de insegurança e de vontade de acabar já com isto antes que acabe comigo.
Não há cu que me entenda.
E é exatamente por isto que ele nem sonha que eu tenho um blog.

terça-feira, 23 de agosto de 2016

gajas

Ele continua convencido de que invento desculpas para não estar com ele porque não estou interessada - estou para ver a cara dele quando eu arranjar coragem para lhe explicar que só adiei o encontro porque não tinha o cabelo em condições para ter um encontro.

Ó deus.

domingo, 21 de agosto de 2016

perks of being complicada pra caralho

A vantagem de ter este feitio retorcido, de mostrar as garras de dois em dois minutos, de deixar assente que dou muito trabalho e que estou bem longe de ter a cueca aberta ao público é que, quando alguém passa por todos estes testes de fogo e continua a querer estar comigo, não há espaço para dúvidas: a pessoa quer mesmo estar comigo.

E tem uma coragem do caraças.

domingo, 14 de agosto de 2016

banda sonora para hoje e para todos os dias da minha vida

it's too late to apologize, it's too late.

missão falhada

Há uns anos, um rapaz perguntou-me quem é que me tinha feito tanto mal para me ter deixado neste estado. Não me lembro do que lhe respondi: possivelmente, contei-lhe duas ou três histórias passadas, que me pareceram uma justificação plausível para as minhas desconfianças naquele instante. No entanto, todo este tempo depois, eu ainda não sei a resposta - talvez tenha de contar a minha história toda, e talvez nem isso seja suficiente.

Quando era mais nova, cheguei a achar que o facto de não confiar em ninguém era vantajoso e me dava alguma superioridade - sempre a fugir de toda a gente, entregue à solidão e emaranhada em livros, eu ia sendo feliz por entre os intervalos da dor. E acreditava piamente que aquela era a melhor solução: quantas menos pessoas eu tivesse na minha vida, menos provável era que alguém me magoasse. Mas cresci: cresci mais ou menos sozinha. Domei um bocadinho a minha personalidade esquisita, mas não fui capaz de amansar a desconfiança.

Creio que não seja disparatado de todo dizer que o meu problema não é não confiar nos outros - é o não confiar em mim. O sentir-me sempre à margem, o achar que não sou suficiente, que não valho a pena. São estes sentimentos que me conduzem sempre ao desespero: se eu sou uma merda, quem é que vai olhar para mim? Só podem estar a usar-me. Ou a gozar com a minha cara. E fujo: fujo com todos os bocadinhos de mim que nunca entrego a ninguém, mas com o peito um bocadinho mais pesado porque levo uma nova mágoa comigo. Vou sempre certa de que o erro foi meu e, ainda assim, invento mais desculpas, procuro mais defeitos, só para poder culpar os outros. Só para garantir a mim mesma que fiz muito bem em fugir. E isto... bem, isto acontece sempre que sinto qualquer laivo de interesse por alguém.

Há alturas em que nem eu me suporto - tanta impulsividade, tanta frontalidade, tanto medo, dão cabo de mim. Não é uma coragem exacerbada que me faz saltar para a linha da frente e meter as cartas em cima da mesa: é o medo. O medo que eu tenho de me dar a alguém, de deixar que alguém crie raízes em mim, que me faça sentir alguma coisa. É por medo, por covardia, que digo tudo o que penso e o que sinto. Mostro-me como sou e depois mando-os embora: sou um poço de problemas. Sou mesmo. E eu também me detesto um bocadinho.

Ontem, mandei-o embora: depois de tantos dias a controlar-me, morri na praia e não aguentei mais. Eu não sei se ele era tão boa pessoa quanto me parecia ou não, mas estou certa de que queria descobrir - há muito, muito tempo que não conhecia alguém que me desse tanto prazer conhecer. Que me fizesse querer sempre descobrir mais e mais, que me desse a sensação de que valia a pena - foi a perceção de que me estava a começar a interessar por ele, a ideia, ainda longínqua, de que me poderia apaixonar se me deixasse ir, que me meteu em fuga. Que me tornou na mesma pessoa doentia de sempre, que me meteu à procura de provas, que me fez ficar a controlá-lo ao longe para tentar perceber se era ou não verdade. E era; era mesmo. Mas ontem duvidei outra vez - pediu-me que esperasse até hoje, e eu podia ter esperado. Podia e devia ter acreditado nele e ter sabido esperar, mas não consegui.

Ontem mandei-o embora e arrependi-me disso três segundos depois de ter enviado a mensagem: talvez ele não fosse mesmo a pessoa que me parecia ser, mas talvez fosse. Talvez ele acabasse por me desiludir, como todos os outros, mas talvez não. Talvez eu nunca me chegasse apaixonar por ele, mas talvez sim. E eu gostava de não me ter sabotado outra vez, gostava de me ter oferecido a oportunidade de descobrir tudo isto, em vez de intuir que ele não vale nada só porque me fez sentir alguma coisa boa.

Ahhhhh. Há mesmo dias em que até eu me detesto.

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

clap clap clap

Cinderela respira fundo e aguenta firme: mais um dia em que me consegui convencer - mais ou menos - de que os motivos dele são válidos e verdadeiros e de que vale a pena dar o benefício da dúvida e esperar mais uns dias. Dois ou três dias.

Hoje quase que até enviei uma mensagem mais ou menos fofa a pedir desculpa por ter sido bruta da última vez que falámos, a explicar que foi só um dos meus ataques de dúvidas mas que já percebi que ele disse a verdade e está tudo bem - mas isso já eram confianças a mais.

Não o mandei embora, já não é mau.

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

férias aos 84 anos

Depois de três séculos a implorar, a desesperar, a rastejar por férias, aproveitei os dois primeiros dias para fazer limpezas e conto passar os próximos de forma semelhante, adormeci a ler depois de almoço e mal consigo andar porque - sabe deus porquê - me dói o pé.

É este o meu triste relato.
No próximo ano, conto passar as férias a fazer concursos de peidos com as outras velhotas.

breathe in, breathe out: escrevi aqui para não enviar ao dito. e vai correr tudo bem.

[gostava de ser mais calma, não penses que não. gostava de não pensar tanto e de não ter tantas feridas abertas a boicotar qualquer tentativa de ser feliz - não que esteja certa de que poderias ter alguma influência nisso, mas sei que queria tentar. queria não me pôr a fugir sempre que sinto que me posso interessar, queria não me tornar nesta pessoa doentia que fica sempre à espera, que procura indícios de que está a ser enganada, que está sempre pronta a disparar. eu não gosto de ser esta pessoa, não penses que gosto. 

sei que está errado, sei que não é bom para ninguém. eu gostava de conseguir confiar em ti. gostava de aceitar que estás a falar a sério, gostava de conseguir dar-te uma oportunidade. e a mim também.
sei que não faz sentido mas hoje decidi que ia esperar uns dias, que ia confiar. e hoje também decidi que me vou embora, que não confio. 

hoje não sei o que fazer outra vez e a culpa não é tua: é e será sempre minha, da minha alma desconfiada, da minha tendência absurda para duvidar de tudo.]

de mim para qualquer gajo que cruze o meu caminho


i told you that i was trouble, 
you know that i'm no good.

terça-feira, 9 de agosto de 2016

hoje,

[primeiro pensei que nada doeria mais do que vê-la morta no caixão, depois pensei que nada seria pior do que ver o mesmo caixão a ser enterrado no cemitério, mas entretanto percebi que a dor verdadeira está nos outros dias todos que se seguem.

eu era dela todas as tardes - pegou-me o amor pelo café, pegou-me o gosto pelas conversas longas. sempre que estava em casa à tarde, esgueirava-me até à casa dela, logo depois de almoço, baixava o som da televisão e sentava-me no canto da mesa, no mesmo sítio de sempre, com ela ao meu lado. uma chávena de café e três ou quatro histórias, contadas ano após ano, durante horas - estou capaz de jurar que já as sabia de cor mas nem por isso era menos feliz ali, com ela perto.

hoje foi o meu primeiro dia de férias e pûs-me a olhar para a casa dela, logo depois de almoço. na casa onde ela não está, na casa para onde ela não volta mais - e hoje doeu outra vez.

doeu mesmo, caramba.]

já me calo

A parte boa da coisa é que eu não me ligo facilmente a ninguém, e então está tudo bem na mesma. Ou não está - não está porque me zango comigo mesma, porque me cansa desconfiar de tudo e todos e porque me sinto ainda mais solitária nos dias em que me dou conta de que não sou mesmo capaz de deixar alguém instalar-se na minha vida.

não se entusiasmem

Poderiam, sei lá, no auge da loucura, estar à espera do início de uma nova era, de posts felizes sobre como me fui apaixonar outra vez, mas desenganem-se: o laivo de interesse não está, sequer, próximo da paixão e, de qualquer forma, estou a poucos minutos de escrever aquela mensagem que escrevo sempre.
ó amigo, isto foi muito giro, gostei muito de te conhecer mas esta pessoa é mais complicada do que um livro do saramago escrito em paquistanês de trás para a frente, e então está na hora de ires à tua vida porque eu não confio em ti. nem em ninguém. e então começo a ficar maluca, a cronometrar o tempo que demoras a responder, a perguntar-me porque é que não respondes, a perguntar-me o que fiz eu de errado desta vez. e a trepar paredes. não pareço adorável, pois não? não. eu também odeio esta minha faceta e é por isso que me voy. esta cabra desconfia até da própria sombra e torna-se doentia. jinhos fofus.
E então voltamos aos posts lavados em lágrimas e às músicas da adele.

coerência

Dizia-me há uns meses que as coisas tinham mudado, que o que sentia por mim já não era a mesma coisa e que eu precisava era de ir arejar, de conhecer novas pessoas, conhecer alguém. 
Por respeito, e porque continuamos amigos, contei-lhe quando aconteceu, quando alguém conseguiu, finalmente, fazer-me sentir algo de bom outra vez.

Ficou com ciúmes e deixou de me falar por dois dias.

domingo, 7 de agosto de 2016

nojo

Chateia-me mesmo ver casais, supostamente, felizes quando sei que um deles anda a trair o outro. Chateia-me e entristece-me.
Não se pode confiar em ninguém.