Velhinho, pequenino, frágil, sentado numa cadeira de rodas na sala de espera, chorava. Chorava muito. Olhei-o, renitente; sei que não gostam da ideia de irmos a correr falar com os doentes, sei que, num hospital, chorar é tido como um comportamento normal, tão banal que não vale a pena abandonar os nossos afazeres. Olhei-o outra vez e não pude resistir.
Era o desespero de se ver doente, numa cadeira de rodas. A sensação de ser inútil, de só trazer problemas, de ser aquele o seu fim - e chorava, aquele velhinho pequenino e frágil. Chorava porque preferia morrer a ver-se assim, a dar trabalho. Um par de olhos azuis marejados de lágrimas e cheios de sofrimento; não sei que doença ali o levou, mas vi a dor que carregava e isso foi mais do que suficiente para mim.
Na sexta feira foi a primeira vez que me fui embora por não aguentar sentir as lágrimas nos meus próprios olhos.
6 comentários:
E assim que a sociedade nos faz sentir, depois de nos ter sugado a vida por uma palhinha. :/
Demasiado triste, mesmo :|
Quase tão triste como a vida deste blog, nos últimos tempos.
Vê lá se atinas, estupor. eheheheh
Eu bem tento, mas não anda fácil :|
:(...
Caramba :(
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