Aquilo não lhe saía da cabeça. Talvez o meu destino seja ficar sozinho, chegou a pensar. As pessoas aproximavam-se dele, mas depois, no fim, acabavam sempre por partir. Vinham ter com ele à procura de alguma coisa e, ou porque se mostravam incapazes de encontrar o que pretendiam, ou por ficarem desencantadas com o que encontravam, davam-se por vencidas e desapareciam. Um dia, subitamente, volatilizavam-se. Sem uma palavra de despedida, sem grandes explicações. Como se um machado afiado cortasse de um só golpe os vínculos que os uniam, pelos quais ainda continuava a correr sangue quente que fazia palpitar as veias.Havia nele qualquer coia que afastava os outros, qualquer coisa de primordial.
Haruki Murakami,
a peregrinação do rapaz sem cor
Sem comentários:
Enviar um comentário