Esta pode parecer uma observação absurda, digna de quem não tem mais nada que fazer da vida, mas sempre me surpreendeu a quantidade de pombas que se passeiam pela estação de coimbra com defeitos nas patas, umas com "dedos" (é correto dizer-se que elas têm dedos?) a menos, outras com uma pata que deve ter ficado algures na segunda guerra mundial. Quer dizer, como é que, podendo voar, elas se deixavam magoar àquele ponto?
Entretanto apercebi-me de que nós, humanos mais ou menos humanos de vez em quando, sofremos exatamente do mesmo mal - mesmo quando temos um milhão de maneiras diferentes de fugir, deixamos que nos firam de morte, que nos deixem marcas para toda a vida, só por orgulho. Só por teimosia. Só para um dia podermos dizer - eu estive lá e fui até ao fim. Tentei até um filho da puta me ter rebentado os colhões.
E estamos todos felizes porque fomos estúpidos mas agora temos marcas de guerra, porque fomos ao tapete e acreditámos que aquela merda era como nos filmes e se ia meter a voar, mas nunca desanimámos e voltamos a atirar-nos ao chão quantas vezes forem precisas. Tipo pombas. Mas elas acho que só se metem nestas pela adrenalina - façam-se pernas de pau e deixemos a vida correr.
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