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terça-feira, 9 de dezembro de 2014

antigamente é que era bom

Não morro de amores por árvores de natal brancas, apesar de sempre se poder desculpar com a ideia da neve e tudo e tudo mas, ainda assim, parece-me meio exagerado e desnecessário - mas as árvores de natal roxas até me fazem saltar os olhos das órbitas. Qual é a ideia? Um pinheirinho espancado? Um pinheiro azarado que levou com uma lata de tinta em cima? Um pinheiro asfixiado?

Nada disto me faz muito sentido - chamem-me tacanha, vá lá. Passo a vida a querer abrir os horizontes às pessoas e depois sou a primeira a impor-me quando o assunto são árvores de natal roxas e toda uma panóplia de decorações que lembram tanto o natal quanto o o meu bikini azul - mas torna-se ridículo. Eu sei, eu sei que há gajas que saem à rua todo o ano armadas em árvores de natal da loja dos chineses, mas daí a partirem do princípio que esta época é uma boa desculpa para pendurarem borboletas prateadas num pinheiro roxo no canto da sala, já vai uma grande distância.

E então isto é cada vez mais sobre estilo, vaidade, decoração e, sobretudo, marketing, e menos sobre o amor e o quentinho da lareira rodeada pela família. O nascimento do menino nunca me disse absolutamente nada porque fiquei fodida por nem me terem convidado para ir comer bolo ao batizado, mas para mim o natal era um pinheiro bravo apanhado onde desse, trazido para casa e enfeitado de uma forma tão pirosa que metia dó mas, mesmo assim, sabia-me a natal, a conforto, a amor. Agora detesto o natal.

sábado, 6 de dezembro de 2014

desculpem lá

As pessoas são todas uma merda - esta é a minha frase preferida e a minha teoria mais amplamente partilhada com o mundo em noites de bebedeira, mas nada disto lhe tira a veracidade. As pessoas são uma merda porque somos todos iguais; em algum momento das nossas vidas, há de aparecer alguém que nos diz que somos especiais por isto ou por aquilo, pela forma única como fazemos as coisas, mas é tudo absurdamente falso. Há sempre mais alguém que pensa como nós, que fala como nós, que faz como nós. Sempre. O que nos vai diferindo é o facto de sermos todos uma junção única de traços da personalidade de várias pessoas diferentes e, de vez em quando, essa mistura é tão improvável que acabamos por nos destacar e parecer especiais. Mas não o somos nem nunca o seremos na realidade e, se perdermos tempo a conhecer as pessoas como deve ser, vamos acabar por entender que, por mais que uns disfarcem melhor do que outros, somos todos uma merda. Somos todos a mesma merda.

outros pormenores

Houve uma altura em que eu vivia na ilusão de que tinha uma definição certa para mim própria e que estava plenamente consciente de quem sou - mas descobri que não é bem assim, que não nos vamos tornando mais seguros do que somos com os anos e que crescer passa por aceitar que, na maior parte do tempo, não fazemos a mínima ideia de coisa nenhuma. 

Entendo agora que nunca sou a mesma coisa durante dois dias seguidos, que mudo de direção mais depressa do que o vento e outras vezes vou à boleia dele, porque preciso de me perder só para ter o gostinho de me encontrar outra vez. E também não tenho uma explicação lógica e racional para cada uma das minhas decisões - sou exageradamente impulsiva e medianamente louca. Nos escassos momentos em que tenho juízo, percebo que tem tudo muito mais piada quando se perde a cabeça. Mas juro, juro, que não sei a quantas ando nem para onde vou; divido-me em duas, ou em mais, mostro o meu ponto de vista conturbado e esquisito, deixo que o mundo entenda que não vale a pena perderem tempo a tentar entender-me porque eu não faço sentido nenhum. E há dias em que me sinto sozinha dentro das minhas escolhas absurdas, mas há outros em que não trocava de lugar por dinheiro nenhum deste mundo. 

Entendem o problema? É que eu desligo-me das pessoas, fujo-lhes, porque nunca estou bem em lado nenhum. Sinto que lhes falta alguma coisa, que estão incompletas, mas não sei o que lhes falta nem como as completar - e então fujo-lhes, cobarde e inflexível, incapaz de me domar ao ponto de encaixarmos mais ou menos porque quero tudo por inteiro. Mas no dia a seguir já lhes sinto a falta e bate-me à porta a ideia de que é tarde demais. O meu problema é isto: preciso de experimentar para saber se gosto, se quero, se vale a pena, ignorando o facto de haver coisas que não voltam depois de as termos descartado uma vez. Já não sei o que fazer comigo mesma porque nem eu sei o que quero. Então e agora? Perdi-me outra vez.

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

isto sou eu perturbadíssima

Sempre me fez uma certa confusão aquela velha mania, comum a quase todas as gerações, de, sempre que alguém tem um menino e uma menina, dizer tens um casalinhooo! Talvez isto seja a minha mente maldosa a dar de si, mas parece-me sempre uma promoção barata e doentia ao incesto - como assim, são um casalinho? Há qualquer coisa nisto que me soa estupidamente errado. 

Estão a imaginar o que é que seria se gémeos falsos, vulgo, um casalinho do mais puro e antigo que há, decidissem escrever nos seus votos de casamento qualquer merda tipo desde o útero que sou completamente louco por ti? Ou, pior ainda, se fossem mais longe e dissessem lembro-me de que foi ainda na uretra do pai, enquanto corríamos a toda a velocidade, que eu olhei para ti e percebi que eras o tal. Soa mal, pois tá claro!

terça-feira, 25 de novembro de 2014

outras teorias

meio nonsense

Esta pode parecer uma observação absurda, digna de quem não tem mais nada que fazer da vida, mas sempre me surpreendeu a quantidade de pombas que se passeiam pela estação de coimbra com defeitos nas patas, umas com "dedos" (é correto dizer-se que elas têm dedos?) a menos, outras com uma pata que deve ter ficado algures na segunda guerra mundial. Quer dizer, como é que, podendo voar, elas se deixavam magoar àquele ponto?

Entretanto apercebi-me de que nós, humanos mais ou menos humanos de vez em quando, sofremos exatamente do mesmo mal - mesmo quando temos um milhão de maneiras diferentes de fugir, deixamos que nos firam de morte, que nos deixem marcas para toda a vida, só por orgulho. Só por teimosia. Só para um dia podermos dizer - eu estive lá e fui até ao fim. Tentei até um filho da puta me ter rebentado os colhões

E estamos todos felizes porque fomos estúpidos mas agora temos marcas de guerra, porque fomos ao tapete e acreditámos que aquela merda era como nos filmes e se ia meter a voar, mas nunca desanimámos e voltamos a atirar-nos ao chão quantas vezes forem precisas. Tipo pombas. Mas elas  acho que só se metem nestas pela adrenalina - façam-se pernas de pau e deixemos a vida correr.

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

no me gusta

Não gosto do natal. Gosto do espírito que o antecede, das montras enfeitadas, dos putos a tirar fotos com o pai natal, das tardes frias em que desço a rua com o bando atrás e já há luzinhas em todo o lado, das músicas dos centros comerciais apinhados de gente à procura da melhor prenda para os que lhe são queridos, da expectativa do amigo secreto e dos presentes que lá mais para a frente hão de ser trocados às cegas, numa altura em que todos estamos mais unidos do que nunca porque, por mais que não gostemos uns dos outros no resto do ano, é natal. E eu não gosto do natal porque, na noite propriamente dita, lembro-me de que já não sou uma miúda ansiosa pela meia noite, de que já não espero o melhor brinquedo, de que já não vamos estar todos à volta da mesa para o celebrar - uns por obra do acaso, outros pelas artimanhas da vida, mas já nos despedaçámos um bocadinho, já não somos completos, e por mais que ame de morte os que me sobram já não me basta para ainda me conseguir sentir de coração aconchegado. E é por isto que não gosto do natal.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

crónicas do mau feitio

Não liguem a quem vos diz que se vos derem uma lambada vocês devem oferecer a o outro lado da face para darem também - isso é teoria de gente conas. Se vos derem uma lambada, não olhem a meios: dêem com uma cadeira na cabeça do filho da puta.

No final do dia, talvez tenham menos amigos mas de certeza que estarão mais felizes.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

not a big deal

Sempre gostava de entender qual é o problema de olhar para o lado. Tenho a certeza de que também olharia, se fosse um gajo - afinal, nós também olhamos para as mamas umas das outras. Não me fodam pá.

domingo, 9 de novembro de 2014

crises de identidade

A minha mãe passa a vida a dizer que quando deus faz uma panela, faz sempre um testo para ela.
Foi assim que eu percebi que sou uma frigideira. Daquelas com o fundo roto e já sem salvação.

sábado, 8 de novembro de 2014

sintonias

As religiões, todas elas, por mais voltas que lhes dermos, não têm outra justificação para existir que não seja a morte, precisam dela como do pão para a boca. (...) Tem razão, senhor filósofo, é para isso mesmo que nós existimos, para que as pessoas levem toda a vida com o medo pendurado ao pescoço e, chegada a sua hora, acolham a morte como uma libertação, O paraíso, Paraíso ou inferno, ou coisa nenhuma, o que se passe depois da morte importa-nos muito menos que o que geralmente se crê, a religião, senhor filósofo, é um assunto da terra e não tem nada a ver com o céu, Não foi o que nos habituaram a ouvir, Algo teríamos de dizer para tornar atrativa a mercadoria (...)

José Saramago,
as intermitências da morte 

(isto é só para dizer que, tal como ali o amigo saramago, eu também acho que as religiões servem para pouco mais do que impedir as pessoas de viver como querem. ou, citando-o, para as fazer viver com o medo pendurado ao pescoço. é só.)

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

relaxa que tudo se encaixa

Ouçam o que eu vos digo, ou leiam o que eu vos escrevo: não vale a pena stressar. As coisas acabam por ser sempre o oposto do que se espera e nem sempre isso é mau - ah, mas está tudo a ir para direita? Então o mundo guina e vocês caem para a esquerda. Em queda livre.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

é noite de arraial lá em cima

O são pedro ligou as psicadélicas e está a fazer os testes de som. Ahhh, vidinha boa.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

podia fazer uma lista de acasos que mudaram tudo

Cheguei à brilhante conclusão de que não vale a pena chatear-me muito com a ideia de que perdi a minha última oportunidade; nunca se sabe. A vida troca-nos as voltas e o acaso é um gajo mal fodido que, de vez em quando, gosta de nos tramar - eu que o diga.

Vocês acham que perderam alguém para sempre e, de repente, ela está à vossa frente na fila da caixa do supermercado (Guia para gajos: ficam a olhar-lhe para o cu e a perguntar-se como que raio não perseguiram até ao quinto dos infernos a dona daquela peida divina, mas entretanto ela vira-se e vocês sorriem-lhe, começam a patinar e falam demasiado, elogiam-lhe os lindos olhos, ah, as saudades que sentiram delas, perdão, deles, enquanto passam por envergonhados ao baixar um bocadinho, só um bocadinho, o olhar; perfeito. Continuam a parecer rijinhas e boas, mas se calhar é um bocado mau apalparem em público assim à papo seco, tantos anos depois, só para confirmar se o material continua em condições; voltem a falar dos olhos ou do sorriso, e muita calma nessa hora. Tudo se arranja, também chegará o tempo das mamas.). 

Voltando à parte séria da questão, é certo que ter-se dado a coincidência de irem comprar pão e papel higiénico ao mesmo sítio e à mesma hora não é, de todo, sinónimo de que vão casar e ter oito filhos ou coisa que o valha. Não significa sequer que conseguirão ir além da conversa da treta do então, como tens andado? Tenho andado com as pernas, paspalho, mas isso já é a gosto. O que estou a tentar dizer-vos é que só podem concluir quais foram as vossas últimas oportunidades quanto a este ou aquele assunto uns trinta segundos antes de darem o peido mestre; até lá, o tempo está a contar e, repito, nunca se sabe o que pode acontecer.

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

a rebolta do ernesto

Não sei o que me irrita mais: se perguntarem-me se eu pinto o cabelo quando, claramente, a minha cor nunca poderia ser natural, se perguntarem-me porquê. A resposta é óbvia: porque posso. E porque quero.

Estou cheia de gente igual, cheia de gente que usa o mesmo corte de cabelo durante anos e anos, que lhe falam em pintar e credo q'horror que estraga, que é feio, que vaidade é pecado. Gente que ainda usa roupa de 1839 porque, enfim, mal se nota que as traças a comeram e com este cheiro a naftalina uma pessoa até poupa no perfume. Gente para quem o mundo ou é preto ou é branco e que nunca percebeu a felicidade dos diversos tons de cinzento - gente chata, pronto. Estou cansada dos iguais, dos dias iguais, dos que não querem ser diferentes. 

Eu já nasci diferente e tenho passado a minha vida toda a tentar habituar-me a isso - mas nunca tentei ser igual. Se vou ser diferente de qualquer maneira, quero destacar-me como bem me apetecer. Por isso, meus amigos, habituem-se: se não tenho por onde fugir ao rebanho, pelo menos faço questão de ser a ovelha negra.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

homens

Veem um grupo de gajas e ficam meio...


... meh, jeitosinhas, vou só meter o meu sorriso mais sensual assim discretamente e esperar que alguma delas veja o real macho latino que há em mim.

Veem uma gaja sozinha e a reação é mais ou menos...



... MAMAS MAMAS MAMAS, HÁ SÉCULOS QUE NÃO VIA MAMAS ASSIM, VOU ASSEDIÁ-LA, VOU MANDAR PIADINHAS BREJEIRAS, VOU CONVIDÁ-LA A SENTAR-SE AO  COLINHO DO TITIO. PODE TER 50 ANOS A MENOS DO QUE EU MAS TEM MAMAS! TODA A GENTE GOSTA DE MAMAS.

sábado, 25 de outubro de 2014

conversas de café

Estou cansada de ouvir comentários relativos à homossexualidade, ou porque este e aquele da novela se beijaram, ou porque aquelas são tão lindas e, coitadinhos dos pais, saíram fufas (e como eu detesto esta palavra, senhores!). Estou cansada de gente que deixou o cérebro em 1728 e veio para o presente armada em boa - é a muito custo que não corro com tais criaturas à pedrada, mas arrisco-me a transformar-me na gaja que saca da bandeira gay do bolso e cria uma manifestação de duas em duas horas e isso era um bocado chato, até para mim. Só queria que, pelo menos por uma vez, as pessoas compreendessem a atrocidade que estão a cometer.

Deve ser-vos complicado acreditar nisto porque, raios os partam, parecem mesmo fazer de propósito, mas ninguém se torna gay só para vos chatear. Assim como eu não escolhi ser hetero e, se tudo correr bem, vocês também não. Ninguém escolhe. Ninguém se apaixona por alguém porque quer, porque dá jeito, porque os astros dizem que fazem um par perfeito - e eu lamento que, nos dias que correm, seja mais aceitável apaixonarmo-nos por um criminoso, por um homem que não faz nada, por um gajo que transforma qualquer serão num arraial de pancada, do que por alguém que nos trate bem mas que, por acaso, seja do mesmo sexo. 

Não me fodam - ver um casal gay a fazer uma endoscopia a céu aberto não é mais nojento do que ver um casal hetero quase a praticar o coito no meio de um jardim público e olhem que - surpresa das surpresas! - este último cenário é bem mais frequente do que ver qualquer manifestação de afeto em público por parte de homossexuais. E, mais uma vez, acho que isto é de lamentar - andar de mãos dadas é bom e sabe bem. E até - quem me viu e quem me vê! - espetar um beijo na criatura, só porque sim, só porque apetece, só porque é bom, em público, sabe pela vida e ninguém devia ser quase que impedido de o fazer, porque não foi assim que deus criou o mundo - mas, sendo assim, também devíamos andar todos nus e a comer o que as árvores dão. A não ser, claro, que tenham tirado da bíblia a parte em que o grande criador fundou a primeira loja de roupa e criou a internet - nesse caso, peço desculpa pela minha falta de cultura.

Passam a vida a dizer-nos que devemos aceitar as diferenças mas esquecem-se de que ser diferente não significa só nascer com um atraso mental, ou com quatro braços, ou com uma pila no meio da testa. Ser diferente às vezes é só pensar de maneira diferente. Agir de maneira diferente. Gostar do que não é convencional. Esquecem-se frequentemente de que estas diferenças não são menos merecedoras do nosso respeito do que qualquer outra - e, pelo amor de deus, o amor nunca devia ter de obedecer a regras para ser bem encarado. Aliás, amor mesmo é essa coisa sem jeito, sem convenções, sem nada. Eu sempre gostei de rapazes, é verdade, mas garantam-me vocês que o amor da minha vida não vai ser uma mulher qualquer. Podem fazê-lo? Nem eu.

explicando o mecanismo dos gatos, com conhecimento de causa

Gato mimado, pede festinhas a toda a hora - vocês cansam-se, páram, e o bicho vem roçar a cabeça na vossa mão porque quer mais três festinhas. Exatamente três. Se fazem quatro, a criatura do demónio revolta-se e esquarteja-vos a mão como se não houvesse amanhã, a ver se vocês aprendem a deixar de ser chatos. 

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

welcome to the jungle

Se há coisa que me faz um bocado de comichão é o facto de, nos tempos que correm, sair à noite não ser muito diferente de fazer uma visita um infantário, e uma pessoa até se fica a perguntar onde é que aquela gente estacionou os carrinhos da chicco antes de entrar na discoteca.

Mais frustrante ainda é ver miúdas de 13, 14 anos muito mais bem vestidas e maquilhadas do que eu - mas epá, eu com a idade das criaturas ainda aproveitava os meus tempos livres para pentear bonecas e, devo ser eu quem está a ficar velha certamente, faz-me confusão de que hoje em dia, parte delas, já prefira entreter-se a brincar com pilas. Mas isto sou eu, que sou old school.

não compreendo

O principal motivo pelo qual eu nunca vou ser uma fashion blogger é que eu continuo a não entender qual é a ideia de as gajas saírem de casa em cima de um degrau com a forma de bota/sandália/o diabo a quatro. No geral, são feios que dói.