As religiões, todas elas, por mais voltas que lhes dermos, não têm outra justificação para existir que não seja a morte, precisam dela como do pão para a boca. (...) Tem razão, senhor filósofo, é para isso mesmo que nós existimos, para que as pessoas levem toda a vida com o medo pendurado ao pescoço e, chegada a sua hora, acolham a morte como uma libertação, O paraíso, Paraíso ou inferno, ou coisa nenhuma, o que se passe depois da morte importa-nos muito menos que o que geralmente se crê, a religião, senhor filósofo, é um assunto da terra e não tem nada a ver com o céu, Não foi o que nos habituaram a ouvir, Algo teríamos de dizer para tornar atrativa a mercadoria (...)
José Saramago,
as intermitências da morte
(isto é só para dizer que, tal como ali o amigo saramago, eu também acho que as religiões servem para pouco mais do que impedir as pessoas de viver como querem. ou, citando-o, para as fazer viver com o medo pendurado ao pescoço. é só.)
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