Não gosto do natal. Gosto do espírito que o antecede, das montras enfeitadas, dos putos a tirar fotos com o pai natal, das tardes frias em que desço a rua com o bando atrás e já há luzinhas em todo o lado, das músicas dos centros comerciais apinhados de gente à procura da melhor prenda para os que lhe são queridos, da expectativa do amigo secreto e dos presentes que lá mais para a frente hão de ser trocados às cegas, numa altura em que todos estamos mais unidos do que nunca porque, por mais que não gostemos uns dos outros no resto do ano, é natal. E eu não gosto do natal porque, na noite propriamente dita, lembro-me de que já não sou uma miúda ansiosa pela meia noite, de que já não espero o melhor brinquedo, de que já não vamos estar todos à volta da mesa para o celebrar - uns por obra do acaso, outros pelas artimanhas da vida, mas já nos despedaçámos um bocadinho, já não somos completos, e por mais que ame de morte os que me sobram já não me basta para ainda me conseguir sentir de coração aconchegado. E é por isto que não gosto do natal.
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