Tenho-me cruzado todas as manhãs com pessoas que se dirigem para o comboio depois de uma noite de farra - e, entenda-se, não foram eles que me contaram que tinham tido uma noite louca: nota-se.
Geralmente andam devagar, com ar de quem veio da guerra e o cheiro nauseabundo inerente às discotecas. Encostados porque sabe deus o quanto aqueles passeios são incertos e o quanto custa fazer aquele percuro de manhã, de pézinhos no chão, depois de mais uma sessão de eu-sou-um-barril.
E isto foi triste. Foi triste perceber o quão fácil é identificá-los e o quão miseráveis parecemos naquele percurso infernal que parece nunca ter fim, a desejar tanto uma cama quanto uma viagem às maldivas com tudo pago e bar aberto, e dei por mim a repensar todas as vezes que me lembro de ter tentado fazer o meu ar mais normal enquanto me cruzava com pessoas conhecidas, naquele estado.
Percebi que não resulta e que dá para perceber a léguas que não estamos assim vestidos àquela hora da manhã porque decidimos madrugar e ir dar uma voltinha e que ninguém fica alheio ao facto de ainda termos mais álcool do que sangue.
Foi triste, mas fiquei com raivinha dos dentes.
Preciso de uma noite assim.
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