Por mais que me custe dar o braço a torcer e assumir que preciso de ajuda, há alturas nas nossas vidas que não podemos aguentar tudo sozinhos. Em que precisamos de alguém que esteja lá para nos apoiar, que nos diga que somos capazes. Que nos convença, enfim, de que vai dar tudo certo.
É-me difícil escrever-vos estas palavras, mas preciso do vosso apoio.
Para vos contextualizar, preciso que saibam disto: eu nunca tive uma relação fácil com os pêlos. Especialmente se estivermos a falar do buço, posso ter uma simples penugem esquisita e já estou aqui a ponderar comprar um acordeão e fugir em digressão com o quim barreiros.
O meu problema é que nunca consegui encontrar um método completamente satisfatório para os exterminar - e aqui já estamos a falar das pernas, calma. Eu sei, eu sei, é uma história triste: a cera chateia-me ter de esperar, com gilete pareço uma adolescente a querer chamar a atenção (ouch), e a laser... bem, a laser está fora de hipótese porque a pessoa é pobre, forreta e tem mais onde gastar o dinheiro.
Posto isto, há uns anos - sim, ANOS! - comprei uma debulhadora. Perdão: uma depiladora. Não, não comprei uma Cátia Márina cá para casa, arranjei foi um daqueles aparelhinhos do demónio, munidos de uma série de pinças, que poderiam muito bem ser objetos de tortura. E então? Nunca a consegui usar.
Minto. Graças a deus, para rentabilizar a coisa, a máquina até trazia uma cabeça de corte que eu fui usando já que, na primeira vez que lhe meti a cabeça das pinças, a que arranca pelinho a pelinho, encostei-a, sem querer, ao tapete da sala e, quando vi o que ela lhe fez, fiquei com medo.
Em boa verdade, eu fico a suar do buço só de ouvir a dita cuja a funcionar, que juro-vos que aquilo parece um berbequim.
E qual é que é o teu problema agora, ó Cinderela?
O meu problema é que cheguei a um ponto da minha vida em que resolvi que, das duas uma, ou aquilo começa a funcionar nos meus presuntos e eu deixo de me automutilar a toda a hora, ou vou ter que ser a criadora do movimento #legalizepêlosatéaochão, e ninguém vai querer isso. Eu não quero andar por aí de patinhas cobertas, vocês não querem que eu ande de patinhas cobertas que nem um pónei gordo e peludo.
Sintam-se então à vontade para me motivar. Contem-me aquelas histórias de como essas máquinas arrancaram um bife da perna à vossa prima, e deu para fazer um almoço de família. Ou sobre como se anestesiam para usar uma cena destas. Sei lá.
Dêem-me amor, pronto.