terça-feira, 22 de julho de 2014

dois e um

Sabia que tinha de tomar uma decisão o mais depressa possível porque arrastar esta situação ainda ia acabar muito mal - mas adiei-a, dia após dia, para quando soubesse o que queria, para quando conseguisse escolher. Para quando entendesse o que é que era melhor para mim. Honestamente, acho que ainda não entendi - mas acabei por me decidir. Quando eu menos esperava, tornou-se tudo muito claro, demasiado claro, para que eu não acabasse com isto de uma vez. Mas não estou bem com a decisão que tomei.

Como quando temos dez anos e não conseguimos escolher algo. Lembro-me bem de fazer isto imensas vezes; fechava os olhos, baralhava as opções uma e outra vez, e mais outra. E outra. Quando ambas as alternativas me eram indistinguíveis ao tato, deixava a minha mão cega pousar sobre uma delas, certa de que assim seria justo. Mas, quando abria os olhos, ficava desiludida. Acabava sempre por perceber que nem valia a pena ter colocado a outra hipótese porque o que eu queria era óbvio. 

Foi mais ou menos isto que me aconteceu - no preciso momento em que me decidi, soube que tinha decidido mal. E o pior é que sei que há volta a dar, que está tudo nas minhas mãos e eu tanto posso andar para a frente como para trás. O jogo é todo meu. O problema é que estou cansada de becos sem saída e sei que acabei de sair de um. Sei que voltar atrás é voltar a uma batalha inglória que me tem feito quase tanto bem quanto mal - e estou cansada dela. Isso de nos deixarmos guiar pelo coração é muito bonito em teoria mas na prática é só uma forma de autodestruição.

A partir daqui, eu não sei. Talvez acabe por me deixar ir, talvez me continue a prender. Talvez acabe por entender que prefiro perder duas pessoas espetaculares do que a mim própria.

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