Vinha um casal no banco ao lado do meu, no comboio, que parecia ter acabado de fugir do júlio de matos. Já na casa dos 50, estavam armados em casalinho adolescente - cometi o erro de olhar a meio de uma endoscopia e tive uma vista priveligiada das línguas das criaturas. Foi nojento.
Depois disso, o homem continuou convencido de que tinha piada e, consequentemente, toda a gente tinha de ouvir o que ele dizia. Meteu-se aos berros:
- eu pedi-te em casamento, podias aceitar. Mostra às pessoas a aliança, diz a toda a gente que a aliança não é de plástico. Mostra!
Mas a multidão ficava ao rubro quando, enquanto ele lia o jornal e ela uma revista de há duas semanas atrás, ele fazia uma cara mais ou menos assim:
- dá beijinhooooooo!
(e, note-se, isto aconteceu mil e quinhentas vezes durante a viagem)
Nisto, o telemóvel da mulher toca. Eu pensei, a prima verbalizou: é o marido dela.
We're going straight to hell.
Sem comentários:
Enviar um comentário