Há dias assim, em que o coração fica pequenino, pequenino, e as horas teimam em não passar. Há dias em que a ausência de notícias me sufoca, me impede de respirar. Há dias em que angústia é a palavra do dia e eu me sinto perdida por não poder fazer nada. Há dias em que eu odeio ainda mais a distância e a impotência de estar do lado de cá. Há dias em que lamento que tenhamos força suficiente para construir pontes sobre o abismo que nos separa, mas que sejam sempre pontes de ar, suficientemente fortes para que quase consigamos sentir os dedos enlaçados mas nunca fortes o suficiente para que os consigamos enlaçar.
Há dias em que me pergunto como que raio me fui meter nesta situação, como é que me permiti a ligar tanto a alguém que o facto de saber que há alguma coisa errada me parece chumbo cravado no peito - mas depois lembro-me de tudo, de todas as conversas tardias, de todas as vezes que ele me fez rir - de todas as que me fez chorar também. E lembro-me que, ainda ontem, na última vez que o ouvi, ele me ligou a meio do dia só para dizer que gosta muito de mim. Como poderia não me ligar?