domingo, 18 de fevereiro de 2018

o rei vai nu!

Há uns tempos, e creio que a propósito de um vídeo no youtube onde esse mesmo tema era abordado, li vários comentários de mulheres a dizerem que é sempre extremamente embaraçoso e desconfortável ter de ir ao ginecologista. Apercebi-me, mais uma vez, de que sou anormal.

Não me faz confusão alguma - calma que não estou a dizer que adoro, nem tão pouco vou ao médico por conta de uma dor de ouvido e começo a desapertar as calças. Mas também não me incomoda e, possivelmente, isto deve-se ao facto de trazer na bagagem alguma experiência em hospital; ver pessoas nuas, de todas as idades, fazia parte do meu trabalho diário e a coisa deixa de ter qualquer importância. É só trabalho.

Agora, há uma coisa que é, definitivamente, embaraçosa e eu não vejo as pessoas a falarem disso. O que é uma ida ao ginecologista... perto de uma ida à esteticista? Porque é que se queixam de um profissional de saúde e nem piam quanto a ter uma estranha a manejar as nossas partes pudendas?

Vamos começar pelo facto de estarmos ali, quase em posição de parir, enquanto a gaja espalha cera lá em baixo com a mesma felicidade com que nós barramos nutella numa torrada. Se cometermos o erro de demonstrar aquele esgar de dor de quem sente a parreca a cozer, ainda se mete a soprar lá para baixo, como se lhe tivessem acabado de cantar os parabéns e estivéssemos a meio de uma festa. Yaaaay... só que não.

Enquanto uma pessoa está ali, divivida entre a vontade de se livrar daquela situação o quanto antes e o desejo secreto de que a gaja deixe estar lá a cera, só mais um bocadinho, porque somos pessoas jovens e não estamos preparadas para sentir a alma a ser-nos arrancada sem dó nem piedade, ZÁÁÁÁS. A criatura dá aquele puxão, quase fatal, que nos faz gritar até acordar três marcianos e outro, meio confuso e meio orgulhoso, sair de cima da marciana-fêmea. 

O embaraço acaba aí?
Nãaao. É que depois, ainda não contente com o nosso orgulho morto e a vergonha tomar o lugar do nosso segundo nome, dá umas pancadinhas para atenuar a dor. Não dói nada, não dói nada. Claro que não dói. A ti, não!

Portanto, na ausência da hipótese de se pedir anestesia geral, ou a epidural que fosse, a pessoa decide não voltar. Até porque, ao preço a que estão as rendas hoje em dia, nem é assim tão má ideia mudarmo-nos para uma caverna e aceitar as nossas origens. Isso, ou encontrar meios menos tortuosos de exterminar o pêlo - deixo convosco e com a vossa imaginação.

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