A vida das pessoas acaba assim, e matilde nem sequer tem consciência de que morreu uma das suas mortes. De cada vez que deixamos de ser percebidos, morremos. Quando somos enterrados deixamos de ser percebidos por toda a gente, mas quando os outros já não olham para nós, ficaram condenados para um número limitado de pessoas, a uma morte em tudo idêntica à outra. A nossa morte não acontece quando somos enterrados, acontece continuamente: os dentes caem, os joelhos solidificam, a pele engelha-se, os amigos partem. Tudo isso é a morte. O momento final é apenas isso, um momento.
Afonso Cruz,
jesus cristo bebia cerveja
2 comentários:
No fim isto não diz mais do que aquela minha teoria parva de que começamos a morrer no dia em que nascemos.
Mas por vezes custa mais quando nos morre alguém em vida, do que se tivesse deixado de ser percebida por toda a gente. É que custa a perceber...
Estou cansada de mortes à minha volta... E fiquei curiosa com esse livro!
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