sábado, 16 de dezembro de 2017

eu, patrícia.

As pessoas mais perigosas são as cheias de certezas absolutas, que pensam que o mundo é um tabuleiro de xadrez onde tudo é desenhado ao milímetro para ser preto e branco, sem falhas, sem misturas, sem milhares de nuances em tons de cinzento que não sabíamos existir. Só que não.

Não acontece tudo como planeado - às vezes, porque não dá. Outras vezes, porque percebemos, a meio do caminho rigorosamente traçado em linha reta, que seríamos mais felizes com uma curva. E não há nada de errado nisso.

É um erro desenhar a vida a régua e esquadro e achar que seguir o tracejado é o caminho para a felicidade. Desculpem: as coisas mudam mesmo. Nós mudamos. Perseguir o que julgávamos ser certo aos quinze anos, e que nos habituámos a tratar como se do nosso maior sonho se tratasse, pode mesmo destruir-nos. Notem que não vos estou a dizer que é errado tentarem concretizar os vossos sonhos, o que é errado é julgá-los imutáveis e não se permitirem a mudar de ideias, nem quando surge a ténue sensação de que não é bem por ali que querem ir.

Eu também achava que me conhecia e sabia tudo sobre mim, mas não sei. Este foi o ano das grandes descobertas, em que quase olhei para mim mesma como uma estranha. Em muito do tempo, não me consegui reconhecer; foi o ano em que me perdi, em que me senti à deriva e, depois, em percebi que houve um motivo para a minha história se ter desenrolado desta forma, e que todo o tempo que eu julguei perdido, me fez ganhar bastante. 

Este ano concretizei um dos meus sonhos de infância. E, posso dizer-vos, tornou-se rapidamente num pesadelo: as circunstâncias da minha vida alteraram-se drasticamente e, com elas, tudo aquilo que eu sempre julguei ser o melhor para mim. Desisti - não de um sonho, mas da ideia que tinha dele. Mudei de via, mudei de ideias, mudei os planos. Ou vou sem grandes planos, por agora. O único plano é estar feliz, onde quer que esteja.

E depois?
Depois logo se vê.

2 comentários:

disse...

Entretanto, vai dar uma curva. eheheheheh

Anaa disse...

Essa sensação é-me familiar. A primeira vez que um sonho se tornou um pesadelo foi em 2012. Deixei de fazer planos e agora em 2017 quando já tinha as ideias ordenadas, um não-sonho-mas-algo-que-queria aconteceu e também se tornou um pesadelo. É como tu dizes, ir sem muitos planos ;)