Um dos fenómenos que escapam o meu entendimento é o facto de eu ter uma lista gigante de livros para ler mas, ainda assim, insistir em reler: não me vou alongar sobre o harry potter e a quantidade absurda de vezes que já li e reli a saga, mas ontem terminei, mais uma vez, o sexto livro. Guardei o sétimo para quando acabar os que trouxe da biblioteca, que já não tenho idade para andar com dois ou três ao mesmo tempo.
Na sexta, aproveitei a hora de almoço para uma fugidinha até à biblioteca mais próxima: de todas as opções disponíveis, peguei nas minhas velhas escolhas e resolvi que era altura para segundas oportunidades.
Minto: o ensaio sobre a cegueira não precisa de uma segunda oportunidade porque já é, indubitavelmente, um dos meus livros preferidos e, por isso mesmo, guardei-o para o fim tal como reservo o que mais gosto, no prato, para comer em último, por ser o sabor que quero preservar na boca.
Reli a metamorfose de um trago só: passaram uns anos desde o meu primeiro encontro com o kafka e, quando escrevi por aqui que não tinha gostado, aconselharam-me esperar uns anos e tentar outra vez. Foi o que fiz - sinto que tinham razão quanto à perceção que teria do livro, que o interpretei de uma forma bastante diferente e que me fez mais sentido desta vez, mas continuo a não conseguir dizer se gosto ou não.
Agora, entre o kafka e o saramago, ando aqui a debater-me com o antónio lobo antunes; tentei ler o eu hei de amar uma pedra há uns anos, mas desisti por não me entender com o tipo de escrita. Desta vez trouxe o que cavalos são aqueles que fazem sombra no mar?, e continuo a não perceber como é que alguém se queixa do saramago quando isto existe: estou determinada a não desistir, mas confesso que não consigo encontrar grande prazer em ler um livro confuso, cujo autor muda de assunto ainda mais rápida e bruscamente do que eu, e eu sempre achei que seria difícil alguém me ultrapassar nesse dom.
A ver vamos se não me chateio.
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