Nunca fui o tipo de pessoa de quem toda a gente gosta - aliás, eu sou mais facilmente a odiada do que a adorada por todos porque me recuso a ser outra coisa que não aquilo que sou só para agradar, seja a quem for. E talvez seja por isto que me fazem imensa confusão aquelas criaturas que, a avaliar pela forma como são idolatradas por toda a gente, parecem cagar raios de sol. Cheira-me sempre a falsidade, a gente que faz o que for preciso para cair nas boas graças de todos.
Nos blogs é a mesma coisa - quantas e quantas vezes não entramos num sem ponta de interesse, com posts tipo eu gosto de bolachas! e 50 comentários a apoiar e a esmiuçar as preferências, enquanto os nossos, os que se esforçam por escrever, não têm comentários?
Muitas. E, pessoalmente, não me faz comichão nenhuma ter posts que nem chegam a ser comentados - escrevo-os, acima de tudo, para mim, e o facto de alguém gostar e/ou concordar já é um extra. Mas aceito-os a todos; bons ou maus, são opiniões alheias. São críticas que, muitas vezes, são construtivas, são outras opiniões que me fazem pensar e repensar as minhas - ou às vezes são só mesmo acerca de algum erro ortográfico que me escapou, mas não deixam de ser comentários e não é à toa que existe uma caixa para os fazerem.
Mas agora percebi como é que se faz para parecer que todos nos adoram: é um truque tão simples que eu nem sei como nunca me ocorreu não aceitar aqueles comentários escabrosos que em tempos me foram feitos, muitas vezes sem o mínimo fundamento: afinal, o truque está em só aceitar o que convém, o que parece bonito, o que mostra que somos os bons. Os outros, mesmo que inocentes e fundamentados, até podem ser respondidos mas jamais irão ter direito a ser publicados juntamente com os outros, os prodigiosos e bajuladores.
Então e se esse comportamento vier a aumentar as suspeitas que fundamentaram o comentário inicial - comentário esse feito de forma inocente e coerente? Ah, mas isso é simples: acabam-se os comentários porque aqui ninguém está para ouvir - ou ler - o que não gosta, o que não é a favor, o que não fica bonito. Pois claro.
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