[eu queria escrever mais. não por obrigação, não para tentar recuperar o blog, nem mesmo por gosto: por necessidade. escrever sempre foi a minha forma de me libertar de tudo o que me dói mas, de momento, não consigo. queria escrever sobre as mágoas, sobre as saudades, sobre a frustração. queria contar-vos sobre o quão vazios têm sido os meus dias, sobre como me engano com escassas aparições de raios de sol num mundo cinzento como quem bebe água para matar a sede. sobre as saudades que tenho de mim mesma, da minha personalidade mais bem definida, menos carente, menos medrosa. do humor negro, do sarcasmo, da alegria. tenho saudades do mundo antes deste ano, antes destes últimos meses, antes de tudo. saudades minhas, do tempo em que não tinha medo de conduzir. do tempo em que não dava por mim a chorar enquanto conduzo: a chorar de medo, e a chorar ainda mais pela frustração por me permitir a ter medo. há muita gente que tem acidentes, dizem-me. tens de ultrapassar isso. por ter acontecido uma vez, não vai acontecer sempre. pois não. mas aconteceu. aconteceu-me: tenho medo hoje. lembro-me todos os dias do pouco de que não me esqueci. e tenho medo. medo de que aconteça outra vez, medo de voltar a perder o controlo, medo de não ter tanta sorte. medo. medo de tudo. medo até do medo. e saudades e medo e saudades e dor: e os dias são um embrólio de emoções que não controlo, mas que me consomem. e são um vale de lágrimas que disfarço e nunca confesso. marco dias zero. marco dias em que acho que vou conseguir começar de novo - mas não consigo. não consigo porque é fácil pensar, é fácil planear. é fácil dizer - mas é difícil sentir quando não se sente.
e eu não me sinto a recomeçar. sinto-me a afundar, cada vez mais.
cada vez mais medo, cada vez mais dor. cada vez menos coisas boas, cada vez menos esperança.
mais carência, mais sofrimento, mais frustração. mais necessidade de alguém que me tire daqui - alguém novo, alguém que venha do zero, alguém com quem eu me possa reinventar e esquecer os últimos meses. só isso: alguém.
alguém que note o quanto eu preciso de ajuda.
e que me ajude.]
6 comentários:
Em primeiro lugar, é preciso que estejas disposta a aceitar ajuda. Ninguém te pode dar o que não aceitas.
A questão do "medo" é mais complexa. Não me atrevo, sequer, a aventar um conselho, porque não há fórmulas universais para resolver problemas emocionais. Só tu, sozinha ou com ajuda profissional, podes vencer os teus medos.
A única coisa que te posso dizer, é que não te deves envergonhar de ter medo. Se te "esconderes", ninguém vai perceber que precisas de ajuda.
Comigo a "terapia de choque" funcionava. Quando tinha um acidente de mota, a primeira coisa que fazia quando saia do hospital, era pegar na máquina e ver se dava para andar. Se desse, ia acelerar um bocado e ficava pronto para outra eheheh.
Quem sabe se esse alguém não é o tal rapazinho? :)
Não te esqueças é que para alguém te ajudar, tens de deixar que o façam! (parece óbvio mas não é, e tu sabes o que quero dizer!)
hey não podes deixar o medo envolver-te. o medo é mau, muito mau, eu sei disso pelas piores razões. mas tu vais conseguir! vais superá-lo, vais superar-te, vais sorrir e de coisas que nem todos conseguem rir, porque o teu humor negro vai voltar. tu vais voltar, ou revoltar e reinventar-te. força!
Eu mudei de nome exactamente para não deixar o blog.
Segue-me em http://sarahinwonderland30.blogspot.pt/
Estou aqui para o que precisares, também passei por uma fase péssima mas aos poucos tenho levantado a cabeça.
Qualquer coisa, avisa, que te mando o meu email, ok?
(obrigada, mesmo!)
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