quinta-feira, 30 de junho de 2016

à seleção

Para a próxima, tentem não demorar meia hora a descobrir que o jogo já começou. E, por favor, se o jogo voltar a coincidir com a véspera de um teste, vejam lá se se resolvem em 90 minutos porque a pessoa precisa de estudar e o coração não aguenta tudo.

a seleção como a minha vida

Ou está empatada ou tenho de me esfarrapar toda para ganhar alguma coisa.

(mas passámos, caralho! nunca pensei, mas passámos!)

quarta-feira, 29 de junho de 2016

.

Os primeiros dias foram mais fáceis: achava sempre que o telemóvel ia tocar e eu ia ouvir a tua voz do outro lado, que te ias lembrar de mim, que me ias querer de volta. Achava que me querias demasiado bem para me fazer tanto mal. Que te irias arrepender.

Os primeiros dias foram mais fáceis mas depois tive de assumir que não ias voltar. Tive de me obrigar a perceber que te tinha perdido para sempre e que não havia outra forma de viver senão esquecer-me de ti. Mas não esqueci. E fazes-me falta.

Ainda espero pela tua voz do outro lado da linha. Por um abraço forte. Um beijo. Um regresso. Espero por momentos felizes, por dias melhores. Pela oportunidade de me sentar a reescrever um conto de fadas no meio do caos: não acredito, mas é bonito. Uma história com final feliz, onde a vida não era puta para nenhum de nós dois e nós não acabávamos a destruir-nos mutuamente. A nós e aos nossos nós. Ao nosso nós criado no meio da improbabilidade que fomos. Lamento que nos tenhamos desatado. Lamento ter-te perdido: eu ainda tenho saudades tuas. Todos os dias.

vinte e nove do seis de dois mil e dezasseis

O dia em que me descreveram como sendo alguém enigmático, difícil de ler, difícil de compreender. Alguém que dá pouco de si aos outros e se guarda debaixo de uma capa grossa a que chamam humor.

O dia em que caiu por terra a minha ideia de que sou um livro aberto, incapaz de ocultar emoções e sentimentos. O dia em que percebi que nem eu sei quem sou.

habemus progresso

Eu nunca achei piada àquelas gajas que parecem treinar só de soutien, é verdade. Mas, por acaso, ofereceram-me um crop top para treinar - não, não fiquem a pensar em patrocínios e cenas, porque foi mesmo uma oferta da minha dona mommy.

The point is: eu achei sinceramente que nunca o iria usar porque as lontras obesas não são feitas para crop tops. Ou os crop tops para lontras obesas. No entanto, dei o benefício da dúvida.

Hoje foi a primeira vez que tive coragem de treinar com um crop top: possivelmente, não aconteceria num dos meus treinos solitários no ginásio mas, uma vez que hoje fiz um treino especial com duas pessoas com quem me sinto confortável, fui capaz de o usar ao ar livre.

Na falta de mais onde me agarrar, resta-me agradecer a um deus qualquer por me ter estourado com a vesícula: a dieta forçada teve as suas vantagens e estou certa de que, há dois meses atrás, nem o espelho eu deixaria que me visse naquela figura. 

terça-feira, 28 de junho de 2016

preciso de desabafar!


Este vídeo transformou-se no meu guilty pleasure. Temo estar a começar a gostar de crianças.
Eu.
Crianças.
Não pode ser.

sinais de que devem muito pouco à coragem

Noite de são joão.
Carrocéis. Vários carrocéis. Alguns deles até - imaginem só! - destinados a adultos.

Façam o óbvio: escolham um para crianças. Uma casa assombrada - mas, entenda-se, é essencial que escolham alguém tão conas quanto vocês, para garantirem que terá de se juntar à festa uma terceira pessoa. Alguém tinha de ir à frente, não é?

Assustam-se a cada cinco centímetros. E, eventualmente, chegam à conclusão de que nem fazia assim tanto sentido - aquela outra casa assombrada a que vocês foram em crianças era muito mais gira. Que era. Ou isso ou vocês tinham menos de 20 anos, o que talvez mude um bocadinho as coisas.

Chegam ao fim: a saída é uma roda-tipo-sou-um-hamster. E vocês têm de a atravessar: sim, vocês. Lontras obesas azaradas. Imaginam-se a cair, a fraturar costelas e dentes e a ser alvo de chacota das muitas - tantas! - gentes que por ali andam. Portanto: hora de tomar uma decisão adulta.

Aproxima-se um gajo desconhecido. Ordenam-lhe: entras na roda, dás-me a mão e ajudas-me a sair.
E sim, aos 20 anos, vocês saem de uma diversão para crianças de mão dada com um desconhecido, porque estavam com medo de se esbardalhar. Parabéns! 

silly me

Na fugidinha do mês passado, trouxe de frança um vestido amarelo. Um vestido amarelo-sol, comprado na minha viagem mais triste, mais sombria, mais dolorosa. Num dos períodos mais difícieis que passei até hoje: e, ainda assim, no meio de todo o cinzento da minha vida, é um vestido amarelo. Amarelo-sol.

Foi por isso que o escolhi agora: os meus dias zero têm falhado redondamente, os recomeços têm de começar de dentro para fora, e não tem sido fácil. E lembrei-me do vestido como um hino à esperança. Amarelo-sol, para esses dias em que o sol não brilha, para esses dias em que eu me esqueço de que o sol vai sempre voltar a brilhar. 

segunda-feira, 27 de junho de 2016

tenho um vestido amarelo, perfeito para dias cinzentos

E tudo o que vos posso pedir é que cruzem os dedos e torçam por mim. 

um beijinho grande à minha dignidade! saudades, sim?s

A gaja está de vestido. A gaja está num sítio que mais parece ser o principal produtor de vento a nível mundial. E a gaja precisa de atestar o depósito do carro.

A gaja chega à bomba - entenda-se: uma bomba à borda da estrada. Uma estrada onde passam camionistas, aproximadamente, a cada dois nanossegundos. A gaja sai do carro.

Relembro: a gaja está de vestido. Numa zona de vento.
A gaja não sabe, mas acha que até o soutien viu a luz do dia.

o do costume

Qualquer pessoa que ande por aqui há mais tempo sabe o que tenho sofrido, ao longo dos anos, para impôr respeito com esta vozinha de pita que deus nosso senhor me dispensou. É verdade: cinderela, a bicha máscula que se auto-intitula de ernesto, de coisa má, demoníaca, e tudo e tudo, tem, na verdade, voz de quem ainda arrota ao bolo do seu próprio batizado.

Parecendo que não, isto não é fácil. Especialmente ao telefone.
Desta vez, liguei para o hospital, a perguntar o resultado da análise. Ainda antes de ter tido tempo para especificar o serviço, o gentleman, que parecia não entender um caralho do que lhe dizia, ou, quiçá, não me estava a levar a sério, pergunta:

- da pediatria?


Toda uma vida disto.

domingo, 26 de junho de 2016

e sobre o último post

Tive de reler o que escrevi para perceber que aquela merda parece quase uma nota de suicício: não é. Não estou a ponderar suicidar-me porque, entenda-se, eu nunca vou voluntariamente a um sítio onde não esteja certa, à priori, de que há comida e casas de banho limpas.

Também quero deixar claro que o que escrevi não se aplica a toda a gente que se lamenta: eu também sou uma cabra com essa gente que anda sempre com ar de mal fodida porque pensa que lhe favorece, também quase fico estrábica de tanto revirar os olhos com os dramas de algumas criaturas, tipo gente que muda de namorada (aka buraco onde enfiar a pila) de semana a semana e depois deprime sempre como se tivesse acabado de perder o amor de uma vida.

Há casos e casos, claro - e isso caberá à consciência de cada um julgar.

sobre os amigos pouco amigos

É um bocado triste este blog andar assim, mais para lá do que para cá, e eu voltar só para vir destilar um bocadinho de veneno, mas foi um post da agridoce que me deu vontade de escrever. Entenda-se que o veneno não é contra ela: na verdade, ela é boa moça e assim já fica a publicidade feita a um bom blog.

Ocorreu-me que também conheço sugadores de felicidade: infelizmente, tenho até mais contacto do que seria desejável com uma dessas pessoas que tem de ter sempre um problema que justifique andar com cara de mal fodida e, quando não arranja nada de seu, queixa-se dos problemas do resto da família, do vizinho da frente, do mundo no geral. And so on. 

No entanto, isto fez-me pensar sobre outra coisa. Já não é de hoje que eu acho que as pessoas desistem cada vez mais umas das outras: no amor e, neste caso, também na amizade. No amor, acho que as relações não duram porque ninguém está para se chatear. Na amizade, as pessoas fartam-se porque é chato ter amigos com problemas.

Digo-o porque o senti na pele: acreditem ou não, eu não fui sempre esta criatura que anda por aqui a arrastar-se pelos cantos. Não estive sempre triste, não é há muito tempo que deixo que alguém me veja a chorar. E - por mais que pareça impossível! - eu não gosto de estar assim. Não gosto de estar infeliz, de me sentir desesperada, de não saber para onde me virar. Guess what? Shit happens!

E escrevo-o porque eu também já perdi amigos por isso. Porque tem piada ter amigos felizes, amigos animados, amigos sem problemas - quando os dramas surgem, é só chato e alto lá que eu não estou para isso. Amigos que preferem que voltes só quando estiveres bem. Amigos que não querem saber se tens ou não problemas: resolve-te e volta feliz. Só isso.

Não escolhi o que me tem acontecido nos últimos meses e, sobretudo, não escolhi a forma como me sinto sobre isso. Não escolhi meses de angústia, de medo, de perdas - a sério que não. Mas eles aconteceram e agora eu não estou bem: isso reflete-se em tudo em mim. E, se há uns tempos eu era capaz de dançar no meio do holocausto, hoje em dia uma unha encravada já me parece o princípio do fim - não me queixo por prazer de me queixar. Queixo-me porque estou, como alguém lhe chamou, numa espiral destrutiva. Estou perdida, em desespero, sem saber que fogo devo apagar primeiro - por coisas que conto aqui, e por toda uma panóplia de coisas que guardo para mim. Por isso, hoje, por me sentir perdida, por me reconhecer no meio dessas vozes feitas de lamúrias, sei exatamente o que significam: são pedidos de ajuda. Pedidos de ajuda que ninguém se dá ao trabalho de ouvir.

E sim, a tendência das pessoas é afastarem-se, porque têm mais que fazer. Porque não estão para se preocupar com os problemas dos outros, porque pessoas infelizes são uma seca. No entanto, essas pessoas que são sempre as primeiras a saltar do barco, a irem às suas vidinhas felizes e confortáveis, também são as primeiras a dizer que nunca se aperceberam de nada quando alguém se suicida. São as primeiras a ficar escandalizadas e a lamentar a morte. A dizer que podiam ter feito mais. E podiam.

Podiam ter sido amigos na altura certa.

quarta-feira, 22 de junho de 2016

este blog

Há de ter melhores dias, tal como eu. Hei de voltar a ler e a comentar blogs de outros, hei de voltar a ter vontade de escrever e a usar o blog da forma que me apaixonou em tempos. Há de melhorar. Hei de ter melhores dias, dias sem lágrimas, dias sem dor. Dias com energia. Dias bons.

Hei de voltar. 
Mas não é hoje.

a apontar

O ar de descrença do mecânico quando lhe disse que o carro era meu: sim, pode não parecer, mas tenho mesmo idade para conduzir, obrigada.

domingo, 19 de junho de 2016

shhhhh.

[eu queria escrever mais. não por obrigação, não para tentar recuperar o blog, nem mesmo por gosto: por necessidade. escrever sempre foi a minha forma de me libertar de tudo o que me dói mas, de momento, não consigo. queria escrever sobre as mágoas, sobre as saudades, sobre a frustração. queria contar-vos sobre o quão vazios têm sido os meus dias, sobre como me engano com escassas aparições de raios de sol num mundo cinzento como quem bebe água para matar a sede. sobre as saudades que tenho de mim mesma, da minha personalidade mais bem definida, menos carente, menos medrosa. do humor negro, do sarcasmo, da alegria. tenho saudades do mundo antes deste ano, antes destes últimos meses, antes de tudo. saudades minhas, do tempo em que não tinha medo de conduzir. do tempo em que não dava por mim a chorar enquanto conduzo: a chorar de medo, e a chorar ainda mais pela frustração por me permitir a ter medo. há muita gente que tem acidentes, dizem-me. tens de ultrapassar isso. por ter acontecido uma vez, não vai acontecer sempre. pois não. mas aconteceu. aconteceu-me: tenho medo hoje. lembro-me todos os dias do pouco de que não me esqueci. e tenho medo. medo de que aconteça outra vez, medo de voltar a perder o controlo, medo de não ter tanta sorte. medo. medo de tudo. medo até do medo. e saudades e medo e saudades e dor: e os dias são um embrólio de emoções que não controlo, mas que me consomem. e são um vale de lágrimas que disfarço e nunca confesso. marco dias zero. marco dias em que acho que vou conseguir começar de novo - mas não consigo. não consigo porque é fácil pensar, é fácil planear. é fácil dizer - mas é difícil sentir quando não se sente.

e eu não me sinto a recomeçar. sinto-me a afundar, cada vez mais.
cada vez mais medo, cada vez mais dor. cada vez menos coisas boas, cada vez menos esperança. 
mais carência, mais sofrimento, mais frustração. mais necessidade de alguém que me tire daqui - alguém novo, alguém que venha do zero, alguém com quem eu me possa reinventar e esquecer os últimos meses. só isso: alguém. 

alguém que note o quanto eu preciso de ajuda.
e que me ajude.]

uma lontra pobre being uma lontra pobre

Lontra obesa profissional que só eu, já há algum tempo que tinha reparado na existência da nutella b-ready - e, portanto, há algum tempo que eu andava com vontade de lhe espetar o dente. Mas estava determinada a não o fazer, por dois motivos: comprar uma caixa, algo cara, implivava comê-los e esta pessoa, além de pobre, é gorda. Então, decidi que podia passar muito bem sem provar.

Até hoje.
Enquanto desfilava o fat ass num hipermercado, apareceu uma senhora com um tabuleiro cheio das ditas barrinhas aka bolachas aka forma fácil de engordar rápido aka tudo o que eu não preciso. Andava a distribuir para tentar persuadir as pessoas a comprar.

Quando me viu, e possivelmente devido ao meu ar de quem traça tudo o que aparece, ofereceu-me uma. E ficou à espera de que eu a comesse, à frente dela, para depois me convencer a levar a caixa toda. Foda-se, nem sonhes.

Aceitei. 
Dei uma trinca e fiz uma careta: gostou? não ficou muito convencida, pois não? Que não. Muito obrigada mas, de facto, não me convencia mesmo, não ia querer levar.

Depois fugi para o corredor dos shampôs para acabar de devorar a barrinha na solidão. Pois tá claro que é bom, moça, mas tudo o que eu não preciso é de oito coisas destas em casa - só queria provar, e já provei. À borla.

sobre as boas pessoas

Um vendedor de livros, numa feira de velharias, vendia livros a 1€ cada. Peguei em dois: o fogo e as cinzas e o homem que era 5º feira. Remexi na carteira, para pagar - só tinha 1€ em moedas, teria de de pagar com uma nota de 10€.

- não tenho troco, menina. paga para o mês que vem.

Recusei por saber que nunca mais me lembraria. Ofereci-me para deixar um livro e procurá-lo de novo noutra altura. Talvez no mês que vem.

- fazemos assim: leva os dois por um euro.

Por um euro, trouxe dois livros e um sorriso: um livro de um euro pode não parecer grande coisa mas, se a intenção não fosse vendê-los a troco de dinheiro, o homem certamente os distribuiria por aí. E ainda há boas pessoas.

três meses e três idas ao tapete depois


Eu tento, mas não consigo escrever.

quinta-feira, 16 de junho de 2016

apontamentos

Como não tenho mais nada de interessante a dizer, venho só registar publicamente a minha confusão mental de cada vez que vejo o anúncio do protetor solar da nívea. O novo protect & bronze.

O novo protetor solar que eu uso há uns cinco anos, estão a ver? Novo.

quarta-feira, 15 de junho de 2016

uma cagada em três atos

Uma pessoa tenta domar as paranóias e habituar-se à ideia de que não faz mal tentar falar com pessoas; faz filmes, faz birra, mas ganha coragem para fazer um pedido de amizade. Faz mais filmes - mimimi, vai lembrar-se de mim e nem vai aceitar, vai pensar que me estou a fazer a ele, vai achar-me ridícula. Ele aceita: boa, boa! Mas não lhe digo nada porque ele vai lembrar-se da minha diarreia mental do bar, porque vai pensar que vou para o facebook engatar gajos, porque me vai achar ridícula. Tomo balanço e falo com ele: é simpático, que é. Bastante simpático mesmo; depois a conversa morre, mas já estava condenada à nascença. Deixa de responder. Ok.

No dia a seguir, um pedido de amizade: um amigo dele. Um amigo dele com pouquíssimos amigos adicionados e que, por isso mesmo, deduz-se que não adicione qualquer pessoa. Entenda-se: eu não comento, não meto gosto, e passaram-se alguns dias entre o momento em que o adicionei e aquele em que falei com ele. Isso implica que o mocinho tenha falado de mim ao outro. 

Regressam as paranóias: pensa que sou uma engatatona, pensa que sou uma chata, pensa que sou ridícula. Sei lá. Isto de socializar não é para mim.

terça-feira, 14 de junho de 2016

sobre as minhas desgraças sociais

É como tentar romper a multidão para chegar à frente. Como ser uma gota no oceano e, mesmo assim, criar a ilusão de que se é uma gota imprescindível. Como acreditar, ainda que pareça impossível, que há uma maneira de mostrar ao mundo alguém invisível. É como tentar acrescentar algo de novo a alguém, quando nem para nós mesmos somos suficientes. 

É como quando, por cinco minutos, achas que alguém vai realmente olhar para ti - e depois desistes. Depois, arrumas-te outra vez na caixa das coisas inúteis e deixas-te estar lá, sossegada, em silêncio. É esse o teu lugar, é esse o teu papel. 
Já devias ter aprendido.

aos instrutores de condução

A dada altura, vão dizer aos vossos alunos que, apesar de têm de circular a uma velocidade moderada, sem causar embaraço desnecessário ao trânsito, não vão?

Então, por favor, POR FAVOR!, metam-no em prática nas aulas de condução. Não metam as criaturas a andar a menos de 20km/h no meio de uma cidade, sem que haja necessidade disso. Os meus nervos não se aguentam.

segunda-feira, 13 de junho de 2016

a pior reprografia do mundo

Uma pessoa vai só para imprimir uma, UMA, puta de uma página, paga 40 cêntimos porque é a cores, e ainda fica tanto tempo à espera do troco que já quase sai de lá com a folha amarelecida.

Gente lenta aguça as minhas tendências homicidas.

domingo, 12 de junho de 2016

the lady in the van

A pessoa não se desliga da ideia de que aquela é a versão sem abrigo da professora mcgonagall, e o filme fica meio sem jeito. Assim em jeito de desilusão.

sábado, 11 de junho de 2016

felicidade também é

Ao fim de um mês e meio a viver sem vesícula, achei que estava na hora de deixar de me armar em conas e enfrentar a maior das minhas fobias: a balança. A puta da balança.

Já lá vão quase dez quilos - e o quase, note-se, deve-se ao facto de eu nem saber ao certo qual seria o meu peso à data da cirurgia, uma vez que, nas semanas antes, me dediquei a comer tudo o que me seria restrigido depois. Mas é isso mesmo: entre oito a dez quilos. 

Isto não vos interessa para rigorosamente nada mas é, possivelmente, a coisa mais feliz que esta lontra obesa teve para comunicar ao mundo nos últimos meses.


Quando me livrar dos restantes 300kg que tenho para doar, o ryan gosling pede-me em casamento.

felicidade é

Depois de ter estado três meses fora do ginásio, voltei esta semana: três treinos e quase 40 km de bicicleta depois, a única coisa que me dói é o cu, graças ao filho da puta do selim.

quarta-feira, 8 de junho de 2016

agora a sério

Carros com ar condicionado foram uma invenção de deus, não foram?

esta coisa das malas

Quero deixar aqui, publicamente, um beijinho grande a todas as gajas que conseguem encontrar exatamente o que querem, à primeira, dentro da mala. 

Admiro-vos e invejo-vos: sabe deus quantas vezes eu já me senti à beira de um ataque cardíaco por não encontrar a chave do carro, o telemóvel ou a carteira: por mais que uma gaja seja pouco gaja, há sempre mais qualquer merda inútil para enfiar na mala. Sempre! Além do indispensável, uma gaja ainda atira para lá uma carrada de lenços de papel, um pacote de toalhitas, desodorizante, uma escova, perfume, toda aquela parafernália inerente ao gajedo - pensos, tampões, um unicórnio -, sacos para as compras, um casaquinho para se estiver frio, a dentadura que pertenceu ao tetra-tetra-avô, um alguidar, um aquário e um carro de mão.

Quando o telemóvel toca é um desespero; em primeiro lugar, uma pessoa até tem medo de enfiar a mão dentro da mala e acabar maneta, porque nem deus sabe o que para lá se esconde. Em segundo lugar, o mais provável é acabarmos a expor tudo - tu-do - o que carregamos connosco, porque a puta da mala gosta de brincar às escondidas.

E é por isso - gajas que sabem mesmo das vossas coisas! - que eu vos admiro tanto. E invejo, também.

2016

E ainda há gente a dizer que adora pipino.

um beijinho à minha autoestima desaparecida

O meu eu sexy, fashion e confiante faleceu ainda no útero: fui comprar uns calções e, por causa das coisas, decidi experimentar o 48 porque, já se sabe, a pessoa é gorda, obesa que nem duas baleias juntas, e precisa de roupa de gorda.

Serviram-me. Mas serviam a mais oito iguais a mim e, com jeitinho, ainda dava espaço para albergar uma família inteira de oito pessoas e quatro porcos.
Experimentei o número abaixo. E continuei a experimentar os números todos até descobrir aquele que, de facto, me servia sem parecer que, eventualmente, poderia querer usar os calções como um armazém.

E que número eram? 40. Sim: fui do 48 até ao 40 porque nem deus sabe onde mora a minha autoestima.

terça-feira, 7 de junho de 2016

r,

Hoje queria falar contigo. Queria voltar atrás na minha palavra, confessar-te que só te pedi para nos afastarmos para que não me deixasses ir. Para que me fizesses sentir especial, importante. Para pertencer a algum lugar. Consegues imaginar um cenário mais deprimente?

Hoje queria falar contigo porque é o mesmo que eu quero todos os dias: sinto-me um país em guerra, constantemente a ser bombardeado, sem pausas, sem descansos. Sem uma paragem para respirar: três meses e três idas ao tapete seguidas, sem contar com todas as vezes que tens sido tu a atirar-me para lá. E, mesmo assim, queria que fosses tu a ir-me buscar. Queria que me amparasses num momento em que me sinto a cair de joelhos no chão - e enquanto temo que o chão não esteja lá e que eu caia infinitamente. Queria que me desses a mão: não foi isso que te pedi este tempo todo?

Hoje não me apetece chorar sozinha outra vez. Apetecia-me dizer-te porquê, apetecia-me explicar-te porque é que nunca me senti tão vazia: queria explicar-te que a minha vida está do avesso, que nada bate certo e que eu me sinto a sufocar. Que as lágrimas que me assaltam diariamente não estão a conseguir extravazar todo o sofrimento e que precisava, mais do que nunca, de um colo onde pudesse gritar até não me restarem forças. Queria que fosse o teu, queria que não me tivesses desiludido.

Gostava que tivesses entendido a tempo que o meu apelo à sinceridade bruta é verdadeiro. Que percebesses que é mais fácil de lidar com uma verdade difícil do que com uma dúvida constante. Queria que entendesses que os últimos meses têm sido os piores que já vivi e que precisava de ti do meu lado, tal como eu tentei estar sempre. Queria que não tivesses sido mais um a fazer-me duvidar de mim mesma.

Eu sei que não te lembras: falta menos de um mês para o meu aniversário e já me dói imaginar esse dia. Já me dói imaginar por conhecer de cor a sensação de vazio, de inutilidade, de ser tão imprestável no mundo que não vou ter com quem comemorá-lo. Queria que soubesses como isso me dói e que entendesses o porquê de eu precisar tanto da verdade; que me ouvisses, que entendesses metade do que já passei, quantas pessoas já me magoaram. Foi gente igual a ti que me transformou exatamente naquilo que odeias em mim: sou insegura, sou desconfiada. Doentia, talvez - não sei lidar com mentiras porque nunca soube ser de outra forma senão transparente. Nunca soube não me mostrar por completo a quem confio e, talvez por isso, nunca soube esperar menos dos outros do que a reciprocidade da minha transparência.

Queria que reparasses no quanto me esforcei sempre por ser o melhor que podia para ti - não tanto para retribuires o esforço, mas para entenderes que fui sempre o melhor que conseguia contigo, ou com qualquer outra pessoa a quem chamei amigo, e que é por isso que não entendo a necessidade de me mentires, tal como tantas outras pessoas antes. A necessidade de inventares desculpas quando, no fundo, é tão simples quanto assumires que não queres falar comigo. E a verdade. Nunca te exigi mais do que isso.

Hoje queria falar contigo porque estou a sofrer há demasiado tempo. Porque vivi sempre com a sombra de saber que não era normal e, nos últimos meses, essa sombra se transformou numa penumbra de que não consigo escapar: ganhei traumas, ganhei medos, perdi pessoas - umas porque a vida as levou, outra porque a morte a consumiu. Hoje queria falar contigo porque me sinto vazia, porque há dias, como o de hoje, em que sou assaltada pela ideia mais triste que alguém pode ter: se eu tivesse morrido naquele dia, ninguém teria dado por isso. Ninguém teria sentido a minha falta, porque a verdade é que eu não faço falta nenhuma. Nem mesmo a ti.

Hoje queria falar contigo: queria que soubesses que te pedi ajuda na mesma altura em que perdi a alegria que sempre foi o meu cartão de visita, e tu nunca me ouviste. Queria tentar uma última vez: queria que me oferecesses a paz de te arrumar, sem dúvidas, sem dramas, sem perguntas. Queria que respeitasses o quanto eu sempre gostei de ti.

E isto? É pedir muito?

segunda-feira, 6 de junho de 2016

programa de festas

Depois de mais de dois meses e meio sem mexer o cu, o plano para esta semana é cumprir os três dias de ginásio semanais e ainda sobreviver a um passeio de bicicleta de, mais coisa menos coisa, 40km.

Repito: depois de mais de dois meses e meio sem mexer o cu. Cu esse que, depois de 40km de bicicleta, nunca mais me há de perdoar.

domingo, 5 de junho de 2016

portuguesismos

Entre a recuperação do acidente e a recuperação da cirurgia e dos últimos acontecimentos, já lá vão mais de dois meses e meio desde que esta lontra obesa meteu o cu no ginásio. Dois meses e meio que poderiam, perfeitamente, ter sido aproveitados para coser duas das leggins que uso no ginásio - mas é óbvio que não aconteceu.

Se é amanhã que eu volto, então é hoje, a esta hora, já com sono e com a consciência pesada graças ao pouco estudo para o teste de amanhã, que decido coser as leggins descosidas.

ter fé é isto

Véspera de um teste fodido, com matéria gira mas, ainda assim, fodida, e a pessoa pinta as unhas, rebola, prepara o grande regresso ao ginásio do dia seguinte, rebola, procura vídeos engraçados, capazes de ilustrar os sentimentos pós-teste fodido, fodidíssimo, para o qual a pessoa não estudou.

sábado, 4 de junho de 2016

sobre o cansaço

Acordei com o despertador do telemóvel; desliguei-o e atendi.

Demorou vários "sim... sim... SIIIIIM?" até eu me aperceber do que estava a fazer. É que ninguém falava, porra.

sexta-feira, 3 de junho de 2016

possivelmente a coisa mais triste que já tive de escrever

Be careful with what you wish for, já dizia o outro. E eu senti-o na pele de uma forma muito cruel, numa dessas vezes em que a puta da vida me levou ao tapete.

Há meses que andava ansiosa pela fugidinha ali ao país onde abandonei o meu coração há uns anos. Meses. Ia estar com uma parte da família que amo mesmo, num país pelo qual sou apaixonada. Ia vê-la: aquela que sempre foi a minha terceira avó, a alguém que aprendi a amar antes de saber falar. Alguém a quem o cancro se lembrou de atacar, e fazer-me andar com o coração apertadinho durante meses, semanas. Dias.

Fiz a contagem decrescente. A minha ansiedade era tanta que eu não conseguia evitar escrever sobre isso; nos dias maus, chorava com medo de não a voltar a ver. Nos dias bons, fazia planos. E, quando chegou ao dia da viagem, eu estava feliz: ela tinha aguentado. Eu ia vê-la; a minha tia, a minha terceira avó. Uma das minhas pessoas preferidas.

Parece um final feliz, não?
Mas a vida não gosta de me oferecer dessas coisas; o dia que eu ansiei durante tanto tempo, para o qual andava a contar as horas e os minutos, acabou por se revelar num dos dias mais tristes da minha existência.

Depois de tanto tempo, foi por um triz.
O cabrão do cancro levou a melhor e ela morreu pouco antes de eu sair de casa, para a dita fugidinha até frança, para o dito dia que eu tanto queria. A vida, a puta da vida, pregou-me mais uma rasteira e não me deixou despedir dela por uma unha negra.

Explicar-vos o que sinto é como tentar explicar o sabor da água; a dor da perda associada à frustração do quase ainda não me deixam passar um dia sem sentir as lágrimas a picar-me nos olhos e sem dar por mim a amaldiçoar a sorte que não tenho. Mas, como alguém me disse: ela está viva no teu coração. E estará sempre - enquanto eu viver, ela será eterna também.