Quando eu cheguei, eles já lá estavam. Ela, sentada na cadeira. Ele, de pé ao lado dela. Um casal jovem, só não arrisco uma idade porque não sou boa nisso, mas não diria que tinham mais de 30 anos.
Ela estava doente, com a cabeça encostada à perna dele e os braços a rodeá-lo. Parecia uma miúda pequena, apesar de ser exageradamente alta. Confesso que invejei um bocadinho. Mesmo dizendo que não, mesmo mostrando indiferença e descrença nos sentimentos, há dias em que eu também queria ser a menina de alguém. Paciência, não se pode ter tudo. Mas, voltando àqueles dois, eu não conseguia parar de os observar. O olhar de preocupação dele, o carinho com que a tratava, a insistência em ficar de pé porque, para se sentar, haveria alguém entre eles e ele não poderia segurar-lhe a mão, chamaram-me à atenção.
Não sei se o amor existe, não sei se eles se amam ou não, ou só se têm um ao outro para as horas vagas. Desculpem-me a desconfiança, mas nunca se sabe. Nunca se sabe se o toque insistente do telemóvel dele, não seria outra. Nunca se sabe se a forma como ele a olhava não seria o sentimento de culpa a falar mais alto. Eu sei lá. Dei por mim a imaginar toda uma vida paralela ao carinho óbvio que tinham um pelo outro, e isso chateou-me. Não queria pensar assim, juro que não.
Depois, ele baixou-se. As cabeças deles ficaram quase ao mesmo nível e eles olhavam-se nos olhos. Consegui distinguir-lhe nos lábios a formação da palavra amo-te. Amo-te muito, respondeu-lhe ele. Hoje, só hoje, vou acreditar que sim. Acreditemos que se amam, acreditemos que o amor existe e que é algo bom.
agendado
2 comentários:
Andas muito pessimista :P claro que o amor existe! ;)
A febre está a fazer-te bem. ahahah
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