a vida difícil de um macho latino

Verdade seja dita, eu não sou propriamente um bom exemplar feminino, e não ligo nada a modas e cenas, mas até gosto de saltos altos. Menos os peep toes, porque essa ideia de ficar só ali com o dedinho à mostra, a apanhar ar, enquanto os outros são estrangulados, não me convence. De qualquer forma, o que eu gosto mesmo é de andar descalça, mas não me parece que seja boa ideia ir a todo o lado assim.

Como eu estava a dizer, eu gosto de saltos altos. Sério. Ficam bonitinhos e tal, mas além de eu ficar ainda mais alta do que aquilo que já sou e odiar isso, nunca me parecem confortáveis para usar seja onde for.

Para sair à noite, podia mesmo ficar bem. Mas não é uma boa ideia. A única vez que saí com saltos à noite, foi no meu baile de finalistas e a meio da noite já andava descalça. Primeiro, porque tinha os pés todos fodidos, e segundo porque já estava difícil equilibrar-me descalça, quanto mais em cima de 10cm de salto. 

Para sair durante o dia, também nunca me cheira. E porquê? Porque à parte de umas sandálias com salto cunha, não tenho sapatos com salto todo o terreno, que não me façam ter a sensação de que me vou estatelar a cada passo. E depois porque eu sou gigante e só me dou com anões. Pronto, sem exageros, mas já sou suficientemente alta no rés do chão, para ainda me meter em aventuras e quase ter de ligar às criaturas para elas me conseguirem ouvir lá em baixo. 

Portanto, só me sobram casamentos e batizados, o que significa que tenho oportunidade de usar saltos uma vez em cada 20 anos, e é com muita sorte. Como se pode notar, não é falta de vontade que me faz ser um macho latino. É por força das circunstâncias, meus caros, que eu não me transformo numa alfreda ernesta.