quinta-feira, 3 de outubro de 2013

sem título

Em 18 anos, não me lembro de ter gostado de mim um único dia. Não me lembro de ter olhado para o meu reflexo e ter gostado do que via. Há sempre algo a apontar - mais um erro, mais um defeito. Mais um ponto sobre mim que eu posso odiar à vontade.

Nos intervalos, vou fingindo que odeio os outros. Vou fazendo de conta que me sinto realmente superior a todos aqueles que julgo. E isto é um defeito - reconheço-o. Só mais um para juntar aos outros. Talvez nem seja por mal; talvez seja o instinto de sobrevivência a falar mais alto. A necessidade de acreditar que há alguém de que eu goste menos do que de mim mesma. O grande problema, é que no fundo eu sei que não há.

Estou cansada disto. Estou cansada de tudo. Dava tudo para, por um dia que fosse, as pessoas conseguirem compreender o que é estar no meu lugar e pararem de se rir de algo que eu não tenho culpa. Acreditem ou não - eu dava a minha vida atual se soubesse que podia renascer diferente. Normal, desta vez. E também estou cansada de não conseguir ver alguém a olhar para mim sem achar que me vão gozar a seguir. Estou farta de tudo, e ninguém consegue compreender porquê. 

Não quero morrer, quero parar de viver por uns tempos. Quero não precisar de me sentir mal por me ser sempre a mais fraca, a mais feia, a mais desinteressante. Quero, sei lá, conseguir ser feliz por um dia que fosse, porque na maior parte do tempo me sinto desmotivada para continuar com a minha própria vida. E é aí que reparo no que tenho feito a mim mesma ao longo de todos estes anos. Tenho-me torturado de propósito, para mostrar a mim mesma que os outros têm razão. Que eu sou mesmo esse monte de merda que eles vêem, que eu não valho nada. Tem resultado. Já não sei acreditar noutra coisa, e isso está a matar-me.

3 comentários:

Miguel disse...

if - pink floyd

go ahead, é bom para isso xD

Jô. disse...

Mas tens de acreditar porque és MUITO mais do que aquilo que vês. Como as borboletas, remember?
Beijinho*

Anaa disse...

Eu percebo porque nos últimos 18 meses tenho-me sentido mais ou menos assim. Não por não gostar de mim própria ou por ter tido um desgosto de amor, mas por outras razões completamente diferentes que me fizeram/fazem sentir desmotivada, deprimida e completamente farta. Quanto a isso não te posso ajudar, pq se soubesse resolver já me tinha ajudado a mim.

Mas sei duas coisas: a primeira é que muito raramente os outros têm razão quando dizer que somos uma merda. Das duas uma, ou estamos a ser uma merda de propósito para fazer com que os outros não gostem de nós, ou quem disse que somos uma merda não nos conhece o suficiente para dizer tal coisa. A sério, do pouco que conheço da vida e das pessoas digo-te que, mesmo não te conhecendo pessoalmente, é pouco provável que sejas uma merda. Mesmo muito pouco.
Segundo, és absolutamente genial. A sério, tens imenso talento para escrever, tens muita piada e vês a vida de uma forma muito original. Dificilmente, mas mesmo muito dificilmente serás "a menos interessante". Ninguém me paga para dizer isto e a minha opinião não conta muito nem te resolve os problemas, mas pelo menos sabes que nem toda a gente de odeia tanto com tu te odeias ;)