Hoje amo-te para sempre - não é que ache realmente que te amo nem tão pouco passei a acreditar na eternidade dos sentimentos, mas, hoje, o que sinto por ti é demasiado bom para não ser amor e demasiado forte para durar menos do que uma vida inteira. E, mesmo assim, ainda havíamos de desafiar a morte para nos deixar amarmo-nos mais um bocadinho. Mas isto é hoje, e amanhã eu não sei.
Só te amo porque não te posso amar - toda a minha vida fui contra o amor criado em cima do joelho num papel amachucado. Sempre achei que valia mais escrevê-lo num daqueles cadernos pautados, com duas linhas até, quando tivésse tempo para desenhar a letra bonita quando escrevesse o teu nome; mas o amor assim não existe e eu não acredito nele de outra forma, e então amo-te à pressa nessa mixórdia mal amanhada que é o que eu sinto por ti. Só te amo porque não te amo. E porque não sei o que é o amor.
Disse-te há dias que há muito tempo que queria conhecer alguém como tu - não te menti. Andava à tua procura antes mesmo de saber que existias; queria alguém como tu, que não me fizesse sentir vazia pela forma como olha para mim, que não gostasse de mim só porque sim, só porque às vezes sou simpática e cheiro bem. Queria, disse-o muitas vezes, que olhassem para mim pelos motivos certos, que valorizassem o pouco valor que encontro em mim mesma. Queria deixar alguém entorpecido pelo que sou e não pelo que pareço. E então, encontrei-te.
Há muito tempo que queria conhecer alguém como tu - que compreendesse que eu sou realmente complicada e que tento fugir muitas vezes mas que não desistisse de me tentar agarrar. Que fosse capaz de gostar de mim mesmo nos dias em que eu não mereço, mesmo quando eu não valho nada, mesmo quando eu me perco. Que visse além do que se vê e que compreendesse o que eu calo. Eu ter-me-ia ido embora se em algum momento tivesse realmente querido ir - mas fui ficando porque me fizeste ficar. Tanto por aquilo que eras comigo, como por tudo o resto que eu conseguia ser contigo.
Há muito tempo que queria conhecer alguém como tu, nunca é demais dizê-lo. Transformaste a minha vida num caos calmo, num desses pequenos infernos onde queremos viver para sempre; sabes-me tão bem e tão mal ao mesmo tempo que eu nem sei o que fazer contigo e com o que somos porque, não podendo ser nada, somos tudo. Somos tudo o que de melhor tenho. Somos essa junção utópica do certo e do errado, e impossíveis, tão impossíveis que não consigo desistir de nós. Quero acreditar que temos alternativa, que não tem de ser assim. Mas tem. Querendo ou não, tudo acaba um dia - e amanhã eu não sei mas hoje, meu amor, hoje eu amo-te para sempre.
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