Eu podia não dizer nada, podia fazer de conta de que estou distraída e não me lembrei disto o dia todo, mas não sei fingir - sou mesmo estupidamente boa com datas e os pormenores raramente me falham. Sentia que me faltava alguma coisa por não ter assinalado isto.
Faz hoje oito meses; também era sexta feira treze, noite de luar. Saí nessa noite; entenda-se, estávamos naquela época chata em que não fazemos mais nada senão pensar nos exames, desesperar pelos exames, deprimir com os exames, e a precisar urgentemente de alguma coisa que nos acalentasse o espírito. Então, saímos nessa noite para esquecer, para dançar até de manhã, para beber. Era sexta feira treze, repito, e eu tinha essa estranha sensação de que aconteceria alguma coisa de extraordinário porque o treze é o meu número. E aconteceu.
No meio de tanta gente, numa festa ao ar livre, reencontrei alguém que nunca pensei que voltaria a ver e que nunca achei que pudesse vir a significar tanto para mim. Mas foi nessa noite, faz hoje oito meses, que tudo começou.Não acabámos bem; ele desiludiu-me, magoou-me e, para vos ser franca, até a ideia de ser altamente provável eu encontrá-lo amanhã me deixa zonza, mas ensinou-me imensas coisas. Tal como disse: o ano passado foi um ano do caralho em que tudo me aconteceu, em que fui um milhão de vezes ao tapete, mas não deixou de ser um dos melhores da minha vida. E, de alguma forma, ele contribuiu para as duas coisas, mas agora só lhe tenho a agradecer, apesar de tudo. Ele fez-me perceber de que havia vida muito além dos limites que eu tinha imposto a mim mesma, durante anos. Fez-me entender que nem toda a gente olhava para mim da mesma forma que eu - independentemente de tudo o que se seguiu, dos que vieram depois, ele foi o primeiro. Deixou-me mais solta, mais livre, do que nunca e, sobretudo, antes de todos os estragos, fez-me bem. Perdoa-se o mal que faz pelo bem que sabe, não é?
Faz hoje oito meses, era sexta feira treze, noite de luar, e a minha vida mudou.
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