Há quem ache que o amo-te suporta algum tipo de soberania, que fica no topo da pirâmide das palavras que abrem as portas da nossa alma. Acho um exagero - ou, pelo menos, acho que este lugar tem de ser partilhado com uma das expressões que, a meu ver, mais peso têm: eu confio em ti.
Dizermos que confiamos em alguém é darmos-lhe oportunidade de nos mentir; é dizermos-lhe, por outras palavras, que vamos estar lá e acreditar no que quer que seja, mesmo contra todas as adversidades. Mesmo que soe a absurdo.
É mais ou menos por isso que prefiro essa admiração anónima dos que sentem tudo sem se revelarem; prefiro ser esse amparo silencioso do que me chegar à frente e permitir que façam de mim o que quiserem. Mas, como todos os outros, às vezes também eu falo sem medir o peso do que digo, sem pensar - disse-o. Entreguei a minha confiança de mão beijada, e permiti que a levassem onde quisessem. Agora desiludo-me um bocadinho mais, todos os dias. Qual é a necessidade de mentir?
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