Não gosto de despedidas. Nunca gostei. Por mim, virávamos todos as costas uns aos outros e atirávamos um até um dia por cima do ombro, como se não doesse a perda que cada partida implica, como se esta fosse uma forma de marcar um próximo encontro, sem dia marcado, pelo simples facto de nunca termos dito realmente adeus.
Não gosto de despedidas porque sou portuguesíssima - estou sempre a morrer de saudades de algo ou de alguém e choro-as antes de as sentir. Ou sinto-as antes de as concretizar - ainda nem a pessoa se foi embora e já eu estou a pedir que volte. E amanhã vai ser difícil.
Achei que este seria o meu ano do desprendimento, o meu ano do ódio. O ano em que daria graças a deus pela chegada das férias - sejamos sinceros: em parte, foi. Mas, ao contrário do que pensei ao início, nem tudo foi mau. Aliás, houve coisas muito boas, demasiado boas, que agora me doem só de pensar em perdê-las - conheci alguém incrível que continuaria a recordar como o gajo que olhava com cara de cu se, por mero acaso, não tivesse começado a aproximar-se. Se, como que por ironia, ele não se tivesse tornado tão importante para mim.
Custa-me pensar em perder tudo isto - dê por onde der, nunca mais nada vai ser igual ao que foi. E eu vou sentir tanto, mas tanto, a falta dele, que por mim parava o tempo agora, só para me manter na ilusão de que ainda tínhamos tempo. Eu gosto dele - gosto mesmo. Talvez nunca o tenha sabido demonstrar, talvez não o pudesse provar, mas gosto - e é sempre triste perder algo assim. Mais ainda quando a insegurança se instala e quando tudo parece conspirar contra - tenho medo que ele se esqueça de mim. Tenho medo que nem se queira lembrar.
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