segunda-feira, 29 de setembro de 2014

e isto ainda não é nada ao lado do que será depois

Estava a ficar tão desesperada para ocupar os dias que comecei a temer pela minha sanidade mental e já só imaginava o dia em que acabava a fritar o meu próprio rim, só para me divertir.

Consegui, como já disse - agora, durante seis dias por semana, pertenço a outras terras, sou de outras pessoas, faço coisas pela vida. E, aquela que julguei ser a melhor parte, isso implica uma ida e vinda de comboio todos os dias, o que, a avaliar pelos textos deprimentes cujo cenário que lhes serve de palco é exatamente um comboio, já deve ter dado para perceber que eu adoro.

O que eu não pensei é que ele acabaria, inevitavelmente, cheio de pessoas que vão para onde eu queria ir - acho que, apesar de tudo, só hoje me deixei abater realmente por estar, mais uma vez, impedida de ir para a faculdade. Só hoje me apercebi de que estou mesmo triste por ainda não ter sido desta e que de pouco adianta fingir para mim mesma que estou feliz com a forma que arranjei para não pensar em nada.

Durante meia hora, estive rodeada de estudantes cujas conversas rondam à volta das praxes, dos professores, do dinheiro que se gasta e da latada que aí vem, e acho que só sobrevivi a outra viagem porque, quando estava a voltar para casa, sentei-me ao pé de uma velha barbuda e afundei-me num livro. Mas não consigo parar de pensar nisto. Acabei por aperceber-me de que, e apesar de isto ser quase considerado um crime para alguém da minha idade e que vive perto de coimbra, nunca meti os pés na latada e também ainda não vai ser este ano porque me estou a meter em tantas coisas ao mesmo tempo que me cheira que a pouca vida social que ainda tinha está à beira da morte e saídas só em tempo de férias e, ocasionalmente, em folgas. Isto assusta-me pra caralho porque sinto que é uma ilusão, que, de tanto me tentar manter distraída e seguir em frente, vou estagnar a minha vida e acabar por enlouquecer na mesma quando me aperceber de que todos os outros continuaram, menos eu. E tenho medo de perder os poucos que ainda tenho comigo, mas pareceu-me que me estava a perder a mim mesma e agora já não tenho a certeza de nada. Devia ter pensado nisto antes. Agora acho que mal me vai restar tempo para respirar. Pelo menos, até que eu tome uma decisão.

(e sim, eu sei que vocês não perceberam um caralho e que estou a fazer um mistério enorme à volta do que realmente se está a passar comigo mas paciência. é esta a desvantagem de não se ter um blog anónimo e haver imensa gente que me conhece a ler; se queremos falar sem deixar que os outros fiquem a saber tanto quanto nós porque, até agora, são pouquíssimos aqueles a quem contei, só nos resta expressarmo-nos por meias palavras. btw, não, não virei stripper nem prostituta.)

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