A prova de que os deuses se uniram contra mim é que, ultimamente, me lixam sempre. Ou saio de calças e está um calor infernal, ou saio com roupa fresca e acabo enregelada até aos ossos.
Hoje decidi ir de vestido e de sandálias e um um casaco fino - estava eu sentada à beira da praia, há mais de uma hora num estado de deprimência sem precedentes, a chorar baba e ranho sem um motivo em concreto - ou, mais uma vez, com mil motivos mas todos eles fora do tempo -, quando começou a chover. Primeiro, meia dúzia de gotas perdidas. Depois, um dilúvio. E lá estava a patrícia, de novo em marcha em direção a algo indeterminado, ainda de lágrimas nos olhos e a tomar o banho público de forma involuntária, mas demasiado estúpida para se meter a correr em direção a um abrigo que, só por acaso, ficava longe.
E foi assim que eu acabei a protagonizar uma cena que podia ser de um desses filmes lamechas em que tudo corre mal e uma pessoa fica ali a amaldiçoar a vida, avançando pela avenida com ar de prostituta drogada e infeliz, debaixo de uma chuva intensa, mas na maior das calmas como quem diz gosto mesmo disto e o meu maior sonho é apanhar uma pneumonia. Sinceramente, só me apercebi do que estava a fazer quando vi um carro abrandar ao meu lado e, lá dentro, um polícia a observar-me com todo o ar de quem se disponibiliza para me arranjar um bom psiquiatra.
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